Canal VE

7 de dezembro de 2024

O que é o padrão WLTP, e como medir a autonomia de um veículo?

Equipamento denominado dinamômetro é acoplado à traseira do veículo para teste WLTP

Carro utiliza dinamômetro em teste WLTP. Foto: Divulgação

Uma das dúvidas mais comuns de quem pensa em comprar um veículo elétrico está relacionada à autonomia do VE, ou seja, quantos quilômetros ele pode rodar com uma carga completa. Você já aprendeu como calcular o consumo de um carro elétrico, e agora vai entender como a autonomia pode ser estimada. Para isso, um dos métodos mais eficazes é o WLTP.

A sigla WLTP vem do termo em inglês Worldwide Harmonised Light Vehicle Test Procedure, ou, numa tradução livre, Procedimento Mundial Harmonizado de Testes para Veículos Leves. Como o nome sugere, trata-se de um teste global para determinar o consumo energético do veículo. 

O teste é aplicável a modelos com qualquer tipo de propulsão (elétrico, híbrido ou a combustível) e leva em consideração velocidade, motor e peso do veículo, além de medir as emissões de poluentes na atmosfera, no caso dos veículos que usam combustíveis fósseis.

Carro carrega equipamento especial em teste
Teste WLTP simula uma experiência de desempenho no mundo real. Foto: Divulgação

O padrão WLTP foi criado em 2017, e está substituindo, gradualmente, o NEDC (New European Driving Cycle, ou Novo Ciclo de Condução Europeu), que surgiu em 1980 e teve sua última atualização em 1997. O NEDC utiliza dados colhidos apenas em laboratório, e, por isso, não leva em conta um cenário mais realista, ao contrário do WLTP.

Outro padrão de testagem conhecido é o EPA, da Agência de Proteção ao Meio Ambiente, usado mais comumente nos Estados Unidos, pois leva em consideração o estilo americano de condução, que utiliza mais rodovias do que centros urbanos.

Como funciona?

O sistema WLTP foi criado para aproximar as condições reais enfrentadas pelos motoristas comuns. Embora também seja realizado em laboratório, o teste, mais dinâmico, simula uma experiência de desempenho no mundo real. Ele possui duração total de 30 minutos e distância percorrida de 23 quilômetros em dinamômetro (aparelho utilizado para medir a intensidade da força) — diferente do padrão NEDC, com 20 minutos e 11 quilômetros. 

Outra diferença está na proporção de trechos urbanos e de rodovias. No WLTP, o ciclo simula utilização de 52% em ambiente urbano e 28% em estrada. No NEDC, a proporção é de 66% e 34%, respectivamente.

Além de realizar provas mais extensas e exigentes, o ciclo WLTP também analisa o comportamento dos veículos em velocidade maior e condições de temperatura mais realistas. Outro fator importante é que a aplicação do teste considera os equipamentos que cada modelo possui e como isso influencia no peso e na dinâmica durante a avaliação. 

Gráfico mostra como funciona o WLTP
Como funciona o WLTP. Arte: Automais/Autosport

Características das provas WLTP

Para obter os valores de consumo e das emissões de CO2, são feitas quatro provas seguidas, mas com resultados independentes. As provas têm os nomes de Lento, Médio, Rápido e Muito Rápido, e cada uma delas passa por fases distintas de aceleração, desaceleração e travagem. Confira as características de cada prova:

1) Lento

Distância: 3.095 metros.

Tempo: 9 minutos e 50 segundos com 3 paradas de 52 segundos cada (num total soma 2 minutos e 36 segundos).

Velocidade média: 18,9 km/h.

2) Médio

Distância 4.756 metros.

Tempo: 7 minutos e 10 segundos, com 1 parada de 48 segundos, com uma velocidade máxima de 76,6 km/h.

Velocidade média: 39,8 km/h.

3) Rápido

Distância: 7.158 metros.

Tempo: 7 minutos e 40 segundos, com uma parada de 209 segundos e uma velocidade máxima de 97,4 km/h.

Velocidade média: 56 km/h.

4) Muito Rápido

Distância: 8.254 metros.

Tempo: 5 minutos e 20 segundos, com uma parada de 7 segundos com picos de velocidade de 131,3 km/h, 125 km/h e 100 km/h.

Velocidade média: 92,9 km/h.

Resultados 

Embora o teste WLTP apresente resultados mais robustos que os do padrão NEDC, a medição serve apenas como referência, não representando a autonomia real de um carro. E isso vale tanto para os modelos elétricos como para os híbridos e os a combustão. 

Isso porque o modo de pilotagem, o uso de equipamentos como ar-condicionado e as condições de trânsito (excesso de veículos, quantidade de semáforos no trajeto, qualidade do asfalto, etc), entre outros fatores, podem representar diferenças da autonomia anunciada para a real.

Assim, a dica para o motorista é fazer a conta com base na própria experiência de condução, conferindo a quilometragem alcançada a cada recarga, e tirando a média dos últimos três ciclos, para fazer a comparação com o anunciado na ficha técnica do veículo.

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