Número de estações de recarga públicas e semipúblicas deve aumentar no Brasil nos próximos anos. Foto: Envato/Elements.
Apontado como um dos maiores desafios para a expansão da eletromobilidade no Brasil, o número de pontos de recarga para veículos elétricos deve quadruplicar até 2025. Pelo menos esse é o resultado de um estudo da consultoria McKinsey, que prevê que o país tenha 12 mil pontos de recarga públicos e semipúblicos em três anos.
Atualmente (em novembro de 2022), a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) estima que o Brasil possua cerca de 2,8 mil carregadores públicos disponíveis para os motoristas.
Ainda de acordo com a pesquisa sobre o futuro da mobilidade sustentável no Brasil, a expectativa é que até 2040, 11 milhões de veículos eletrificados estejam em circulação no país, o que representaria cerca de 20% da frota brasileira.
E, ao contrário do que acontece hoje, com os carros premium puxando a tendência da eletrificação, serão as empresas de transporte por aplicativo que deverão tomar as rédeas para a adoção de carros elétricos por aqui. E isso tem explicação.
Para a consultoria, quem faz o uso constante de um carro elétrico, como é o caso do motorista de transporte por aplicativo, tem o TCO (Custo Total de Propriedade) equivalente ao de um carro a combustão muito antes daquele motorista que utiliza o carro para uso pessoal. Ou seja, para carros avaliados em menos de R$ 200 mil e que rodem cerca de 150 quilômetros por dia, a equivalência pode ocorrer com um ano de uso, bem diferente do motorista que roda cerca de 30 quilômetros por dia, que pode levar de 7 a 8 anos para alcançar a equiparidade.
Segundo a pesquisa da McKinsey, os veículos elétricos têm sintonia com o modelo de negócio do transporte por aplicativo por duas razões: a alta rodagem e previsibilidade das áreas de deslocamento; e a utilização do veículo majoritariamente nos centros urbanos, permitindo a otimização do uso em relação aos pontos de recarga.
Estrutura reforçada
A pesquisa da consultoria foi compartilhada pela 99, empresa de transporte de passageiros por aplicativo, que lidera a Aliança pela Mobilidade Sustentável, que reúne 11 empresas com o objetivo de impulsionar a infraestrutura para veículos sustentáveis no Brasil.
Fomentar a expansão das estações de carregamento está entre as metas da Aliança pela Mobilidade Sustentável, já que quanto maior a infraestrutura de recarga, maior será o interesse em carros elétricos. E com mais carros elétricos circulando no Brasil, maior a sustentabilidade no trânsito.
“Os dados do estudo mostram que estamos no caminho certo. Sabemos que o futuro da mobilidade elétrica depende de uma união de esforços de diferentes players do mercado e é esse trabalho que estamos realizando com a Aliança”, afirma Thiago Hipólito, diretor de inovação da 99 e líder do DriverLAB, um centro especialmente focado em novas soluções para condutores.
“Hoje, a economia que o motorista de aplicativo tem com o uso do carro elétrico chega a 80% em relação ao modelo por combustão, quando analisamos os custos com combustível e manutenção. Sabemos, no entanto, que esse automóvel ainda tem um valor de aquisição muito alto para o motorista. Por isso, fundamos a Aliança. Junto com montadoras, empresas de locação e instituições financeiras, podemos pensar soluções para tornar o acesso aos veículos elétricos mais fácil, além de promover a infraestrutura necessária para que nossos parceiros rodem em suas viagens”, complementa Thiago Hipólito.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.