Morris, o carro elétrico, passou por 17 países em viagem épica. Foto: Divulgação.
A proposta era ousada: viajar do País de Gales ao Catar a bordo de um carro elétrico para assistir à Copa do Mundo. E depois de cerca de 5 mil quilômetros e 17 países visitados, uma lei da Arábia Saudita, último país antes do Catar, quase botou tudo a perder.
Mas não com algo relacionado à mobilidade elétrica, e sim com a mão de direção inglesa proibida no país do Oriente Médio. Apesar disso, os torcedores seguiram viagem e tiveram o esforço reconhecido até pela seleção galesa.
A viagem começou em 26 de outubro, em Cardiff. Os amigos Nick Smith, Huw Talfryn Walters, Walter Pennell e o ex-jogador de futebol galês Scott Young embarcaram em um MG4 EV, um hatchback avaliado em 26 mil libras (cerca de R$ 163 mil na conversão direta), com bateria de 64 kWh e autonomia anunciada de 450 km no ciclo WLTP.
“Cada um de nós tem suas próprias razões para fazer essa viagem, mas três coisas foram fundamentais: nosso amor pelo futebol, uma sede de aventura, e o desejo de aumentar a conscientização sobre questões sustentáveis”, informou o grupo no site oficial do projeto.
“Ao apoiarmos o time de futebol galês na jornada para o Catar, também estaremos dissipando alguns dos mitos e equívocos que cercam os carros elétricos. Somos apaixonados pela mudança positiva que os carros elétricos podem trazer. Eles são uma parte importante da redução de nossa dependência de combustíveis fósseis, diminuindo as emissões de CO2 e melhorando a qualidade do ar de nossas vilas e cidades”, conclui o comunicado.
A viagem de Morris
O carro virou parte do grupo. Apelidado de Morris, o MG4 EV se tornou mais que um meio de locomoção, sendo uma atração a cada localidade.
Ao longo do percurso, o grupo encontrou relativa facilidade para as recargas enquanto estiveram próximos do país natal, como Inglaterra, França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Luxemburgo, Suíça, Itália e Áustria. O desafio foi aumentando na Hungria, na Sérvia e na Macedônia do Norte. Após passar por Grécia, Turquia e Israel, o destino do grupo começou a mudar na Jordânia, após 15 dias de viagem.
Ao chegar à fronteira com a Arábia Saudita, os quatro amigos foram informados que o carro não poderia seguir em frente, por causa de uma lei do país, que proíbe a direção na mão inglesa, com o motorista à direita do carro. Eles tentaram convencer as autoridades do país por dois ou três dias, sem sucesso.
Como a essa altura a viagem do grupo já estava sendo acompanhada por uma enorme quantidade de pessoas, empresas se sensibilizaram e pagaram a passagem aérea da Jordânia até o Catar.
Para não deixar Morris para trás, o grupo levou uma calota do pneu no avião. Assim, conseguiram chegar ao país da Copa a tempo de ver a estreia do País de Gales no Mundial contra os Estados Unidos, nesta segunda-feira, 21 de novembro de 2022.
Deu tempo, inclusive, de se encontrar com a seleção galesa e narrar as aventuras dos quatro amigos a bordo de um carro elétrico, e, quem sabe, inspirar a equipe na Copa.
“Os jogadores ficaram muito interessados a respeito da viagem e fizeram muitas perguntas. Nós só pedimos que eles tenham uma caminhada honrosa para o País de Gales na Copa, e temos certeza que eles vão nos dar muito orgulho”, disse Nick Smith.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.