Canal VE

21 de novembro de 2024

BorgWarner prepara expansão da fábrica de baterias do Brasil

Homem manuseia caixa metálica grande dentro de ambiente de fábrica

Funcionário da BorgWarner testa sistema de baterias para ônibus elétrico. Foto: Wissam Haddad/Canal VE.

A BorgWarner do Brasil se prepara para ocupar um lugar de ainda mais destaque na estratégia global de eletrificação da multinacional. A partir do segundo semestre de 2024, a fabricante de componentes para o setor automotivo exportará as BMS (Battery Management System) produzidas no Brasil para outras fábricas da BorgWarner no mundo.

A informação foi confirmada por Marcelo Rezende, diretor para sistemas de baterias da BorgWarner no Brasil, que recebeu a equipe do Canal VE na fábrica da empresa em Piracicaba, no Interior de São Paulo, para apresentar as instalações.

“No segundo semestre, nós vamos começar a exportar as BMS produzidas aqui no Brasil para outras fábricas da BorgWarner no mundo”, disse Rezende. 

“O plano da BorgWarner é bem ambicioso. Esse projeto, que a gente chama de Charging Foward, é olhar para a eletrificação com o foco na descarbonização. E com esse projeto, nós temos cada vez mais aumentado as vendas para soluções de eletrificação. No ano passado, nós atingimos a marca de 13% das nossas vendas para veículos elétricos, mas a nossa meta, já com planos para atingir até 2027, é de 49% das vendas serem focadas em eletrificação”, afirmou. 

 

A fábrica em Piracicaba é uma das cinco da empresa em todo o mundo capacitadas para produzir baterias para veículos elétricos de grande porte, como ônibus e caminhões. Atualmente, a unidade brasileira importa as baterias da Alemanha, mas há uma previsão de expansão da fábrica no interior paulista para que as baterias possam ser produzidas localmente. 

Por enquanto, a companhia monta o BMS, que é o sistema de gerenciamento da bateria, acopla o equipamento na bateria e testa o sistema completo. Todos os demais componentes periféricos do sistema também são produzidos localmente, entre eles a Junction box (módulos de conexão entre as baterias), o DCCU (Unidade de recarga de corrente direta), e o EDCU (Unidade eletrônica de controle).

Confira o vídeo da visita do Canal VE à fábrica da BorgWarner em Piracicaba:

Gerenciamento do sistema

Os componentes de conexão e de comunicação entre as células produzidos na fábrica de Piracicaba são importantes para o sistema funcionar corretamente. Depois de testar o conjunto completo, as baterias são entregues para o cliente final. No caso do Brasil, as baterias são utilizadas pelos ônibus elétricos da Mercedes-Benz, o eO500U

“Nós temos a estratégia de estar sempre próximos aos nossos clientes, o que chamamos de co-localização, para poder oferecer as tecnologias para nossos clientes o mais próximo possível, para entregar um produto de valor agregado, custo competitivo, sustentável e viável”, conta Rezende.

Os sistemas de baterias produzidos são de alta densidade energética, para oferecer maior autonomia aos veículos. As baterias operam em até 665 volts e armazenam até 98 kWh de energia.

A fábrica tem capacidade produtiva de energia suficiente para alimentar por 1 ano um bairro de 200 casas, ou para um ônibus rodar 300 mil km em trajeto urbano. A capacidade inicial é de montar 5 mil sistemas de baterias por ano, o que equivale a cerca de 1.200 ônibus elétricos.

Funcionários trabalham em linha de montagem de componentes
Área de montagem dos componentes das baterias da BorgWarner na fábrica em Piracicaba. Foto: Wissam Haddad/Canal VE.

Segurança das baterias

As baterias têm três níveis de segurança: na célula, no módulo e no sistema. De acordo com a empresa, a arquitetura é composta por múltiplas camadas de proteção, em que cada nível tem seus atributos distintos de maneira a tornar muito baixa qualquer condição que exponha a bateria a eventos térmicos.

Ainda segundo a empresa, são sistemas sólidos de segurança e com processamentos independentes, ambos monitorando: tensão, corrente, potência, isolamento, resistências, temperaturas e pressão de todos os componentes dentro da bateria, de células a placas eletrônicas. Os recursos de segurança incluem proteção contra sobrecarga de corrente, resistência à propagação passiva no nível da célula e desconexão elétrica nas conexões individuais dos cabos das células, o que atende aos rígidos padrões de segurança de baterias de veículos elétricos da indústria.

