Modelo receberá um motor híbrido no lugar do motor elétrico e segue sem data de lançamento. Foto: Divulgação/Lecar
A Lecar, empresa brasileira de automóveis, decidiu mudar os planos para seu primeiro carro. O Model 459 não terá mais motor 100% elétrico, mas sim um motor híbrido. O anúncio foi feito por meio de um comunicado oficial da empresa, sendo a infraestrutura de recarga oferecida no país o principal argumento para a mudança no desenvolvimento do veículo.
Antes apresentada como uma montadora de carros elétricos brasileira, a Lecar desistiu de fabricar veículos com motores elétricos e anunciou que deve investir apenas em motores híbridos. Segundo a empresa, os novos motores serão pensados a partir do que o mercado nacional necessita e tem estrutura para receber.
“Ao longo do período de desenvolvimento do carro, dos testes feitos e estudos internacionais já publicados, chegamos à conclusão de que o carro híbrido é mais vantajoso para a sociedade do que o elétrico em diversos quesitos, o que nos fez redirecionar nosso posicionamento e os planos para o mercado. A ideia, agora, é que nossa tecnologia híbrida flex a etanol com tração 100% de motor elétrico, proporcione mil km com 30 litros de etanol”, comenta Flávio Figueiredo Assis, empresário e fundador da Lecar.
O protótipo, ainda com motor elétrico, recebeu, em abril de 2024, placa verde para começar a ser testado. A expectativa inicial era de que chegasse ao mercado em meados de dezembro do mesmo ano. Agora, após essa mudança de rota, o plano será revisto com a mudança do projeto.
Cabe relembrar que o valor informado pela Lecar, do Model 459, seria de R$ 279 mil. Se comparado com os novos modelos lançados no Brasil, o veículo não brigaria entre os mais baratos do mercado, como é a proposta para o híbrido.
“Temos ótimas alternativas de híbridos atualmente no mercado, mas por preços não tão acessíveis. Por isso, nossa nova missão, a partir de agora, será reverter essa realidade, trazendo modelos híbridos muito mais aderentes à realidade brasileira e que caibam no bolso da população, contribuindo para uma verdadeira revolução inovadora na mobilidade nacional”, finaliza o fundador.
Infraestrutura ainda é o grande vilão de VEs no Brasil?
Não é uma resposta simples, e depende de alguns fatores para encontrar o que se adapta melhor à realidade de cada motorista.
Analisando friamente, com os dados da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), o Brasil ainda está avançando, quando o assunto é infraestrutura de recarga. Ao todo, segundo dados do primeiro trimestre de 2024, são pouco mais de 7,7 mil pontos de carregamento públicos e semi-públicos espalhados pelo país. De acordo com as estimativas da entidade, esse número deve superar os 10 mil até 2025.
Segundo a ABVE, a proporção nacional é de 13 veículos eletrificados por ponto de recarga público, indicativo alinhado às métricas de mercados desenvolvidos e às recomendações da União Europeia.
Outra alternativa importante, é que o motorista pode ter seu carregador em casa. Os modelos chamados de “wallbox” (normalmente com potência de 7 kW) suprem as necessidades para recargas que podem ser feitas com uma maior demanda de tempo. É claro que isso demanda um custo de instalação, mas na comparação com veículos a combustão, o valor se paga ao longo do tempo.
Graduando em Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, possui experiência na criação de conteúdo para sites, blogs e redes sociais. Acompanha o mercado de veículos elétricos para o Canal VE.