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21 de novembro de 2024

Eletrificação da frota de veículos já é uma realidade no Brasil

Placa verde com ícone de carro com tomada elétrica afixada em parede vermelha indica estacionamento de veículos elétricos

Veículos elétricos estão cada vez mais presentes no cotidiano dos grandes centros urbanos brasileiros. Foto: Divulgação/Freepik.

A eletrificação da frota de veículos já é uma realidade no Brasil. Mesmo que ainda não seja tangível a todos os consumidores, é nítida a maior presença de veículos 100% elétricos (BEV) e híbridos plug-in (PHEV) nas ruas dos grandes centros urbanos do país.

Embora os números da participação dos elétricos no mercado geral de veículos ainda sejam considerados pequenos, o crescimento nas vendas é notório e constante. De acordo com os dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), no primeiro trimestre de 2024, as vendas de veículos eletrificados — que correspondem a todas as tecnologias de eletrificação (BEV + PHEV + HEV + MHEV) — chegaram a 36.090 unidades (7,4% de market share), um aumento de 145% sobre o mesmo período do ano anterior (14.786 unidades). 

O primeiro trimestre de 2024 também consolidou a liderança dos veículos leves elétricos plug-in (BEV+PHEV) no mercado brasileiro, com 24.766 emplacamentos, ou 68% dos 36.090 eletrificados comercializados no período. Isso significa 5,1% de participação sobre as vendas domésticas totais de automóveis e comerciais leves no período (483.303 unidades, segundo a Fenabrave, Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

A ABVE credita o bom desempenho nas vendas a uma série de fatores, incluindo incentivos do Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Programa Mover), do governo federal, que tem o objetivo de apoiar o desenvolvimento tecnológico da indústria automobilística brasileira, a maior oferta de veículos, os investimentos na infraestrutura de recarga e a forte campanha de marketing e divulgação em massa das montadoras, incluindo longas exposições em programas de TV de grande audiência. 

Os números crescentes de participação de mercado reforçam a previsão da ABVE de que os eletrificados poderão atingir 10% das vendas totais do setor ainda neste ano.

 

Diversidade de modelos

De acordo com o último levantamento do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), do Inmetro, Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, de 22 de março de 2024, o Brasil possui um total de 1.069 modelos de veículos de todos os tipos de propulsão homologados, sendo 302 com algum tipo de eletrificação. Veja abaixo.

Modelos por tipo de propulsão:

Veículos elétricos (BEV) = 99 modelos

Híbridos Plug-in (PHEV) = 71 modelos

Híbridos (HEV + MHEV) = 132 modelos

ICE Flex (Etanol/Gasolina) = 294 modelos

ICE Gasolina = 303 modelos

ICE Diesel = 170 modelos

Fonte: Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), do Inmetro/Março de 2024. 

 

No acumulado do primeiro trimestre de 2024, as cinco montadoras que mais emplacaram veículos eletrificados, de acordo com a ABVE, foram: BYD (14.939 unidades), GWM (5.735), Toyota (5.049), Caoa Chery (2.127) e Volvo (1.606).

Os carros elétricos (BEV) mais emplacados no Brasil no primeiro trimestre de 2024 foram: BYD Dolphin (4.258 unidades), BYD Dolphin Mini (2.494), BYD Seal (1.417), GWM Ora 03 (1.142) e BYD Dolphin Plus (1.076). Dos cinco principais veículos comercializados, apenas o BYD Seal tem o preço superior a R$ 200 mil, mostrando a preferência dos consumidores para veículos com menor custo.

Sobre a localização, o Estado de São Paulo é o que concentra a maior fatia do mercado de veículos eletrificados no primeiro trimestre, com 12.143 unidades emplacadas, ou 33,6% das vendas, seguido pelo Distrito Federal (2.972 unidades, ou 8,23%) e Rio de Janeiro (2.717, ou 7,5%).

