BYD Yuan Plus recebe recarga em eletroposto na Rodovia Régis Bittencourt, em Registro (SP). Foto: Rubens Morelli/Canal VE
A busca por carros elétricos seminovos cresceu 300% nos últimos 12 meses, de acordo com levantamento realizado pela Olho no Carro, plataforma de consulta veicular.
O número ainda representa uma parcela pequena nas buscas, na comparação com o total da frota de veículos em negociação, mas o aumento já demonstra uma mudança de comportamento do mercado automotivo brasileiro.
Com a grande barreira sendo o alto valor, a pesquisa por seminovos ganha força. Segundo o levantamento, os carros elétricos custam, em sua grande maioria, acima dos R$ 100 mil. Entre os mais pesquisados estão os modelos mais baratos, como Caoa Chery iCar, Renault Kwid E-Tech e o JAC E-JS1. Todos esses modelos seminovos custam por volta de R$ 130 mil. O carro que fecha a lista de mais procurados é o Volvo XC40 Recharge, que fica na casa dos R$ 315 mil.
“Os carros elétricos ainda não são uma realidade no Brasil. Por terem um custo elevado, eles deixam de ser opção de compra para grande parte dos consumidores brasileiros. Na Olho no Carro, a maioria dos veículos pesquisados ainda são os carros de pequeno porte, mais baratos”, ressalta Yago Almeida, sócio e cofundador da Olho no Carro.
Essa pesquisa vai de encontro com o crescimento contínuo nos emplacamentos de veículos eletrificados. Segundo dados da Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), nos seis primeiros meses de 2023, os brasileiros já adquiriram 8.423 carros com algum tipo de propulsão elétrica. Esse valor representa um aumento de 98% com relação ao mesmo período do ano passado. A expectativa é que sejam emplacados aproximadamente 17 mil veículos eletrificados até o final de 2023.
Falta de incentivo freia o crescimento
O Brasil, diferentemente de mercados expoentes na eletrificação, ainda sofre com a falta de leis e regulamentações de incentivo, tanto para o consumidor, quanto para o produtor automotivo.
Na China, por exemplo, país líder na venda de veículos elétricos, existe grande aceitação desses modelos, graças a políticas governamentais que fomentam esse mercado. Uma delas é a isenção do imposto cobrado pelo governo, que é de 10% do valor de venda do veículo, além de incentivos para o desenvolvimento de novas tecnologias do setor.
Por essa falta de incentivo no Brasil, o preço ainda é um grande empecilho para o crescimento ainda maior dessa tecnologia.
“O valor, sem dúvida, é um aspecto que nos distancia do mercado norte-americano e do mercado europeu. Nesses mercados, os veículos eletrificados são mais acessíveis e existem políticas de incentivo que fazem com que, muitas vezes, os consumidores até prefiram os carros mais verdes”, completa Yago.
Graduando em Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, possui experiência na criação de conteúdo para sites, blogs e redes sociais. Acompanha o mercado de veículos elétricos para o Canal VE.