![Voadeira elétrica em funcionamento no Rio Xingu](https://canalve.com.br/wp-content/uploads/2024/06/Voadeira-eletrica-1-jpg.webp)
Projeto da Norte Energia e da UFPA planeja reduzir significativamente as emissões de poluentes no Rio Xingu. Foto: Divulgação/Norte Energia)
A região do Rio Xingu está recebendo testes de duas voadeiras elétricas para transporte de pessoas. As voadeiras são embarcações bastante comuns na região, utilizadas há décadas para deslocamentos de famílias e pescadores na região Amazônica, e agora contam com um motor elétrico para a propulsão.
O projeto é uma iniciativa da Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA) e está em fase final de teste.
São duas embarcações da Norte Energia, batizadas de Poraquê I e II, em alusão ao peixe elétrico. Uma tem oito metros de comprimento e capacidade para transportar até seis pessoas, e outra de 10 metros para conduzir até oito pessoas.
O objetivo é contribuir para a descarbonização do Xingu, a partir do desenvolvimento de baterias nacionais para propulsão elétrica, e substituir combustíveis fósseis, como gasolina e óleo diesel, por fonte de energia limpa.
Com a iniciativa, ao final de um mês, a estimativa é que tenham deixado de ser consumidos cerca de 1.400 litros de combustíveis fósseis.
Transporte de funcionários
As embarcações ainda estão em fase de testes e, a princípio, serão utilizadas apenas para o transporte de funcionários da Norte Energia. O Poraquê I é o protótipo que se encontra em fase final de testes, enquanto o Poraquê II, mais pesado e com maior capacidade de carga, está em fase final de testes do motor.
“Estamos satisfeitos de ver, na prática, o resultado de um projeto inovador para a região Amazônica a partir de uma fonte limpa e renovável, assim como é a energia produzida por Belo Monte. Estamos às vésperas da COP 30 e o nosso objetivo é deixar esse projeto como herança. Ele tem capacidade para revolucionar o transporte aquaviário de pequeno porte na região, com índices infinitamente menores de emissão de gases poluentes”, avalia o presidente da Norte Energia, Paulo Roberto Pinto.
Para o projeto, a empresa investiu R$ 550 mil nos protótipos, incluindo estudos especializados em conjunto com a UFPA, a aquisição dos equipamentos chineses, um conjunto de baterias de fornecedores nacionais e o desenvolvimento de projeto e construção dos cascos das embarcações.
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Características da voadeira e recarga
As voadeiras são movidas por um conjunto de dois motores, que, combinados, garantem uma potência de 40,4 cv. Cada protótipo utiliza um conjunto que varia de três a quatro baterias, o que, de acordo com os primeiros testes, pode garantir uma autonomia de até 40 km.
O principal objeto de estudo do projeto atualmente é conciliar maior autonomia de viagem com baterias menores, mais leves e com menos tempo de recarga. Isso porque cada conjunto pesa em torno de 60 kg, o que ainda é considerado alto para uma voadeira, que é classificada como uma pequena embarcação.
“Nesse primeiro momento estamos usando baterias adquiridas no mercado chinês, porém, a Norte Energia decidiu que a tecnologia utilizada precisa ser nacional. Assim, já negociamos com empresa local para o fornecimento de baterias 100% nacionais e a próxima etapa é testá-las, no âmbito do projeto, quanto à eficiência e à autonomia. Esta voadeira elétrica é um marco para o transporte da região e continuaremos trabalhando para aperfeiçoar com tecnologia brasileira”, explica José Hilário Farina Portes, consultor de Assuntos Socioambientais da Norte Energia.
Com relação à recarga, ela será feita em dois pontos, um no Porto dos Areeiros, em Altamira (PA), e o outro junto ao Sistema de Transposição de Embarcações (STE), em Pimental (PA). O tempo para carregar está estimado entre duas e três horas e a energia será fornecida pela Usina Fotovoltaica de Altamira.
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Impactos futuros
Apesar de ser um projeto para uso privado, ele pode render bons frutos para o sistema de transporte nos rios espalhados pelo Brasil, não só na região Norte.
De acordo com a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o país possui aproximadamente 63 mil quilômetros de trechos navegáveis dos rios, sendo 70% para o uso de transporte de pessoas, e o restante é de uso comercial, como transporte de cargas.
Com base nisso e em todo o ecossistema elétrico, a economia não fica apenas na parte financeira, mas também na baixa emissão de poluentes nos rios brasileiros.
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Graduando em Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, possui experiência na criação de conteúdo para sites, blogs e redes sociais. Acompanha o mercado de veículos elétricos para o Canal VE.