BYD Dolphin Mini já é o carro elétrico mais vendido do Brasil. Foto: Rubens Morelli/Canal VE.
Mais do que o desempenho na pista, quem dirige o BYD Dolphin Mini pela primeira vez passa a considerar de fato migrar para um carro elétrico. O modelo de entrada da greentech chinesa tem diversos atributos, como o design inovador, o conforto interno e a tecnologia embarcada, entre outros. Mas é a capacidade de fazer o motorista pensar nos benefícios da eletromobilidade que pode ser considerada a melhor característica do hatch de entrada.
O preço — R$ 115.800 —, convenhamos, ainda não é o mais acessível para a maior parte da população brasileira. Talvez nem deveria ser. No entanto, na comparação com outros modelos disponíveis no mercado, incluindo os carros a combustão, o Dolphin Mini justifica a aposta do consumidor.
Bastaram dois meses completos de vendas após o lançamento (em 28 de fevereiro de 2024) para o Dolphin Mini superar o irmão mais velho, Dolphin GS, na liderança de vendas de carros 100% elétricos no Brasil no ano (5.637 unidades do Dolphin Mini contra 5.500 do Dolphin, de janeiro a abril de 2024, segundo a ABVE).
Até pouco tempo atrás, quando alguém falava de mobilidade elétrica no Brasil, parecia se tratar de um sonho distante de algumas poucas pessoas. Hoje, o Dolphin Mini (juntamente com o irmão mais velho e outros concorrentes) mostra que esse sonho já está se tornando realidade, e nem tão distante assim.
Experiência do motorista
A BYD ofereceu um exemplar do Dolphin Mini para a reportagem do Canal VE por cinco dias. No período, conhecemos os detalhes do veículo e as funcionalidades que ele oferece para os usuários, e a avaliação foi mais do que positiva. Pode-se dizer que o hatch justifica a escolha do motorista para a eletrificação pelo seu conjunto.
Vale destacar que esse não é o melhor carro 100% elétrico existente no Brasil. Há limitações de desempenho, assistência na condução, recursos para os ocupantes, materiais utilizados para o acabamento, etc, que outros carros elétricos presentes no mercado brasileiro oferecem. É um modelo de entrada, afinal. Além disso, a incômoda sensação de balanço provocado pelas suspensões das rodas traseiras também pode incomodar os mais sensíveis.
No entanto, os benefícios do Dolphin Mini na comparação com outros modelos na mesma faixa de preço, incluindo os veículos movidos a combustão, compensam o investimento.
O motor elétrico com potência de 75 cv com torque máximo de 135 Nm (15,7 kgfm) não deve em nada aos veículos de entrada das outras montadoras. Ao contrário, tem um melhor desempenho na cidade.
A BYD promete uma aceleração de 0 a 100 km/h em 14,9 segundos, com uma velocidade máxima de 130 km/h. Na prática, pensando no trânsito das cidades, importa mais a aceleração de 0 a 50 km/h, realizada em menos de 5 segundos. Um arranque razoável para a proposta do carro.
Já no quesito autonomia, é possível chegar aos 380 km indicados no painel do carro quando a bateria está com 100% de sua energia, mesmo que o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), do Inmetro, defina que o alcance é de 280 km.
Por falar em recarga, a bateria Blade, de 38,8 kW de capacidade, pode ser carregada de 30% a 80% em 30 minutos em carga rápida, de corrente contínua (DC). Vale ressaltar que a potência máxima suportada pelo Dolphin Mini é de 40 kW em corrente contínua, e 6,8 kW em corrente alternada (AC), para a recarga lenta.
Conforto aos ocupantes
A versão do Dolphin Mini que veio ao Brasil tem configuração para quatro ocupantes. A opção garante maior conforto aos passageiros do banco traseiro. As crianças também ficam confortáveis com as cadeirinhas obrigatórias. O sistema isofix garante maior segurança a elas.
O carro tem 3,78m de comprimento, 1,71 m de largura e 1,58 de altura, com 2,50 m de entre-eixos. O porta-malas comporta 230 litros, o suficiente para duas malas de médio porte, ou para as compras do dia a dia.
O painel de entretenimento, de 10,1 polegadas, oferece recursos de conectividade, com Android Auto ou Apple CarPlay. Ainda é possível controlar e configurar funções do carro, desde programar o horário da recarga até disponibilizar o karaokê.
Mas há menos recursos no Dolphin Mini do que nos outros modelos da montadora chinesa, como por exemplo, as câmeras de assistência: há apenas uma, na traseira do veículo, para auxiliar o motorista nas manobras.
No quesito segurança, é preciso destacar os 6 airbags no total, sendo 2 frontais, 2 laterais, e 2 de cortina. Os freios são a disco nas quatro rodas, e demonstram um bom desempenho quando necessário.
O carro se comporta de maneira ágil na cidade, mas os buracos podem ser um desafio, especialmente por conta dos pneus, de medidas incomuns para o mercado brasileiro (175/55 nas rodas de 16″), e das suspensões traseiras, que mantêm o carro balançando mais do que deveria.
Vale a pena?
Como qualquer carro, o motorista deve avaliar as características do Dolphin Mini para o uso pessoal antes de comprá-lo. Se a ideia é utilizar o veículo nos centros urbanos, com eventuais viagens pequenas, o carro corresponde bem. Se a ideia é usá-lo em viagens mais longas, é bom repensar.
Também é preciso se planejar para fazer a instalação do carregador veicular em casa ou no escritório, para não depender da infraestrutura pública. Apesar de haver mais equipamentos disponíveis nas cidades, há também uma concorrência maior de outros carros elétricos, o que pode tornar a experiência menos confortável.
De modo geral, o Dolphin Mini agrada e oferece boas vantagens em relação a carros a combustão de entrada, podendo se tornar uma ótima opção a quem deseja conhecer a eletromobilidade mais de perto.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.