Renault Kwid E-Tech tem bateria com capacidade de 26,8 kWh. Foto: Divulgação/Renault
Para 58% dos brasileiros que pretendem comprar um carro nos próximos três anos, os modelos elétricos ou híbridos são os preferidos. É o que mostra a Pesquisa Quantitativa de Intenção de Compra de Carros Elétricos/Híbridos, da Tupinambá Energia, divulgada em setembro de 2022.
De acordo com o levantamento, que contou com 1.680 entrevistados em todas as regiões do Brasil, as principais razões pelo interesse em carros eletrificados são: custos de recarga (72%); sustentabilidade (44%); praticidade (27%); tecnologia (12%); custo-benefício (9%).
Em compensação, para 42% dos brasileiros que dizem não ter a intenção de comprar modelos elétricos ou híbridos, o preço alto desses carros (50%) é o principal impeditivo, seguido por falta de informação (20%) e condição financeira (10%).
Mas qual tipo de carro vale mais a pena?
A resposta é: depende. Antes de responder a essa dúvida, é preciso fazer contas. Afinal, cada modelo pode favorecer um tipo de uso em detrimento de outro. O ideal é saber qual o perfil mais se encaixa ao seu antes de ir a uma concessionária.
O Canal VE comparou três carros de marcas diferentes que possuem versões elétricas e térmicas: Renault Kwid e Kwid E-Tech, Peugeot 208 e e-208 GT, e Mini Cooper Hatch 3 portas e Mini Cooper elétrico.
Para a conta, adotamos que os veículos fazem o mesmo percurso diário de 30 quilômetros (10.950 km/ano), e consideramos o preço médio do litro de gasolina a R$ 4,79 (referência em outubro de 2022) e o preço médio do kWh residencial a R$ 1,00 (tarifa média vigente em São Paulo no mesmo período, sem considerar variações tarifárias de bandeira ou horário mais econômico no uso da energia, entre outros fatores).
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Renault Kwid
O Renault Kwid térmico, na versão Zen, era oferecido a R$ 62.990,00 em outubro de 2022. Com um reservatório de combustível para 38 litros, e consumo médio de 15,3 km/l na cidade, de acordo com levantamento do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), do Inmetro, o modelo consegue uma autonomia de aproximadamente 580 quilômetros.
Percorrendo 10.950 quilômetros no ano, o carro terá um gasto mensal de R$ 286,32, ou anual de R$ 3.435,86 com gasolina. Após 10 anos de uso, e um total de 109.500 quilômetros percorridos, o gasto com o carro, incluindo as manutenções preventivas (R$ 7.073,00), será de R$ 104.421,60, sem considerar inflação e correções monetárias. Um valor ainda menor do que o preço praticado hoje pelo modelo elétrico.
O Renault Kwid E-Tech custava R$ 146.990,00 em outubro de 2022. A bateria com capacidade de 26,8 kWh oferece autonomia anunciada de 298 quilômetros. Se percorrer 30 quilômetros por dia, e sem considerar eventuais variações de consumo de energia, vai gastar R$ 984,76 de energia elétrica no ano. Mesmo utilizando pontos de recarga públicos gratuitos ao longo do ano, e levando em consideração que a manutenção do elétrico é mais barata que a do térmico, o Kwid elétrico ainda não se paga em relação à versão tradicional.
Peugeot 208
A conta para os carros da família Peugeot também é parecida. Enquanto o modelo Active 1.6 custava R$ 96.990,00, em outubro de 2022, o e-208 GT era vendido por R$ 251.990 no mesmo mês. Com autonomia de 564 km do térmico, o gasto anual com combustível chega a R$ 4.370, enquanto o elétrico tem autonomia de 340 km e gasto de R$ 1.610 de energia elétrica no ano. Mesmo que a manutenção do e-208 GT possa ser 45% mais econômica que as revisões programadas do modelo a combustão, o modelo térmico, atualmente, ainda compensa mais.
Mini Cooper
Já o Mini Cooper oferece uma situação diferente para o consumidor pensar em fazer a transição energética na garagem de casa. Isso acontece porque os preços de partida do modelo a combustão e do elétrico têm uma diferença de menos de R$ 15 mil.
Em outubro de 2022, o Mini Cooper Hatch 3 portas custava R$ 238.690,00, enquanto o Mini elétrico era vendido por R$ 252.990,00.
Com autonomia de 453 km e gasto anual de gasolina em R$ 5.076,15, contra R$ 1.544,23 de energia elétrica para uma autonomia anunciada de 234 km, seriam necessários quatro anos de uso para o elétrico superar economicamente o térmico. Se a conta ainda levar em consideração as respectivas manutenções programadas, o tempo pode ser ainda menor.
Fatores que encarecem o carro elétrico
Embora os preços dos carros elétricos ainda estejam em um patamar elevado, hoje já é possível comprar modelos por menos de R$ 150 mil. E a tendência é que os valores sejam mais acessíveis nos próximos anos, conforme novas tecnologias sejam aprimoradas.
Atualmente, os preços são resultado da alta tecnologia das baterias e da matéria-prima para a fabricação delas, o que pode representar 40% do valor final. Outros itens, como semicondutores, também influenciam.
Mas a boa notícia é que a corrida tecnológica favorece a inovação na busca por baterias mais eficientes e mais baratas. O bolso agradece.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.
One Comment
Como sou formado em Engenharia Mecânica e Elétrica, com especializações em Administração, Economia e Computação, posso afirmar o seguinte:
Um veiculo elétrico como o iCar da Cherry vendido pela CAOA por R$ 150 K (mas vendido na China pelo equivalente a R$ 45k…) não é pareo econômico financeiro (nem de perto…) para:
1) Veículos NOVOS à Alcool tipo Fiat 1.0 e semelhantes;
2) Veículos usados à Gazolina Aditivada Premium tipo VW Tiguan 2.0 Turbo;
3) Qq veículo usado intermediário entre (1) e (2).
Dito isto, se o presente Governo tiver a séria intenção de eletrificar a frota, deve INDUZIR os Fabricantes e Revendedores de veículos Populares Urbanos, Táxis, Entrega, Caminhões, Ônibus e afins, a baixarem os preços ao minimo possível.