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27 de abril de 2024

Como o sistema de ar-condicionado funciona em um veículo elétrico?

Detalhe do painel de um veículo Tesla mostra as configurações do ar-condicionado

Sistema de ar-condicionado pode afetar a autonomia de um veículo elétrico. Foto: Divulgação/Tesla

O sistema de ar-condicionado faz parte da vida do motorista brasileiro. Afinal, em um país tropical, o conforto da cabine é imprescindível. Mas como o uso do aparelho afeta o desempenho de um veículo elétrico? É o que vamos desvendar a seguir.

Diferenças estruturais

Antes de tudo é preciso saber como funciona o ar-condicionado em um carro a combustão comum. O sistema elétrico é de apenas 12 V, por isso, precisa de auxílio do motor para fazer o ar-condicionado funcionar. 

O compressor, responsável por comprimir o gás e fazê-lo circular pelo sistema, está ligado à correia do motor a combustão. Assim, quando está em funcionamento, o aparelho acaba gerando impacto no desempenho e no consumo do combustível, já que parte da energia gerada pelo motor é direcionada para o sistema de refrigeração da cabine. 

Como cada carro tem um projeto diferente, o impacto do uso do ar-condicionado também possui variáveis. Mas, geralmente, o aparelho costuma consumir 7 cv de potência, afetando o desempenho.

Em veículos equipados com motor 1.0 de aspiração natural, essa perda é mais sentida, como explica o engenheiro Ricardo Takahira, vice-coordenador da comissão técnica de veículos elétricos e híbridos da SAE Brasil. “Quando você precisa de potência para fazer uma ultrapassagem, por exemplo, e o ar-condicionado está puxando essa energia do motor para si, a diferença é perceptível. Se desligar o aparelho na hora da ultrapassagem vai ver o desempenho do carro mudar imediatamente”, diz. “Em modelos mais potentes, porém, a perda é menor.”

Nos carros elétricos, o motorista não vai sofrer para fazer uma ultrapassagem com o ar-condicionado ligado, de acordo com o engenheiro. “Isso acontece porque o veículo elétrico tem um torque imediato. Mas o motorista vai sentir a diferença na autonomia do veículo ao final da viagem ou do percurso. O uso constante do aparelho pode representar uma perda de 17% na autonomia anunciada”, afirma o engenheiro, citando um estudo . 

Equipamento ligado na bateria

O sistema de ar-condicionado de um veículo elétrico é ligado diretamente no sistema de baterias do carro, que normalmente tem tensão de 300 V ou 400 V. “Os compressores de veículos elétricos utilizam a energia da bateria tracionária. Se for um carro pequeno, o sistema de refrigeração vai usar menos potência, ao contrário de um carro com motorização grande. Em compensação, cada carro tem um conjunto de baterias e de armazenamento de energia para as diferentes propostas, seja um leve ou um superesportivo. Existe toda uma relação de energia e potência e nessa entra o ar-condicionado”, explica Takahira.

“No carro elétrico você usa um compressor elétrico, mas no fundo você está trocando cavalo (Hp) por quilowatt-hora (kWh). É uma relação que, com o desenvolvimento da indústria automotiva, baixou de 25% para 17% [na perda de autonomia]. A própria eficiência do ar-condicionado nesses carros modernos já é melhor do que nos antigos carros a combustão”, diz.

Aquecimento

Em países com temperaturas mais baixas, como EUA, Canadá e os da Europa, por exemplo, o sistema HVAC (aquecimento, ventilação e ar-condicionado) é mais utilizado para aquecer a cabine do carro. Isso implica em outras perdas energéticas. 

A estimativa é que, usando o sistema HVAC para aquecer o interior do veículo, a autonomia média diminui em 41%. Isso significa que, para cada 100 quilômetros de condução em trechos urbanos e de rodovias combinados, a autonomia seja reduzida para 59 quilômetros. 

Por isso, é importante que o motorista esteja atento aos indicadores do veículo para a recarga e o uso de seus equipamentos de maneira adequada. Um veículo elétrico com autonomia comprometida exigirá carregamento mais frequente, o que aumenta o custo de operação do veículo.

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