BYD Dolphin seminovo tem giro rápido no mercado. Foto: Divulgação/BYD.
O BYD Dolphin e o BYD Dolphin Mini registram o giro mais rápido do mercado brasileiro de seminovos, superando inclusive modelos flex e a combustão amplamente consolidados. É o que mostram os dados mais recentes do Market Watch Brasil, relatório da Indicata, plataforma especializada em precificação e análise do mercado de veículos usados.
O desempenho aparece no indicador Market Days Supply (MDS), que mede o tempo médio que um veículo permanece em estoque antes de ser vendido. Entre os modelos com até quatro anos de uso, o BYD Dolphin apresenta MDS de 19,5 dias, o menor índice do mercado, enquanto o Dolphin Mini registra 29,8 dias, consolidando a liderança dos dois elétricos em velocidade de venda. Como comparação, o carro seminovo mais vendido do Brasil em volume, o Chevrolet Onix, tem MDS de 56,2 dias (leia abaixo).
Na prática, isso significa que os compactos elétricos da BYD ficam menos tempo à venda do que a maioria dos carros usados no Brasil, um sinal claro de alta liquidez e de maior confiança do consumidor no momento da compra.
Elétricos superam flex e combustão em giro
A comparação direta com modelos tradicionais ajuda a dimensionar o resultado. SUVs flex populares no mercado de usados, como Toyota Corolla Cross e Caoa Chery Tiggo 7, apresentam MDS entre 36 e 38 dias, enquanto veículos exclusivamente a combustão, como Mitsubishi Eclipse Cross e Caoa Chery Tiggo 8, chegam a ultrapassar 40 dias em estoque.
Mesmo entre os carros mais vendidos por volume no mercado de seminovos, o giro é mais lento. Chevrolet Onix, líder histórico de vendas, registra MDS de 56,2 dias, seguido por Hyundai HB20 (51,7 dias) e Volkswagen Polo (48,1 dias). O contraste evidencia que volume de vendas não significa, necessariamente, rapidez de negociação.
Equação econômica explica o desempenho
Segundo a análise da Indicata, o avanço dos elétricos compactos não está ligado apenas à tecnologia, mas a uma equação econômica bem resolvida. Preços mais próximos aos de hatches flex, menor custo de uso, boa usabilidade no ambiente urbano e pacotes de equipamentos modernos contribuem para reduzir a percepção de risco, inclusive entre compradores tradicionalmente mais conservadores.
O estudo também mostra que nem todos os eletrificados apresentam o mesmo desempenho. Modelos como BYD Song Plus (MDS de 35,9 dias), GWM Haval H6 (46,5 dias) e Volvo XC60 (59,6 dias) têm giros mais longos, reforçando que segmento, preço e proposta de uso seguem sendo determinantes no mercado de usados.
Sinal de maturidade do mercado de elétricos
O giro acelerado de Dolphin e Dolphin Mini indica uma mudança relevante no mercado brasileiro. Pela primeira vez, carros elétricos compactos passam a disputar, em condições reais, a preferência do comprador de seminovos com modelos flex, tradicionalmente dominantes nesse segmento.
Em um cenário de crédito caro, orçamento mais restrito e consumidores cada vez mais racionais, os dados de MDS mostram que o carro elétrico deixa de ser uma aposta futura e passa a ser considerado uma escolha viável no presente.
No entanto, vale ressaltar que o impacto dos elétricos no mercado de usados ainda é limitado, por conta do volume ainda pequeno, se comparado à frota total, o que torna a base insuficiente para influenciar preços, rotação ou padrões de depreciação, segundo o estudo. Apesar disso, a nova percepção do consumidor em relação à tecnologia moderna, à garantia ampla, e aos preços competitivos já cria um terreno fértil para uma transformação futura.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.