Imagem mostra mãos de homem montando componente eletrônico
Detalhe da fabricação do BMS (Battery Management System) da BorgWarner. Foto: Wissam Haddad/Canal VE.

Entrevista completa

Canal VE: A eletrificação tem sido cada vez mais importante para a Borgwarner. Quais são os planos da empresa?

Marcelo Rezende: A BorgWarner tem investido muito em eletrificação no mundo, e aqui no Brasil não seria diferente. Nós temos a estratégia de estar sempre próximos aos nossos clientes, o que chamamos de co-localização, para poder oferecer as tecnologias para nossos clientes o mais próximo possível, para entregar um produto de valor agregado, custo competitivo, sustentável e viável. E aqui, quando nós fizemos o investimento nessa fábrica, foi planejado em duas etapas. Estamos na primeira ainda, na qual nós importamos as baterias da Alemanha, produzimos o BMS (Battery Management System), que faz todo o gerenciamento da bateria, e alguns outros acessórios para oferecermos aos nossos clientes, mas nós já temos planejado a próxima fase, que é aumentar o conteúdo de produção nacional da bateria, com o objetivo de produzir a bateria nacional.

Além desse plano, que se desenvolve nos próximos anos, como está no nosso planejamento estratégico, é muito importante citar que a partir desse ano, no segundo semestre, nós vamos começar a exportar as BMS produzidas aqui no Brasil para outras fábricas da BorgWarner no mundo. 

Além do BMS, qual é a produção atual na fábrica de Piracicaba? 

Hoje, junto com a bateria, que nós montamos todo o BMS aqui, fazemos o teste completo pra poder entregar para os clientes, também produzimos outros componentes: a DCCU, o Junction Box, e também o outro módulo chamado EDCU. Com isso, entregamos o sistema completo de baterias para o nosso cliente, que nesse momento é a Mercedes. Então entregamos o sistema completo para que o cliente possa fazer a instalação já no veículo e utilizar as baterias. 

E só pra completar, é interessante o nosso processo que foi desenvolvido aqui, com toda a confiabilidade, é que tudo que está sendo feito segue um sistema supervisório, que é autoguiado para garantirmos a qualidade, com um sistema à prova de erros, para entregarmos um produto de qualidade e confiável para nosso cliente. 

Marcelo Rezende é um homem de estatura mediana e cabelos grisalhos
Marcelo Rezende, diretor de sistemas de baterias da BorgWarner. Foto: Wissam Haddad/Canal VE.

E com essa opção que já vai começar no segundo semestre com as exportações do que é produzido aqui em Piracicaba, a BorgWarner tem investido nessa transição para a eletrificação. Como está ocorrendo esse processo?

O plano da BorgWarner é bem ambicioso. Isso não começou agora, e sim há 4 ou 5 anos, quando se observou a transformação que ia acontecer no mercado. Em 2021, nosso CEO anunciou esse projeto, que chamamos de Charging Foward, que é exatamente olhar para a eletrificação com o foco na descarbonização. E com esse projeto, nós temos cada vez mais aumentado as vendas para soluções de eletrificação. No ano passado, nós atingimos 13% das nossas vendas para veículos elétricos, mas a nossa meta, já com planos para atingir até 2027, é de 49% das vendas serem focadas em eletrificação. Ou seja, nós estamos de fato tentando ser protagonistas nessa transformação e puxar o mercado para que consigamos transformar a produção em veículos elétricos e eletrificados, e, com isso, ajudar na descarbonização.

A BorgWarner avalia que a eletrificação veio para ficar?

Não tem mais volta. Para nós, já decolou e não tem como voltar. Eletrificação não vai mais parar. O que nós temos de entender é que ela vai acontecer com velocidades diferentes em cada mercado. E aqui no Brasil nós estamos acompanhando a evolução e a velocidade, principalmente no setor de transporte de cargas e de passageiros, que nós já sentimos que é uma realidade. Por isso, o nosso investimento  aqui no Brasil é para fornecer sistemas de baterias para esses veículos. Nós temos de buscar a eletrificação aqui mesmo, ainda mais com essa matriz totalmente verde e renovável aqui no Brasil. 

Imagem mostra em detalhes o BMS pronto
Battery Management System, da BorgWarner, será exportado para outros países no segundo semestre. Foto: Wissam Haddad/Canal VE.

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