Ônibus elétrico da Scania terá aplicação prioritariamente urbana. Foto: Rubens Morelli/Canal VE.
A Scania produzirá seu próprio ônibus 100% elétrico no Brasil, mais precisamente na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), em 2025. A empresa de origem sueca convidou a imprensa para apresentar o K 230E B4x2LB, que será lançado oficialmente ao mercado na Lat.Bus 2024 (Feira Latino-Americana do Transporte), que será realizada de 6 a 8 de agosto de 2024, no Expo Imigrantes, em São Paulo.
O lançamento faz parte de um ciclo de investimentos da empresa no Brasil anunciado para o período de 2025 a 2028, que compreende R$ 2 bilhões no total — desse montante sairão os R$ 60 milhões que serão utilizados exclusivamente para a produção do ônibus elétrico.
A linha de montagem de ônibus da fábrica de São Bernardo do Campo já está passando por adequações para receber a estrutura necessária para o novo projeto. De acordo com os executivos da empresa, a produção está prevista para iniciar em março de 2025, e as primeiras unidades poderão ser entregues a partir de setembro do mesmo ano.
A Scania já participa de uma parceria com as empresas Eletra, Caio (carroceria) e Weg (motor e bateria), em outro produto elétrico, firmada em 2022, na qual fornece apenas o chassi. Este projeto continua normalmente. Agora, a marca quer fortalecer sua presença na eletrificação, com sua própria solução de transporte.
“Iniciaremos as vendas na Lat.Bus. Acreditamos que teremos capacidade para vender 50 ônibus já em 2025”, disse Alex Nucci, diretor de Vendas de Soluções da Scania Brasil. “Nós ofereceremos o veículo e a estação de carregamento, mas será necessário investir em parcerias para fortalecer o desenvolvimento de infraestrutura no país”, completa, alertando sobre a necessidade de investimentos governamentais para o desenvolvimento da eletromobilidade no Brasil.
Especificações técnicas
De acordo com a empresa, o K 230E B4x2LB tem um motor elétrico (chamado de EMC, ou Electric Machine Central) Scania, câmbio Scania e bateria fruto de parceria entre Scania e Northvolt, outra empresa sueca, importados. A fábrica de São Bernardo do Campo fará a montagem do chassi. A unidade será a terceira no mundo a produzir os ônibus elétricos, depois de unidades na Suécia e na Polônia.
O propulsor é chamado EMC 1-2, uma máquina elétrica com potência contínua de 230 kW (310 cv) a 1.750 rpm, torque de 2.200 Nm a 0 rpm (curva plana em regime contínuo) e potência de pico de 300 kW a 1.400 rpm. “No motor a combustão tradicional, o máximo torque é obtido após a aceleração contínua. Este elétrico é diferente. Ele já desenvolve o pico de torque em zero rotação, ou seja, assim que sair da imobilidade”, afirma Marcelo Gallao, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Scania Brasil.
A autonomia é de 250 km a 300 km (já considerando condições severas extremas, com ar-condicionado ligado e topografia irregular), e opções de quatro ou cinco pacotes de baterias.
A principal aplicação é urbana, com tração 4×2, com flexibilidade para carrocerias de 12 a 14 metros de comprimento, a depender das configurações do encarroçador. A capacidade média é de 80 passageiros, em configurações de piso baixo ou normal.
Baterias importadas
As baterias serão importadas da Suécia via parceria entre Scania e a Northvolt, que as desenvolvem em conjunto para veículos elétricos, num acordo firmado em 2017, entre as líderes em sustentabilidade. Em 2023, a Scania inaugurou uma nova fábrica de baterias em Södertälje, na Suécia, onde células de bateria são montadas para caminhões e ônibus elétricos pesados.
As baterias são de NMC (lítio-níquel-manganês-cobalto), que dispõem de uma maior densidade de carga, o que significa menos peso total do veículo e, consequentemente, mais capacidade para transportar passageiros.
As baterias são modulares, facilitando a distribuição da carga. Na versão com cinco pacotes de baterias (quatro no teto e um na parte traseira), o conjunto tem 520 kWh de capacidade. Já na versão com quatro pacotes de baterias (três no teto e um na parte traseira do veículo), a capacidade é de 416 kWh.
O tempo de recarga varia de 150 a 170 minutos, a depender do conjunto. A Scania estabelece a utilização de 75% da capacidade da bateria, ou seja, sem operar abaixo de 12,5% ou acima de 87,5% da autonomia, para maior vida útil do conjunto. Segundo a empresa, o ônibus pode rodar até 1,2 milhão de quilômetros sem perda considerável de eficiência se utilizado com as especificações corretas.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.