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UFPB cria tecnologia que reutiliza baterias de veículos elétricos

Projeto foi desenvolvido por grupo de pesquisadores. Foto: GPEnSE/UFPB/Divulgação

Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) criaram protótipos que permitem a reutilização de baterias de veículos elétricos para um segundo uso. O projeto busca uma solução para evitar o desperdício de baterias junto com as baterias rejeitadas quando atingem 80% da capacidade de carga.

O aproveitamento vem de carros ou ônibus elétricos, cujas baterias já encerraram seu ciclo porque não atendem mais os padrões do setor de transportes. A ideia é reutilizar esses itens, conforme o potencial que existe para novas aplicações. 

O pesquisador e docente Oswaldo Hideo Júnior, do Centro de Energias Alternativas e Renováveis da Universidade Federal da Paraíba (CEAR/UFPB), que conduz o Grupo de Pesquisa em Energia e Sustentabilidade Energética (GPEnSE), junto ao pesquisador Eder Andrade da Silva, enxergaram no segundo uso para esses produtos uma solução para conciliar desenvolvimento e sustentabilidade energética.

“Isso não somente reduz custos como também ajuda a prolongar o ciclo do carbono e, consequentemente, a reduzir as emissões de gases do efeito estufa”, explicou Oswaldo. Segundo ele, uma bateria de segunda vida pode custar em torno de 40% a 50% menos que uma exemplar nova.

 

Software

Essa produção de baterias de segundo uso é um dos desdobramentos da criação de um software inovador que rendeu à UFPB um registro concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), para proteção da autoria do programa de computador. O software “Battery Digital Shadow: Sistema de Extração de Atributos para Otimização do Diagnóstico e Prognóstico de Armazenamento de Energia” é um sistema computacional avançado que auxilia na classificação e seleção de células (pequenas pilhas) de baterias usadas.

A ferramenta, criada por Oswaldo Junior e outros dois inventores, Giovane Ronei Sylvestrin e Joylan Nunes Maciel, pesquisadores externos integrantes do GPEnSE/UFPB, recorre a uma Inteligência Artificial (IA) própria para otimizar o processo de diagnóstico das baterias. “A IA é a base do nosso sistema, pois permite prever quanto tempo uma bateria ou uma célula ainda vai durar com base em poucos ciclos e com alta precisão. Nossa IA usa algoritmos modernos de aprendizado de máquina para analisar sinais e prever o comportamento futuro da bateria ou da célula, algo impossível de fazer de outra forma com a mesma assertividade”, explicou o coordenador do GPEnSE.

Após a classificação das células, a parte que não pode ser aproveitada vai para o descarte/reciclagem, enquanto outra parte vai ser reutilizada, conforme o potencial que ainda tem para cada aplicação. 

Uma bateria do tipo estacionária pode, por exemplo, armazenar energia solar para que se possa usar essa energia durante a noite, sem consumo por meio da concessionária, ou pode operar como no-break, garantindo o funcionamento de data centers em caso de queda de eletricidade. Já uma do tipo tracionária pode servir para alimentar o motor elétrico de empilhadeiras elétricas em ambientes industriais.

 

Desenvolvimento

Segundo Oswaldo Junior, a tecnologia já está em estágio avançado de desenvolvimento, classificada como TRL 5 (protótipo funcional validado), com dados reais obtidos em ambiente laboratorial. Ele acredita que a solução pode ser comercializada em até dois anos, a partir da realização de parcerias com empresas, para alcançar níveis de maturidade tecnológica mais elevados para o produto.

“Com investimentos e com o apoio certo, essa tecnologia pode estar pronta para o mercado em pouco tempo, transformando bateria usada em solução energética nacional com IA e provendo à sustentabilidade energética”. O próximo passo é a fase de validação operacional, que implica integrar o sistema com baterias em campo, para avaliar o desempenho de forma contínua e adaptar a solução a diferentes contextos.

Com o software recém registrado no INPI, a universidade agora possuí interesse na transferência dessa tecnologia para o mercado, na forma de licenciamento.

“Estamos abertos para negociações de parceria que viabilizem a chegada desta tecnologia para a sociedade. A equipe de inventores possui expertise e infraestrutura para desenvolvimento de outras soluções tecnológicas nessa área de conhecimento”, informou o diretor de Transferência Tecnológica da Inova, José Bezerra. As empresas interessadas em investir na transferência da tecnologia devem entrar em contato com a Inova/UFPB pelo e-mail [email protected] .

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