O JAC E-JS1 foi reprovado nos testes de segurança do Latin NCAP (Programa de Avaliação de Veículos Novos para a América Latina e o Caribe), sendo avaliado com zero estrela. É a primeira vez que um veículo elétrico movido apenas a bateria participa dos testes do órgão, que publicou os resultados em 13 de dezembro de 2022. Confira a avaliação completa aqui.
O modelo é o terceiro 100% elétrico mais vendido no Brasil em 2022, segundo o ranking da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), com 589 unidades emplacadas no país de janeiro a novembro.
De acordo com os testes realizados, a estrutura do carro deixa motorista e passageiros mais expostos a riscos em situações de acidentes. O modelo foi avaliado em impacto frontal, impacto lateral, chicotada cervical e proteção de pedestres.
O JAC E-JS1 não oferece Controle Eletrônico de Estabilidade (ESC) padrão, segundo o teste, e foi classificado com 0% de segurança para o condutor, 6,34% para crianças no banco de trás e 20% para pedestres. Ele oferece apenas 7% de assistências de segurança.
“No impacto frontal apresentou estrutura instável e também estrutura instável para a área dos pés. A proteção torácica do motorista foi pobre, o que significa uma alta probabilidade de ferimentos com risco de morte, levando a zero ponto na colisão frontal para a segurança dos adultos. O sistema de corte de emergência para evitar o risco de choque elétrico após uma colisão não funcionou no teste de colisão frontal, criando riscos adicionais e sérios que não devem ser negligenciados”, informa o resultado da avaliação. Veja o vídeo do teste abaixo.
Parâmetros dos testes
De acordo com o Latin NCAP, a avaliação de segurança dos veículos elétricos é focada, assim como nos veículos com motor de combustão interna, em adultos, crianças, pedestres/usuários vulneráveis das estradas (VRU) e tecnologias de assistência à segurança, utilizando o mesmo protocolo de avaliação, independentemente de seu tipo de motorização. No caso dos veículos elétricos a bateria (BEV), outros aspectos como o risco de choque elétrico e sistemas de corte de bateria também são avaliados.
No resultado, o órgão ressalta que os automóveis totalmente elétricos (BEVs) são mais pesados que o mesmo veículo com motor de combustão interna, o que significa que a dinâmica em um teste de colisão é afetado por uma massa maior e diferente centro de gravidade.
Por isso, as estruturas devem ser desenvolvidas para manter sua resistência à colisão com massa maior, assim como as estruturas devem ser desenvolvidas para evitar danos às baterias ou qualquer outra fonte de energia para o trem de força elétrico.
A avaliação considera que o controle eletrônico de estabilidade (ESC), a frenagem autônoma de emergência (AEB) e os sistemas de suporte de pista (LSS) precisam ser configurados para que seu desempenho seja o mesmo com um veículo mais pesado.
Reações aos testes
“O Latin NCAP compartilha preocupações ambientais em todo o mundo e está alinhado com todas as iniciativas relevantes para reduzir as emissões de CO2. No entanto, isto não deve ser motivo para desconsiderar a segurança dos veículos. Não deve ser uma questão de ‘limpo ou seguro’, ambos os aspectos são relevantes e não devem competir um com o outro”, disse Alejandro Furas, Secretário Geral do Latin NCAP.
Já Saul Billingsley, diretor executivo da Fundação FIA (Federação Internacional de Automobilismo), foi ainda mais enfático nas críticas.
“É profundamente decepcionante ver os fabricantes se aproveitarem do crescimento lucrativo do setor de veículos de baixa emissão às custas da segurança. Os danos causados pelos veículos de combustão interna são triplicados: lesões violentas em acidentes, poluição tóxica do ar e impacto climático no longo prazo, mas a melhoria em uma área não deve ser às custas de outra. Os veículos elétricos podem e devem ser projetados para serem seguros, limpos e ecologicamente corretos”, afirmou.
A JAC Motors foi procurada pelo Canal VE para comentar os resultados, mas até o momento da publicação não se manifestou. Em caso de resposta, o texto será alterado.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.