Chaminé de usina térmica despeja dióxido de carbono na atmosfera. Foto: Divulgação/Freepik.
O avanço do mercado global de veículos elétricos ajudou a minimizar os impactos do aumento de emissões de gases poluentes, como o dióxido de carbono (CO2), na atmosfera mundial em 2023. Além dos veículos elétricos, a expansão de tecnologias de geração de energia limpa, como solar e eólica, também contribuiu para os resultados.
É o que aponta o relatório “CO2 Emissions in 2023”, da Agência Internacional de Energia (IEA), que fornece um quadro completo das emissões relacionadas à energia em escala global no ano passado.
De acordo com o documento, as emissões em 2023 aumentaram 410 milhões de toneladas, ou 1,1%, em relação ao ano anterior, elevando-as para um nível recorde de 37,4 bilhões de toneladas. Apesar disso, a entidade destaca que a situação teria sido bem pior se não fosse a expansão recorde da geração de energia limpa, principalmente solar e eólica, e do aumento da participação dos veículos elétricos no mundo.
A estimativa é que sem o uso das renováveis, o aumento global das emissões de CO2 nos últimos cinco anos teria sido três vezes maior.
Crise hídrica
Segundo o relatório da IEA, o aumento global das emissões de CO2 registrado em 2023 teve forte influência de inúmeras secas severas, que atrapalharam a geração de energia de hidrelétricas pelo mundo. Com menos água nos reservatórios, alguns países tiveram de acionar outras fontes de geração de energia para suprir a demanda, o que provocou o aumento das emissões.
Porém, outros países, com bons resultados na geração de energia solar e eólica, e na utilização de veículos eletrificados, contribuíram para um resultado menor que o esperado para o período.
No setor de transportes, a agência destaca que o número crescente de veículos elétricos também desempenhou um papel significativo para evitar que a procura de petróleo subisse acima dos níveis pré-pandemia. Segundo o estudo, um em cada cinco veículos vendidos no mundo em 2023 foi elétrico.
Resposta à pandemia e às crises políticas
Para Fatih Birol, diretor-executivo da IEA, a transição para matrizes energéticas limpas passou por uma série de testes de resistência nos últimos anos. “Uma pandemia, uma crise energética e a instabilidade geopolítica tinham tudo para fazer descarrilar os esforços de construção de sistemas energéticos mais limpos e mais seguros. Em vez disso, assistimos ao oposto em muitas economias. A transição para a energia limpa continua a acelerar e a controlar as emissões – mesmo com a procura global de energia a crescer mais fortemente em 2023 do que em 2022”, disse Birol.
“Os compromissos assumidos por quase 200 países na COP28 em Dubai, em dezembro, mostram o que o mundo precisa fazer para colocar as emissões numa trajetória descendente. Mais importante ainda, precisamos de esforços muito maiores para permitir que as economias emergentes e em desenvolvimento aumentem o investimento em energia limpa”, afirmou.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.