 

Infraestrutura de recarga

A evolução no mercado de veículos elétricos e híbridos plug-in no Brasil abre espaço para novas oportunidades de negócios relacionadas à infraestrutura de recarga no país, que são lideradas por empresas privadas. 

Para citar um exemplo, recentemente a gigante chinesa BYD se uniu à Raízen Power, terceira maior empresa do Brasil e licenciada da Shell, para fortalecer o cenário de recarga no país. Em três anos, a parceria deve oferecer 600 novos pontos de recarga rápida em território nacional

Parceira estratégica da Raízen Power no Brasil, a Tupinambá Energia, empresa que desenvolveu o software de gestão de recarga dos eletropostos da marca, colaborou com a ABVE para criar o Indicador Brasileiro de Densidade de Eletropostos. Segundo a empresa, a proporção nacional é de 13 veículos eletrificados por ponto de recarga público, indicativo alinhado às métricas de mercados desenvolvidos e às recomendações da União Europeia.

De acordo com a Tupinambá Energia, havia, até o primeiro trimestre de 2024, 7.758 pontos de carregamento públicos para uma frota de 102.132 veículos elétricos plug-in (BEV e PHEV) em circulação no país. 

Os modelos variam de acordo com a potência e o tipo de plug. Há carregadores de 3,6 kW até 350 kW de potência. O plug mais comum é o do tipo 2 (AC) e CCS2 (DC), mas há ainda unidades de recarga do tipo ChaDeMO, e alguns exemplares do tipo 1, GB/T e Tesla.

Ainda segundo as informações da Tupinambá, são mais de 500 unidades de recarga rápida disponíveis no Brasil.

 

Iniciativa governamental

O Programa Mobilidade Verde e Inovação (Programa Mover), do governo federal, prevê créditos financeiros, que podem chegar a R$ 19 bilhões até 2028, para empresas que se comprometam com a fabricação de veículos de baixa emissão no Brasil, além de investirem em pesquisa e desenvolvimento e na montagem de centros tecnológicos em território nacional. 

Além das empresas de automóveis, as fabricantes de veículos pesados, como ônibus e caminhões, e ainda as indústrias de peças e componentes da cadeia produtiva do transporte de baixa emissão, também podem se beneficiar dos incentivos.

Além disso, o programa propõe um conjunto de medições “do poço à roda”, do “berço ao túmulo” e de “reciclabilidade”, que rastreará o impacto ambiental de todo o processo industrial dos veículos, desde a produção de insumos até o descarte final dos produtos.

Por fim, o programa oferece, aos investidores, uma previsibilidade das regras do governo, favorecendo o ambiente de negócios ao garantir maior segurança no fluxo de investimentos. Com isso, diversas montadoras já anunciaram investimentos no Brasil após o lançamento do Mover. São elas:

Stellantis: R$ 30 bilhões (2025/2030);

General Motors: R$ 17 bilhões (2021/2028);

Volkswagen: R$ 16 bilhões (2022/2028);

Toyota: R$ 11 bilhões (2024/2030);

GWM: R$ 10 bilhões (2023/2032);

BYD: R$ 5,5 bilhões (2024/2030);

Hyundai: R$ 5,45 bilhões (até 2032);

Renault: R$ 5,1 bilhões (2021/2027);

CAOA: R$ 4,5 bilhões (2021/2028);

Nissan: R$ 2,8 bilhões (2023/2025);

BMW: R$ 500 milhões.

 

Crescimento convincente

O mercado de veículos elétricos no Brasil representa uma oportunidade de crescimento da economia, impulsionando um dos maiores segmentos da indústria brasileira: a automotiva. Os consumidores já estão atentos às novas tecnologias, e acompanham avidamente o mercado na busca dessas tecnologias aliadas a preços competitivos.

Embora ainda enfrente desafios, como a expansão da rede de infraestrutura de recarga ou da falta de um plano nacional de eletromobilidade para todas as camadas da população, as perspectivas do mercado de eletromobilidade no país são de crescimento constante nos próximos anos. 

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