Instalação de estação de recarga para veículos elétricos é oportunidade de negócio. Foto: Envato/Elements.
A falta de uma maior infraestrutura de recarga para carros elétricos no Brasil ainda gera preocupação em possíveis novos consumidores. Apesar disso, o mercado de veículos eletrificados segue em crescimento no país, com números positivos mês a mês, dando mostras de que a mobilidade elétrica veio para ficar.
Assim, investir em carregadores para carros elétricos e híbridos plug-in pode ser uma boa oportunidade de negócio para as empresas que querem participar da revolução da mobilidade.
Para acelerar a transição energética, a Voltbras, empresa de tecnologia de Florianópolis (SC) que fornece soluções para redes de recarga, disponibilizou uma calculadora para o interessado em instalar uma estação de recarga verificar a viabilidade do negócio.
A ferramenta permite a inserção de dados, como o valor do equipamento, da instalação, número de recargas por mês, etc. Depois, a calculadora compara esses dados com diversos indicadores, como valores de referências de custos, manutenção e recarga, além do tempo necessário para o payback, entre outros, para avaliar se a instalação é viável.
“O nosso objetivo com a calculadora é fazer o pessoal entender um pouquinho desses números. Até então, falando de recarga de carros elétricos, ninguém entendia muito bem como se fazia essa conta, o que tem, o que não tem, as variáveis. Então, ali a gente traz uma referência de custos, de valores médios para que o dono do estabelecimento consiga ensaiar essa conta”, afirma Rodolfo Levien, CRO e co-fundador da Voltbras.
Cobrança pela recarga
Com a normativa 1.000, que contempla a resolução 819 de 2018 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), é possível cobrar pela recarga de carros elétricos em estabelecimentos comerciais no Brasil. No entanto, ainda se discute a forma apropriada para a venda da energia, uma vez que ela pode ser tratada como produto ou serviço — cada definição com uma tributação diferente.
Assim, de acordo com a empresa, para que o interessado em investir em uma rede de recargas possa efetivamente fazê-lo, é imprescindível entender qual o seu real custo de operação, principalmente por causa da discussão de temas tributários.
Outro aspecto é avaliar se o local escolhido para a instalação da estação é ideal para lucrar com o negócio. Dependendo do tipo de equipamento disponível para os consumidores, e da sua localização, a recarga pode até ser gratuita, desde que haja conveniência para o cliente. Assim, instalações em shopping centers, restaurantes e áreas de lazer atraem os consumidores para seus estabelecimentos com carregadores gratuitos, enquanto eletropostos em rodovias tendem a cobrar pelas recargas.
“O custo desse valor cobrado pela recarga, essa unidade de tempo pela energia, varia muito conforme o investimento do local. Vamos supor que todos comprem a energia elétrica pelo mesmo preço. Tem carregadores de rodovia que custam centenas de milhares de reais. São R$ 200 mil, R$ 300 mil, R$ 400 mil para aquisição do equipamento e implantação da infraestrutura, e o proprietário desse equipamento não tem como entregar essa recarga, o valor do minuto ou da energia, pelo mesmo valor do carregador de cidade que custou R$ 7 mil, R$ 8 mil, para compor aquele ponto de recarga”, explica Levien.
“Uma regra é clara: quanto mais rápido for a recarga, mais caro fica, porque o equipamento custa muito mais. Mas, para alguns modelos de negócios, o investimento vai fazer sentido” afirma o diretor.
Referência contribui na tomada de decisão
Segundo Levien, a calculadora da Voltbras fornece informações precisas para que o interessado na instalação de uma estação de recarga esteja preparado para tomar a decisão de fazer o investimento.
“A gente percebe como maior dificuldade que os clientes têm quando vêm falar conosco é modelar [o tipo de negócio], pois se eu considero uma recarga por dia é um valor. Se eu considerar duas, será outro valor. É uma diferença pequena, mas uma viabiliza o negócio e outra inviabiliza. É o que a gente tenta trazer para que o mercado consiga se organizar e se dispor a investir, calculando o risco que está correndo.”
Segurança na recarga
Outra vantagem da instalação de um carregador elétrico é a segurança. Diferentemente de postos de combustíveis, que precisam respeitar regras específicas, como distância mínima para tipos de comércios ou residências, entre outras, haja vista a periculosidade da manipulação desses combustíveis, a estação de recarga precisa apenas da rede de energia e atender às normas vigentes para instalações elétricas.
“É um equipamento muito mais seguro, e a energia está disponível em todo lugar. Toda casa, todo estabelecimento tem um ponto de energia. Obviamente a gente tem de se atentar às normas de instalação, porque é um equipamento elétrico que tem um potência relevante, então precisa ter os dispositivos de proteção corretos, a instalação precisa ser bem feita, como tudo, né?”, conta Levien.
Por fim, o dono do estabelecimento precisa avaliar se o público dele tem o perfil para isso. “Hoje [quem tem carro elétrico] é de um perfil A, B. Amanhã vai ser um perfil A, B e C, e depois vai popularizando. Mas, para ele não tomar prejuízo logo de cara, tem que avaliar se tem o público que tem carro elétrico e frequenta o local. Se sim, pode fazer mais sentido.”
Outra dica é dividir os custos com empresas parceiras. “Ela pode fazer o investimento 100% dele, ou às vezes contar com empresas parceiras. Nós temos clientes que são especialistas nisso. O cara quer ter, ele te ajuda a fazer a conta, te ajuda a ver se faz sentido, divide o investimento ou aluga o equipamento pra você não fazer um investimento alto, e à medida que esses carregadores vão crescendo, isso também vai crescendo. E aí a expansão dos carregadores vai ser natural conforme a demanda”, completa Levien.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.