
Equinox EV é uma das apostas da Chevrolet para a mobilidade elétrica no Brasil. Foto: Rubens Morelli/Canal VE.
Que o brasileiro é apaixonado por carros, todo mundo sabe. Mas qual seria a reação de um colecionador de carros icônicos, como um Chevrolet Opala, ao encontrar pela primeira vez um carro 100% elétrico premium, como um Chevrolet Equinox EV? Ainda mais em um encontro de Opaleiros? O Canal VE colocou à prova a paixão dos fãs da marca entre o clássico e o novo, e o resultado foi surpreendente.
É bom dizer que a Chevrolet comemora, em 2025, 100 anos de operações no Brasil, com muito prestígio entre os consumidores brasileiros. Mas ainda busca um lugar ao sol no que se refere a veículos de novas energias por aqui, mercado que, por enquanto, é dominado pelas montadoras chinesas.
Ao receber o convite da GM Brasil para testar o novíssimo Equinox EV, decidimos levar o carro a uma exposição de carros antigos (que me perdoem os Opaleiros), para mostrar o contraste das tecnologias. “A tecnologia principal de um Opala é o braço do motorista. Não tem como comparar com o Equinox EV”, disse Michel Aguiar, biólogo e proprietário de um Opala fabricado em 1970, com motor de 6 cilindros, também conhecido como 4.1.
De fato, a tecnologia evoluiu em mais de 50 anos. O Opala, como o do Michel, é um dos carros mais icônicos da Chevrolet no Brasil, originalmente com 142 cv de potência e 29 kgfm de torque, para uma aceleração de 0 a 100 km/h em 12,2 segundos, e velocidade máxima de 175 km/h.
Já o Equinox EV, lançado em 2024, com tração integral elétrica, tem 292 cv de potência (146 cv em cada eixo) e 46 kgfm de torque, para uma aceleração de 0 a 100 km/h em 5,8 segundos, e velocidade máxima limitada eletronicamente em 189 km/h. A comparação, embora inevitável neste texto, é injusta com os dois veículos, que têm propostas diferentes, mas, principalmente, sucessos diferentes. Enquanto o Opala marcou uma geração — e ainda habita no coração de muitos —, o Equinox EV busca se encaixar no segmento de veículos premium, apesar de todas as qualidades de sua construção.

Carro elétrico ou nave espacial?
Dirigir o Equinox EV dá a sensação de pilotar uma nave espacial. Não só pelo zunido que o carro emite em baixas velocidades, como alerta aos pedestres, ou mesmo das maçanetas inteligentes com sensores de aproximação, ou ainda do conjunto de luzes externas, mas também pela sensação de atrair olhares de todos os lados.
O SUV elétrico fez a festa de crianças num campinho de futebol, parou o serviço na loja de peças automotivas, atiçou a curiosidade de senhoras no estacionamento do supermercado e gerou diversas conversas aleatórias com motociclistas nos semáforos. Foi impossível passar despercebido.

As medidas já dão o tom da grandiosidade do veículo. São 4,84 metros de comprimento, 1,95 m de largura e 1,64 m de altura, com 2,95 m de entre-eixos. As rodas de alumínio têm aro 19”. E o porta-malas também é espaçoso, com 441 litros de capacidade.
Com espaço de sobra, é possível acomodar a bateria de 85 kWh de capacidade, o que garante uma autonomia de 443 km no padrão brasileiro do Inmetro (ou 530 km no painel do carro com 100% de carga).
A condução, silenciosa, pode ser configurada conforme a preferência do motorista. São quatro modos de condução, sendo Normal, Esportivo, Neve e o personalizável, em que o motorista determina, a seu próprio gosto, os níveis de sensibilidade na direção, no toque do freio e do acelerador, entre outras configurações.
Outro diferencial é o sistema One Pedal, com dois níveis de ajuste, sendo um mais intenso, com alta regeneração de energia. Nele, é possível reduzir de 100 km/h a zero em poucos metros, sem usar o freio, apenas retirando o pé do acelerador. Uma experiência incrível.
O sistema ADAS também entra em ação para elevar a experiência do motorista. Entre os principais itens estão o controle de velocidade de cruzeiro, assistência de faixa de rolamento, distância segura para o veículo da frente, com alerta de colisão frontal e frenagem de emergência, alerta de ponto cego com assistência de direção e alerta de abertura de portas com detecção de carros, ciclistas e pedestres, entre outros.

Conforto para os ocupantes
O espaço interno garante conforto e tranquilidade para os ocupantes, em qualquer posição. O acabamento dos assentos é simples, na comparação com outros veículos premium, mas não deixa a desejar em relação à maciez. Falta, no entanto, ajuste elétrico do banco do passageiro, pensando no preço do veículo. O ar-condicionado em duas zonas também poderia oferecer maior capricho aos passageiros do banco traseiro.
Na frente, o grande painel multimídia, de 17,7” polegadas, merece um capítulo à parte. Com Wi-Fi nativo e o sistema Google built-in, agregando Google Assistant, Google Maps e Google Play, não necessita de conexão com um smartphone. O sistema conecta-se automaticamente ao perfil digital pré-estabelecido pelo usuário para baixar da nuvem desde os apps preferidos, passando pela sua relação de destinos até a agenda pessoal, alinhado com o mais alto padrão de segurança de dados.
Outra vantagem é que o painel multimídia está interligado ao painel de instrumentos de 11 polegadas, também configurável pelo motorista, que pode escolher entre 20 opções entre estatísticas da condução, pressão dos pneus, mapa da região e até a capa do álbum que está tocando no sistema de áudio.

Experiência de dez dias
Ficamos com o carro por dez dias, e a impressão foi de que o tempo passou rápido demais. Sinceramente, foi difícil juntar forças para devolver o veículo e voltar para a rotina do dia a dia sem ele. Prova que os atributos são infinitamente superiores aos possíveis defeitos que alguém possa encontrar no SUV da Chevrolet.
Se todo brasileiro tem alguma história com um carro da Chevrolet, nesses 100 anos de operações no Brasil, eu também poderei contar a minha agora com um carro elétrico premium da marca. Se o Equinox EV vale os R$ 440.190 anunciados no site, fica a critério de cada um julgar. O carro é excepcional, e mostra que a Chevrolet quer continuar com o protagonismo na mobilidade brasileira com a qualidade de sempre. Em seus 100 anos de história no Brasil, a Chevrolet está mais viva que nunca.

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.