Stellantis anunciou investimentos de R$ 30 bilhões até 2030 em tecnologias de descarbonização. Foto: Divulgação/Stellantis.
As empresas do setor automotivo já podem se habilitar para a concessão de créditos financeiros do Programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), do governo federal. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) assinou a primeira portaria do programa, determinando os requisitos para a habilitação das empresas.
Entre outras medidas, o Programa Mover, lançado pelo governo federal em dezembro de 2023, prevê créditos financeiros para as empresas que investirem em pesquisas, desenvolvimento e produção tecnológica que contribuam para a descarbonização da frota de carros, ônibus e caminhões no Brasil.
A primeira portaria, de acordo com o MDIC, “regulamenta os dispêndios mínimos em P&D, os sistemas de acompanhamento dos investimentos e as penalidades em caso de descumprimento das obrigações”.
A portaria foi assinada pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento Geraldo Alckmin, em cerimônia no Palácio do Planalto, em 26 de março de 2024.
“Esse é o pontapé inicial, o primeiro de uma série de atos normativos do MDIC para regulamentar o maior programa de mobilidade já feito no Brasil”, disse Alckmin. “Ele vai contribuir não apenas para a descarbonização, mas também para o aumento da competitividade e da atividade econômica, gerando emprego e renda. Não estamos falando de perspectiva de longo prazo, mas de algo concreto, que já está acontecendo. Basta lembrar os investimentos anunciados pelas montadoras no Brasil desde o lançamento do programa, de mais de R$ 107 bilhões”, completou.
Avanço para a mobilidade elétrica
Presente ao evento de assinatura da portaria, o presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), Ricardo Bastos, destacou a importância do programa para o avanço da eletromobilidade no Brasil.
“O Mover é um avanço nos programas nacionais de apoio ao transporte sustentável e, ao mesmo tempo, representa uma saudável continuidade em relação às políticas automotivas que o antecederam, como o Inovar Auto e o Rota 2030”, falou Bastos.
“Essa regulamentação mostra que existe uma preocupação com a previsibilidade das regras do governo para o setor automotivo, condição fundamental para assegurar um fluxo contínuo e seguro de novos investimentos no país”, afirmou, citando ainda os incentivos brasileiros à eficiência energética e à redução da emissão de poluentes.
“Temos hoje um caminho para o Brasil aproveitar ao máximo os seus melhores recursos. Não só a indústria do biocombustível, mas também as vantagens estratégicas de uma das matrizes de geração elétrica mais sustentáveis do planeta”, completou Bastos.
Incentivo às empresas
O Mover prevê incentivos, que podem chegar a R$ 19 bilhões até 2028, às empresas que se comprometam com a fabricação de veículos de baixa emissão no Brasil, além de investirem em pesquisa e desenvolvimento e na montagem de centros tecnológicos em território nacional. Além das empresas de automóveis, as fabricantes de veículos pesados, como ônibus e caminhões, e ainda as indústrias de peças e componentes da cadeia produtiva do transporte de baixa emissão, também podem se beneficiar dos incentivos.
Além disso, o programa propõe um conjunto de medições “do poço à roda”, do “berço ao túmulo” e de “reciclabilidade”, que rastreará o impacto ambiental de todo o processo industrial dos veículos, desde a produção de insumos até o descarte final dos produtos.
As montadoras que anunciaram investimentos após o lançamento do Mover são:
Stellantis: R$ 30 bilhões (2025/2030);
Volkswagen: R$ 16 bilhões (2022/2028);
Toyota: R$ 11 bilhões (2024/2030);
GWM: R$ 10 bilhões (2023/2032);
General Motors: R$ 17 bilhões (2021/2028);
Hyundai: R$ 5,45 bilhões (até 2032);
Renault: R$ 5,1 bilhões (2021/2027);
CAOA: R$ 4,5 bilhões (2021/2028);
BYD: R$ 5,5 bilhões (2024/2030);
Nissan: R$ 2,8 bilhões (2023/2025);
BMW: R$ 500 milhões.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.