Recarga de veículos elétricos em estacionamentos está no centro do debate. Foto: Divulgação/Freepik.
O comando do Corpo de Bombeiros de São Paulo prorrogou por mais 90 dias o prazo para a consulta pública da minuta do parecer “Ocupações com estações de recarga para veículos elétricos”. A portaria com a decisão foi publicada em 6 de maio de 2024, no Diário Oficial do Estado de São Paulo.
O documento, assinado pelo comandante da corporação, o coronel PM Nilton Cesar Zacarias Pereira, destaca a ampla discussão que a matéria gerou para aumentar o prazo da consulta.
De acordo com a portaria, a consulta pública foi prorrogada por 90 dias a partir do dia da publicação, para atender “solicitações de entidades, conselhos e associações que pretendem contribuir por meio de testes práticos e estudos que poderão proporcionar embasamento técnico do parecer”.
O Corpo de Bombeiros ressalta no documento que as sugestões devem ser encaminhadas exclusivamente para o e-mail: [email protected].
Exercício simulado
A prorrogação do prazo da consulta pública do parecer “Ocupações com estações de recarga para veículos elétricos” já era esperada. Em reunião realizada no mês de abril com o Corpo de Bombeiros de São Paulo (CB-SP), a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) pediu a realização de um exercício simulado de combate a incêndio em carro elétrico, com o objetivo de testar os protocolos de segurança dos veículos elétricos e suas baterias em condições reais.
Na ocasião, o presidente da ABVE, Ricardo Bastos, pediu a prorrogação do prazo da consulta pública, o que foi atendido agora. O exercício simulado deve acontecer no mês de maio, em data ainda a ser confirmada. Há a expectativa de que oficiais de departamentos de segurança de outros estados também possam acompanhar o teste.
Repercussão sobre o parecer
Diversos especialistas ouvidos pelo Canal VE destacaram a importância da criação de uma regulamentação nacional para a prevenção e o combate a incêndios relacionados à mobilidade elétrica, mas que essa regulamentação deve passar por um amplo debate, com base técnica e científica, para definir os protocolos.
A minuta gerou polêmica por exigir mais medidas de segurança para a instalação dos equipamentos de recarga de veículos elétricos em estacionamentos públicos, prédios e garagens no subsolo, o que poderia gerar a inviabilidade dessas instalações.
Entre as propostas apresentadas na minuta original do parecer dos Bombeiros, estão a instalação de chuveiros automáticos (sprinklers) com detectores de fumaça e capacidade de reservatório de água para combater as chamas por 60 minutos, distância de 5 metros entre as vagas destinadas às recargas para quaisquer outras e até paredes corta-fogo, entre outras.
“É preciso debater. Não podemos impedir a transição energética dos veículos, mas precisamos pensar na segurança. Devemos pensar de maneira multidisciplinar, com as experiências aprendidas na nossa realidade do Brasil, e também com a atenção às experiências que vêm de outros mercados”, afirmou Rogério Lin, superintendente responsável pelo Comitê Brasileiro 024 – Segurança contra Incêndio (CB024), da ABNT.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.