Canal VE

28 de abril de 2024

Silenciosos e reforçados: pneus de carros elétricos são diferentes

Imagem mostra detalhe do pneu frontal direito em carro branco

Pneu ideal para carros elétricos é decisivo para a maior eficiência. Foto: Divulgação/Continental

Quem dirige um carro elétrico sabe que a experiência da condução é diferente da de um carro comum a combustão. Essa percepção vai muito além da forma de recarga (ou abastecimento), da aceleração e desaceleração, da manutenção do motor, e, claro, do silêncio na cabine. 

É sabido que o carro elétrico não precisa só de uma bateria para rodar. Outros componentes importantes para o funcionamento do veículo elétrico também são criados e desenvolvidos especialmente para esse tipo de automóvel. E isso vale para os pneus.

Dependendo do conceito do veículo, as especificações relacionadas aos pneus podem ser diferentes. É por isso que existe uma grande variedade de modelos no mercado, com variações de aros, perfis e medidas de largura. Para carros elétricos, outros fatores ainda implicam nas exigências dos compostos de borracha.

Os pneus tradicionais podem sofrer desgaste até 30% mais rápido se usados em veículos elétricos. A explicação é simples: a maior deterioração se deve ao substancial torque instantâneo dos motores elétricos e ao maior peso desse tipo de veículo graças aos conjuntos de baterias. Um elétrico é cerca de 20% mais pesado que um carro a combustão equivalente.

“O peso do veículo não demanda alterações diretas na qualidade da borracha utilizada, mas sim principalmente na estrutura interna do pneu”, explica Rafael Astolfi, gerente de assistência técnica da Continental Pneus

“Assim como uma casa grande demanda uma fundação mais resistente do que demanda uma casa pequena, pneus que transportam maior carga precisam ter sua estrutura alterada de acordo e podem ter de contar com reforços estruturais adicionais. Paredes laterais, talões, ombros e reforços de talão são os que demandam mais atenção neste caso”, diz. 

Máquina levanta pneu na posição horizontal em fábrica
Pneus fabricados para carros elétricos têm reforço na estrutura. Foto: Divulgação/Continental

Vale ressaltar que a maior massa em deslocamento e a maior inércia significam maior distância de travagem, ou seja, é preciso ter uma atenção especial sobre a aderência da borracha.

“A aderência impacta a dirigibilidade do veículo e a capacidade de lidar com o alto torque. Além disso, sobre o tipo de composto de borracha da banda de rodagem e o desenho desta, quem rege o projeto são as demandas do veículo de nível de emissão sonora, importante para um carro que não conta com o barulho do motor a combustão, e de resistência ao rolamento, essencial para aumentar a autonomia do veículo”, afirma Astolfi. 

Durabilidade e eficiência

O motorista deve ter consciência de que a eficiência de um pneu afeta mais o desempenho geral de um carro elétrico do que de um a combustão. Isso acontece por causa da chamada “resistência ao rolamento”, que mede a quantidade de energia que um pneu consome no processo de rotação.

A resistência ao rolamento faz uma diferença mais perceptível no desempenho dos veículos elétricos porque esses veículos são muito mais eficientes do que os carros a combustão. 

Explica-se: os carros térmicos têm algo em torno de 2 mil peças em seu sistema de transmissão, e cada uma delas gera atrito, consumindo parte da energia produzida pelo motor, enquanto os elétricos possuem cerca de 20 peças móveis, o que diminui a dispersão da energia. 

Assim, os pneus tradicionais consomem cerca de 5% da energia que um veículo a combustão gera, mas na transmissão de um VE, mais simplificada e eficiente, os pneus consomem cerca de 16% da energia no rolamento. Por isso, o tipo de pneu escolhido para o carro elétrico tem impacto na autonomia final.

Carro elétrico branco está estacionado em frente a galpão com o letreiro da Continental
Eficiência do pneu afeta a autonomia do carro elétrico. Foto: Divulgação/Continental

Vida útil dos pneus

O tempo de vida útil do pneu, tanto em carros elétricos como térmicos, depende de muitas variáveis, sendo a principal delas a forma de condução do motorista. “Pneus para veículos elétricos carregam demandas diferentes dos pneus de veículos a combustão, então uma comparação seria injusta. Independente da motorização do veículo, o estilo de direção pesa muito nesta equação”, diz Astolfi. 

“A recomendação de troca permanece a mesma em ambos os casos. Sobre a manutenção — leia-se rodízio —, geralmente os fabricantes dos veículos estabelecem suas recomendações, as quais sugerimos que sejam seguidas”, conta.

Mais silencioso

Sem o barulho do motor a combustão, o silêncio reina na cabine de um veículo elétrico. Assim, se os pneus não tiverem alterações em sua construção, o ruído provocado pela rolagem poderia gerar um desconforto aos ocupantes. Por isso, os fabricantes têm investido cada vez mais em novas tecnologias para diminuir o incômodo.

“Pneus são grandes contribuidores nas emissões sonoras, graças à sua ressonância de cavidade, na qual o ruído é causado pelo ar que preenche o espaço entre a parede do pneu e a própria roda. Esse ar vibra quando o pneu está se movendo em contato com a estrada e pode ser ouvido de dentro do carro. As fabricantes já criaram tecnologias específicas para pneus desta aplicação e até lançaram modelos totalmente otimizados”, conta Astolfi, citando a tecnologia desenvolvida pela Continental.

Segundo a empresa, o modelo ContiSilent ajuda a reduzir o ruído interior do veículo até 9 dB (A), dependendo do tipo de veículo, da sua velocidade e do piso da estrada.

Imagem mostra recorte do pneu para mostrar uma espécie de espuma no interior dele
Tecnologia ContiSilent ajuda a reduzir o ruído. Foto: Divulgação/Continental

“O ContiSilent é uma espuma de poliuretano de célula aberta inserida no interior dos pneus ou, em termos mais simples, trata-se de uma esponja colada no interior dos pneus. Graças ao seu impacto praticamente nulo em resistência ao rolamento e nulo em dirigibilidade, frenagem, durabilidade etc., essa tecnologia vem se mostrando como uma das mais promissoras”, completa.

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