Redwood Materials está disposta a provar que reciclagem de baterias de veículos elétricos é viável. Foto: Divulgação/Toyota.
No processo de transição energética da mobilidade, ainda há muitas dúvidas em relação ao fim da vida útil da bateria dos veículos elétricos. Mas a empresa americana Redwood Materials está disposta a provar que não só é possível reciclar as baterias como também criar um caminho para a economia circular sem depender da mineração.
Fundada no estado de Nevada, nos Estados Unidos, a recicladora anunciou ter atingido a taxa de 95% de recuperação de baterias de veículos elétricos, 12 meses após o início de seu primeiro programa de reciclagem do tipo, realizado na Califórnia.
A empresa foi fundada por J. B. Straubel, ex-diretor técnico da Tesla, e tem como missão “construir uma cadeia de suprimentos circular para alimentar um mundo sustentável e acelerar a redução de combustíveis fósseis”.
A Redwood já processa 6 GWh de baterias de íons de lítio anualmente. Isso é o equivalente a 60 mil VEs. A empresa diz ser atualmente a maior parte das baterias de íon-lítio recicladas na América do Norte.
Reciclagem é o caminho
De acordo com a empresa, as mudanças climáticas estão criando uma necessidade global para eletrificar a frota e reduzir o uso de combustíveis fósseis. Mas a projeção é que a eletrificação aumente a demanda de íons de lítio em mais de 500% até 2030. A cadeia de suprimentos não está preparada para suportar esse crescimento. Assim, a reciclagem seria o melhor caminho.
Denominado “mineração não extrativa”, o objetivo é tornar a extração de materiais valiosos (como lítio e níquel) de baterias usadas mais econômica do que a mineração tradicional, o que abriria caminho para uma economia circular.
Isso significa que, se processos eficazes de reciclagem de baterias em fim de vida puderem ser desenvolvidos, os materiais entrariam em um sistema de reciclagem próprio, que reduziria drasticamente a necessidade de mineração.
E os resultados são animadores. Durante os primeiros 12 meses do programa piloto californiano, a Redwood diz que coletou 1.268 baterias em fim de vida, totalizando cerca de 227 toneladas de 19 modelos totalmente elétricos e híbridos diferentes.
Com a experiência, a empresa anuncia ter conseguido extrair mais de 95% dos metais das baterias usadas, que incluíam lítio, cobalto, níquel e cobre.
Solução para a reciclagem
A Redwood vem reciclando baterias há alguns anos. No entanto, o objetivo do programa piloto não é apenas provar a tecnologia de reciclagem, mas também desenvolver o sistema de coleta e entrega. A empresa diz que o piloto californiano é o maior programa do gênero em todo o mundo.
Inicialmente, a empresa firmou parceria com a Ford e a Volvo. Depois, a Toyota e o Volkswagen Group também aderiram à iniciativa. A Redwood incentiva outras montadoras a integrarem o programa, dizendo que aceitarão todas as baterias de íons de lítio (Li-ion) e níquel-metal hidreto (NiMH) no estado.
Embora a Redwood esteja sediada em Nevada, ela escolheu a Califórnia para o projeto piloto devido à liderança de longa data do estado na transição para o transporte elétrico. É que a Califórnia é o mais antigo e um dos maiores mercados de VEs dos Estados Unidos. Assim, a primeira onda de baterias em fim de vida terá origem naquele estado. A ideia deve ser replicada para outras áreas do país.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.