Marcus Rogério Silva (à esq.), Wagner Medina (centro) e Wilson Miranda (à dir.) são motoristas de transporte por aplicativo. Foto: Rubens Morelli
Três motoristas que atuam no transporte de passageiros por aplicativo em São Paulo são categóricos ao afirmar: usar um veículo elétrico no trânsito é muito mais vantajoso.
Wilson Miranda, Wagner Medina, e Marcus Rogério Silva são motoristas da Uber e participam de um projeto de três meses de duração sobre a mobilidade elétrica na capital paulista.
O experimento é coordenado pela movE, startup que oferece soluções inteligentes para recargas de VEs, e que tem como parceiros a própria Uber, que selecionou os motoristas, a Movida, que concedeu desconto nos aluguéis dos carros e a AES Brasil, empresa de energia que patrocinou o projeto.
A movE, além de proporcionar o gerenciamento das recargas dos veículos por meio de aplicativo, ainda providenciou a instalação de carregadores fixos nas casas dos motoristas, contribuindo para a melhor experiência deles na condução.
“A mudança é drástica. Eu trabalhava com um carro a combustão e câmbio manual. Era bem desgastante. Um carro elétrico é muito mais leve, a condução é muito mais tranquila em termos de ruído, de direção, de tudo”, diz Wagner Medina. “Antes eu fazia 35, 40 viagens por dia, e chegava em casa muito desgastado, louco para largar o carro e nunca mais olhar para ele. Hoje eu chego em casa tranquilo, sem desgaste nas pernas, sem desgastes nos braços, é muito mais prazeroso dirigir.”
A opinião é compartilhada pelo colega Marcus Rogério Silva. “É diferente por questão de conforto, barulho, um carro movido 100% a energia, você se sente mais tranquilo no trânsito. Só tenho experiências boas pra levar”, conta.
O desgaste na condução é apenas um dos motivos apontados pelos motoristas como fatores positivos no experimento. Outro ponto é financeiro.
“Eu gastava cerca de R$ 3.200,00 com gasolina todos os meses trabalhando com um carro a combustão. Agora, com um veículo elétrico, nas mesmas condições de uso, eu gasto R$ 600 na conta de luz. Essa diferença de R$ 2.600 é o que sobra no meu bolso. Compensa muito usar um veículo elétrico para trabalhar”, afirma o motorista Wilson Miranda.
Telemetria e geração de dados
Segundo o CEO da movE, Cesare Pica, todo o projeto está servindo como base para coleta de dados, que servirão para aplicações futuras no transporte de passageiros. “Os carros possuem equipamentos de telemetria para coletar informações sobre as viagens em tempo real, ou seja, nós sabemos o tipo de percurso, a distância percorrida, se o ar-condicionado do carro está ligado ou não, a temperatura externa, as condições de trânsito, etc”, diz o empresário.
“Além disso, disponibilizamos formulários aos passageiros que utilizam esses carros para nos informar suas preferências, suas experiências a bordo e até se pagariam mais ou menos por viagens em veículos elétricos. Tudo isso será utilizado para a sequência do projeto e a possível implementação da mobilidade elétrica no futuro. Cada empresa envolvida poderá escolher o melhor plano de atuação no mercado com base nesses dados”, explica.
O experimento tem sua conclusão prevista para o final de setembro. Antes mesmo do fim do prazo, os motoristas envolvidos no projeto já aprovaram a experiência, e dizem querer continuar a trabalhar com um carro elétrico no futuro.
“A vontade de continuar com um carro elétrico não falta. O problema é o incentivo do governo, pois acho que os valores ainda são um pouco pesados, ainda mais para motoristas de aplicativos, que têm rendas pequenas. Mas penso que o meu futuro é esse: investir em um carro elétrico. A princípio, já vou abrir mão do carro a combustão. Vou começar pelo híbrido, e acredito que em poucos anos eu possa adquirir um elétrico”, diz Marcus Rogério Silva.
“Para o transporte de passageiros, a mobilidade elétrica é a solução sim. O carro ideal para o motorista de aplicativo, para o profissional que usa muito o carro na cidade, é o carro elétrico. Tanto para a economia, como para o meio ambiente. A gente sempre rodou 200 km, 250 km por dia. Imagina o quanto de CO2 nós deixamos de emitir nesses? Quilos e mais quilos de poluição”, afirma Wilson Medina.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.