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5 de fevereiro de 2025

Alesp aprova isenção de IPVA para híbridos, mas exclui elétricos

Deputados estaduais participam de sessão extraordinária na Assembleia Legislativa de São Paulo

Deputados estaduais de São Paulo aprovam isenção de IPVA para carros híbridos. Foto: Divulgação/Alesp.

A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou, por 53 votos a 10, o projeto de lei 1.510/2023, de autoria do governo do Estado, que isenta do pagamento do IPVA veículos leves registrados em São Paulo movidos exclusivamente a hidrogênio ou híbridos (que combinam motores elétrico e a combustão), desde que sejam abastecidos com etanol ou que tenham a tecnologia flex (que aceita o etanol). 

A proposta cita “a redução na emissão de gases poluentes” dos carros híbridos como justificativa para a isenção, mas exclui os carros 100% elétricos, que são livres de emissões de poluentes.

A isenção do IPVA é válida apenas para veículos híbridos de até R$ 250 mil, no período de 1º de janeiro de 2025 a 31 de dezembro de 2026. Após os dois anos, a alíquota do IPVA será aumentada gradativamente, partindo de 1% em 2027, passando por 2% em 2028, 3% em 2029 e chegando a 4% a partir de 2030.

A justificativa acrescenta “o incentivo a novos investimentos na produção de veículos movidos a energia limpa e renovável em São Paulo”. 

Na prática, o projeto, que segue para a sanção do governador Tarcísio de Freitas para se tornar lei, beneficia a cadeia produtiva do etanol — São Paulo lidera a produção sucroalcooleira no Brasil, com 5,5 milhões de hectares de cana-de-açúcar — e apenas uma montadora de veículos presente no estado, além de abrir brecha para que montadoras presentes em outros estados com tecnologias micro-híbridas (MHEV) possam se beneficiar da isenção sem oferecer reais impactos na descarbonização da mobilidade, deixando a preocupação com o meio ambiente em segundo plano. 

Vale destacar que, segundo estimativa da consultoria Datagro, publicada no início de 2024, apenas 30% dos veículos com tecnologia flex-fuel no Brasil são abastecidos com etanol hidratado, o que aumenta a preocupação em relação às emissões de gases poluentes dos carros híbridos.

O projeto de lei 1.510/2023 aprovado na Alesp também isenta do imposto ônibus e caminhões movidos exclusivamente a hidrogênio ou gás natural, inclusive biometano, de janeiro de 2025 a dezembro de 2029. Assim como os carros de passeio, os ônibus e caminhões 100% elétricos não fazem parte do projeto de isenção.

 

Comparativo de emissões

A União da Indústria da Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) comemorou a decisão da Assembleia Legislativa de São Paulo. Sem citar a fonte, a associação informa que “pesquisas realizadas pela indústria automotiva mostram que o motor flex, quando abastecido 100% com etanol, tem índices de emissão inferiores aos carros elétricos europeus”. Para a Unica, “os veículos híbridos flex movidos a etanol tornam-se os carros mais limpos do mundo”.

No entanto, um estudo da Stellantis, divulgado em abril de 2023, mostra que a realidade não é bem assim. De fato, o etanol é mais limpo que os combustíveis fósseis, reduzindo as emissões pela metade. No comparativo com os carros europeus, com a matriz energética europeia, o etanol também apresentou resultados melhores no ciclo “do poço à roda”, quando se analisa todas as emissões de carbono, desde o início da produção até o uso. 

Mas, quando o comparativo é realizado com os carros 100% elétricos que utilizam para a recarga a matriz energética brasileira, que hoje é cerca de 90% renovável (proveniente de usinas hidrelétrica, solar e eólica), o etanol emite mais gases poluentes no ciclo “do poço à roda” que os carros puramente elétricos disponíveis no Brasil, o que deixa o país em vantagem competitiva em relação ao mundo neste quesito.

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