
Minas Gerais abriga a maior reserva nacional de lítio. Foto: Divulgação/Sigma
O Brasil está consolidando sua posição como um dos principais players no mercado global de lítio. Com a quinta maior reserva mundial do mineral e uma crescente demanda impulsionada pelo avanço da eletromobilidade e das energias renováveis, o país se tornou um polo estratégico para a indústria global de baterias. Segundo o Ministério de Minas e Energia, os investimentos no setor podem chegar a R$ 15 bilhões até 2030.
O país avança em um cenário competitivo dominado pelo chamado Triângulo do Lítio, formado por Argentina, Bolívia e Chile. De acordo com o “Guia Latam de Lítio”, produzido pela Agência EY, esses países detêm, juntos, metade das reservas globais conhecidas do mineral.
O lítio brasileiro está concentrado no Vale do Jequitinhonha (MG), que responde por 85% das reservas conhecidas. Em 2022, a produção nacional do mineral cresceu 436% em relação a 2021, e, em 2023, o lítio saltou da 11ª para a terceira posição entre os produtos de maior receita mineral de Minas Gerais.

A corrida pelo “ouro branco” na América Latina
O lítio é o mais leve dos metais. É usado em baterias recarregáveis para eletrônicos e carros elétricos e na produção de vidro, além de ser transformado em ligas com alumínio e magnésio para fazer parte da produção de aeronaves e bicicletas.
O Chile lidera a produção mundial, com o Salar do Atacama atraindo investimentos bilionários. A Argentina segue o mesmo caminho, com a exploração em alta nas províncias de Salta, Jujuy e Catamarca. Já a Bolívia, apesar de ter a maior reserva mundial no Salar de Uyuni, enfrenta desafios de infraestrutura e expertise técnica para ampliar a produção.

O desafio das baterias para veículos elétricos
Apesar do crescimento da produção de lítio, desafios persistem na indústria de baterias. Segundo o estudo Mobility Consumer Index, também da Agência EY, 27% dos consumidores apontam a falta de infraestrutura de recarga como a principal barreira para a adoção de veículos elétricos. Já 26% mencionam o alto custo da substituição das baterias como fator de preocupação. Mais de 19 mil pessoas de 28 países responderam à pesquisa.
Enquanto as montadoras buscam otimizar a autonomia e os custos das baterias, a demanda por lítio segue em alta. E o Brasil, com seu potencial mineral e investimentos crescentes, tem a oportunidade de se tornar um dos principais fornecedores globais desse recurso estratégico.

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.