Carro utiliza dinamômetro em teste WLTP. Foto: Divulgação
Uma das dúvidas mais comuns de quem pensa em comprar um veículo elétrico está relacionada à autonomia do VE, ou seja, quantos quilômetros ele pode rodar com uma carga completa. Você já aprendeu como calcular o consumo de um carro elétrico, e agora vai entender como a autonomia pode ser estimada. Para isso, um dos métodos mais eficazes é o WLTP.
A sigla WLTP vem do termo em inglês Worldwide Harmonised Light Vehicle Test Procedure, ou, numa tradução livre, Procedimento Mundial Harmonizado de Testes para Veículos Leves. Como o nome sugere, trata-se de um teste global para determinar o consumo energético do veículo.
O teste é aplicável a modelos com qualquer tipo de propulsão (elétrico, híbrido ou a combustível) e leva em consideração velocidade, motor e peso do veículo, além de medir as emissões de poluentes na atmosfera, no caso dos veículos que usam combustíveis fósseis.
O padrão WLTP foi criado em 2017, e está substituindo, gradualmente, o NEDC (New European Driving Cycle, ou Novo Ciclo de Condução Europeu), que surgiu em 1980 e teve sua última atualização em 1997. O NEDC utiliza dados colhidos apenas em laboratório, e, por isso, não leva em conta um cenário mais realista, ao contrário do WLTP.
Outro padrão de testagem conhecido é o EPA, da Agência de Proteção ao Meio Ambiente, usado mais comumente nos Estados Unidos, pois leva em consideração o estilo americano de condução, que utiliza mais rodovias do que centros urbanos.
Como funciona?
O sistema WLTP foi criado para aproximar as condições reais enfrentadas pelos motoristas comuns. Embora também seja realizado em laboratório, o teste, mais dinâmico, simula uma experiência de desempenho no mundo real. Ele possui duração total de 30 minutos e distância percorrida de 23 quilômetros em dinamômetro (aparelho utilizado para medir a intensidade da força) — diferente do padrão NEDC, com 20 minutos e 11 quilômetros.
Outra diferença está na proporção de trechos urbanos e de rodovias. No WLTP, o ciclo simula utilização de 52% em ambiente urbano e 28% em estrada. No NEDC, a proporção é de 66% e 34%, respectivamente.
Além de realizar provas mais extensas e exigentes, o ciclo WLTP também analisa o comportamento dos veículos em velocidade maior e condições de temperatura mais realistas. Outro fator importante é que a aplicação do teste considera os equipamentos que cada modelo possui e como isso influencia no peso e na dinâmica durante a avaliação.
Características das provas WLTP
Para obter os valores de consumo e das emissões de CO2, são feitas quatro provas seguidas, mas com resultados independentes. As provas têm os nomes de Lento, Médio, Rápido e Muito Rápido, e cada uma delas passa por fases distintas de aceleração, desaceleração e travagem. Confira as características de cada prova:
1) Lento
Distância: 3.095 metros.
Tempo: 9 minutos e 50 segundos com 3 paradas de 52 segundos cada (num total soma 2 minutos e 36 segundos).
Velocidade média: 18,9 km/h.
2) Médio
Distância 4.756 metros.
Tempo: 7 minutos e 10 segundos, com 1 parada de 48 segundos, com uma velocidade máxima de 76,6 km/h.
Velocidade média: 39,8 km/h.
3) Rápido
Distância: 7.158 metros.
Tempo: 7 minutos e 40 segundos, com uma parada de 209 segundos e uma velocidade máxima de 97,4 km/h.
Velocidade média: 56 km/h.
4) Muito Rápido
Distância: 8.254 metros.
Tempo: 5 minutos e 20 segundos, com uma parada de 7 segundos com picos de velocidade de 131,3 km/h, 125 km/h e 100 km/h.
Velocidade média: 92,9 km/h.
Resultados
Embora o teste WLTP apresente resultados mais robustos que os do padrão NEDC, a medição serve apenas como referência, não representando a autonomia real de um carro. E isso vale tanto para os modelos elétricos como para os híbridos e os a combustão.
Isso porque o modo de pilotagem, o uso de equipamentos como ar-condicionado e as condições de trânsito (excesso de veículos, quantidade de semáforos no trajeto, qualidade do asfalto, etc), entre outros fatores, podem representar diferenças da autonomia anunciada para a real.
Assim, a dica para o motorista é fazer a conta com base na própria experiência de condução, conferindo a quilometragem alcançada a cada recarga, e tirando a média dos últimos três ciclos, para fazer a comparação com o anunciado na ficha técnica do veículo.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.