O senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) é o presidente da Frente Parlamentar Mista pela Eletromobilidade. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado.
Presidente da Frente Parlamentar Mista pela Eletromobilidade, recentemente aprovada no Senado, o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) afirmou que se o Brasil não se mexer para criar políticas públicas que favoreçam a transição energética da mobilidade, vai ficar no passado.
“Esse é um assunto [eletromobilidade] que todo mundo que ouve falar pensa que é do futuro, mas que já é algo do presente. Se o Brasil não se mexer, vai ficar no passado”, disse Cunha em entrevista à Rádio Senado, em 13 de julho de 2023.
“Chegou a hora de o Brasil fazer o que o mundo já fez há bastante tempo: não apenas importar, mas sim fabricar carros elétricos”, continuou o senador, enaltecendo a confirmação da fábrica da BYD em Camaçari (BA), no início do mês, e também a presença da GWM em Iracemápolis (SP).
“Já quebramos um paradigma, já que muitas pessoas consideram equivocadamente que a chegada dos carros elétricos, por serem mais modernos, vai tirar empregos das fábricas de automóveis, e não é bem assim. Tem uma outra cadeia que é estimulada com a chegada dessa nova forma de se locomover, e o Brasil está completamente adaptado”, afirmou.
Incentivos políticos
A Frente Parlamentar Mista pela Eletromobilidade foi aprovada no Congresso Nacional e instalada em 5 de julho de 2023. A Frente é formada por 23 senadores e 10 deputados federais com o objetivo de unir forças em busca de medidas de estímulo aos veículos elétricos no Brasil, como, por exemplo, a criação de um plano nacional de eletromobilidade, algo debatido já há alguns anos por especialistas do setor.
De acordo com o senador Rodrigo Cunha, no que depender da Frente, a eletromobilidade será uma realidade no país.
“Nós estamos diante de uma grande janela de oportunidades para o desenvolvimento de novos negócios, desde a atividade produtiva até a geração de empregos qualificados e, consequentemente, o aumento da renda, já que esse emprego qualificado traz renda diferenciada. Você gera uma mola propulsora que faz com que o desenvolvimento provoque vários desdobramentos, desde a indústria até a capacitação profissional”, falou.
Reforma tributária
O parlamentar considera que este momento, com a Reforma Tributária em ampla discussão, pode favorecer a eletromobilidade, desde que haja um movimento político em torno do tema.
Ele citou Noruega e China como dois exemplos de países em que os governos federais promoveram ações de incentivos fiscais para a transição energética da mobilidade, tanto na cadeia produtiva como também diretamente com os consumidores finais, para a adoção desses veículos no dia a dia. Na opinião dele, o Brasil deveria seguir o mesmo caminho.
Cunha cita outros momentos da história recente do Brasil em que empresas estrangeiras deixaram de investir por conta de uma insegurança jurídica, provocada, muitas vezes, pelo excesso de regulamentações municipais e estaduais divergentes entre si.
“Essa insegurança jurídica tem que acabar no país. E quem pode contribuir com isso somos nós, senadores, parlamentares, fazendo leis que gerem segurança e interferindo em situações para tornar atrativo e seguro um investimento grande no nosso pais”, afirmou.
“Nós temos agora, na reforma tributária, um momento ideal para que o próprio governo diga se de fato a política de atração de energia limpa e da eletromobilidade é prioridade ou não. Sabemos que a maior parte da arrecadação de estados e municípios vem do ICMS e que a maior parte do ICMS é proveniente dos combustíveis, mas não podemos ficar presos. Devemos criar outras alternativas para que isso não seja um entrave para a chegada de carros elétricos no Brasil e tornar o nosso país competitivo nesse ramo”, finalizou Cunha.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.