Bateria Gemini, da startup ONE, tem baixo custo. Foto: Divulgação/ONE
A expansão do mercado de carros elétricos passa, necessariamente, pelo avanço de novas tecnologias de baterias, que permitam maior autonomia aos veículos, por um preço mais competitivo. E essa é a proposta da startup ONE (Our Next Energy), com sede em Michigan, nos Estados Unidos.
A nova empresa anunciou uma nova bateria sem ânodo projetada para reduzir o custo da célula em até 50%, e com autonomia de 965 quilômetros, segundo informações da companhia divulgadas para a imprensa norte-americana.
Em entrevista, o fundador e presidente-executivo da ONE, Mujeeb Ijaz, disse que o pacote Gemini começará a ser produzido em uma nova fábrica de 20 gigawatts-hora nos EUA em 2026. A nova bateria usa tecnologia com duas químicas de células diferentes, incluindo uma para fornecimento de energia para a condução diária e outra para armazenar a energia e estender o alcance em viagens mais longas.
O segredo, de acordo com a empresa, estaria nas células extensoras de alcance de grande formato da Gemini. Enquanto as células padrão usam cátodos (polo positivo) de fosfato de ferro e lítio relativamente convencionais e ânodos (polo negativo) de grafite, as células extensoras de alcance são livres de ânodo, o que elimina o uso de grafite e equipamentos de fabricação de ânodo.
Assim, os cátodos são projetados para usar uma mistura única de lítio e manganês e uma porcentagem muito menor de níquel, eliminando o cobalto, de acordo com Ijaz.
“Tem sido minha aspiração de longo prazo eliminar tanto o níquel quanto o cobalto”, disse Ijaz sobre dois materiais catódicos importantes na maioria das baterias de carros elétricos atuais que são mais caros e menos sustentáveis do que materiais comuns como o manganês.
Ao eliminar o ânodo nessas células, a ONE diz que pode reduzir o custo da célula na produção em massa em US$ 50 por kWh — uma economia significativa em relação aos custos atuais estimados em US$ 100 a US$ 110 por kWh.
“Nosso objetivo é lançar a bateria Gemini em 2026 com zero cobalto e 26% de níquel ou menos, usando manganês como material catódico primário”, disse Ijaz.
Parceria com BMW
A ONE assinou um acordo com o BMW Group para incorporar a tecnologia de bateria Gemini nos carros da marca. A primeira experiência será realizada no BMW iX. O protótipo do veículo deverá ser concluído até o final de 2022.
“Estamos entusiasmados por trabalhar com a BMW para demonstrar nossa tecnologia de bateria de longo alcance Gemini aos consumidores”, disse Mujeeb Ijaz.
“À medida que a adoção de carros elétricos cresce, os motoristas estão aprendendo que as condições do mundo real podem reduzir significativamente o desempenho de suas baterias. Situações comuns como manter a velocidade da estrada, temperaturas de inverno, escalar montanhas, situações de reboque ou uma combinação de todas as quatro coisas apresentam desafios para os veículos elétricos. Planejamos colocar o dobro de energia em baterias, para que os VEs possam lidar facilmente com a condução de longa distância em condições do mundo real”.
Para Jürgen Hildinger, chefe de novas tecnologias de armazenamento de alta tensão do BMW Group, a empresa está bastante interessada em incorporar a tecnologia da ONE em seus carros. “Estamos confiantes de que, dada a viabilidade econômica, isso pode levar a oportunidades e estratégias comerciais para integrar as tecnologias de bateria da ONE em modelos de nossa futura linha de produtos BEV”, afirmou.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.