Presidente da Comissão da União Europeia Ursula von der Leyen e o presidente dos Estados Unidos Joe Biden conversam na Casa Branca. Foto: Divulgação.
Estados Unidos e União Europeia estão buscando selar um acordo sobre os minerais essenciais para a produção de baterias de carros elétricos. A eventual assinatura do projeto tornaria possível que os veículos elétricos fabricados na Europa pudessem receber créditos fiscais nos EUA, atualmente reservados para carros fabricados na América do Norte.
O acordo vem sendo discutido nos últimos dias pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e pela presidente da Comissão da UE, Ursula von der Leyen. Uma reunião para tratar do assunto chegou a ser realizada na Casa Branca, em 10 de março de 2023.
Além disso, o acordo garantiria cadeias de fornecimento para produção de baterias na UE e acesso ao mercado dos EUA. Isso significa que as matérias-primas essenciais extraídas na UE teriam o mesmo acesso ao mercado americano que as extraídas na América do Norte.
“Os Estados Unidos e a Comissão Europeia anunciaram o lançamento do diálogo de incentivos à energia limpa para coordenar nossos respectivos programas de incentivo para que se reforcem mutuamente”, disseram Biden e von der Leyen em seu comunicado conjunto.
Abertura do comércio
A lei de energia limpa aprovada por Biden em 2022 e que oferece incentivos fiscais a consumidores de veículos elétricos vinha sendo alvo de críticas da União Europeia.
A regra estipula que consumidores americanos só podem ser elegíveis a um crédito fiscal de US$ 7,5 mil (R$ 39,2 mil) na compra de um VE se o modelo em questão tiver bateria composta por grande parte de minerais provenientes dos EUA ou de um país com o qual os americanos tenham acordo de comércio livre. Além disso, 50% dos componentes das baterias devem ser fabricados ou montados na América do Norte até 2024, com a porcentagem aumentando gradualmente até chegar a 100% em 2028.
A Comissão da União Europeia, por sua vez, também tinha seu próprio programa de subsídios. Nos casos em que o risco de realocação é alto, os países poderão futuramente compensar subsídios oferecidos por um governo não europeu, por exemplo, na tentativa de manter a empresa na UE.
A Volkswagen, por exemplo, havia declarado a intenção de instalar fábricas de baterias e de carros elétricos nos EUA, em vez de na Europa, por conta dos benefícios econômicos da mudança.
O novo acordo entre Estados Unidos e União Europeia ainda não está completamente fechado, mas as negociações adiantadas podem ajudar a resolver a disputa sobre os subsídios para tecnologias verdes, sem que haja prejuízo em relação ao mercado asiático.
A intenção de Von der Leyen é que a União Europeia não corra o risco de dependência energética da China, no que se refere à mobilidade elétrica, para evitar problemas no futuro. “Não queremos uma dependência como a que já conhecemos com a Rússia, com os combustíveis fósseis”, disse a presidente da Comissão da UE. “Não queremos depender de matérias-primas críticas. Por isso, estamos diversificando e fortalecendo nossas cadeias de abastecimento com parceiros que pensam da mesma forma”, acrescentou.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.