Temporada 12 começa em 6 de dezembro de 2025, com o E-prix de São Paulo. Foto: Divulgação/Fórmula E
A Fórmula E, categoria 100% elétrica do automobilismo, pode ter um impacto real no dia a dia das pessoas. Isso porque diversas tecnologias já aplicadas ao mercado da eletrificação são testadas antes na modalidade esportiva, o que transforma o campeonato em um grande laboratório da mobilidade elétrica.
Com o avanço da eletromobilidade em escala global, novas tecnologias automotivas vão surgindo para potencializar ainda mais esse segmento. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), no final de 2024, a frota de carros elétricos atingiu quase 58 milhões de unidades, cerca de 4% da frota total de carros de passeio do mundo. Nesse aspecto, é possível elencar algumas inovações tecnológicas já presentes nos carros elétricos que vieram da Fórmula E.
Fundamentos como carregamento ultrarrápido, gestão de baterias, frenagem regenerativa, aerodinâmica e potência dos motores costumam passar pelas pistas antes de se consolidarem nos veículos do dia a dia.
Assim, a Fórmula E contribui ativamente para o presente e o futuro da mobilidade elétrica. Vale destacar que na Temporada 2026/27, o carro GEN4 tomará o lugar do atual GEN3 EVO, prometendo ainda mais inovações e avanços.
Neste artigo, explicamos abaixo 5 aspectos gerais dos carros elétricos que tiveram a Fórmula E como laboratório.

1 – Carregamento ultrarrápido
Um dos principais desafios da eletromobilidade é o tempo de recarga dos veículos. Na Fórmula E, carregadores ultrarrápidos de corrente contínua (DC) são testados para garantir mais autonomia em menos tempo aos carros e oferecer, posteriormente, soluções ainda melhores para os eletropostos do dia a dia.
A ABB, parceira oficial da Fórmula E, desenvolveu um carregador DC portátil de 160 kW de potência, que pode abastecer 2 veículos simultaneamente antes da corrida, com 80 kW de potência para cada. Isso permite que as equipes de corrida se beneficiem de uma capacidade de carregamento dupla em uma única unidade.
Em relação aos eletropostos, os carros de rua já encontram – dependendo do modelo – opções para fazer a recarga rápida (DC) em menos de 40 minutos. A tendência é que esse tempo seja cada vez menor com o avanço da tecnologia de recarga.
2 – Gestão de baterias
Outra questão muito debatida nos carros elétricos é a vida útil das baterias. As montadoras constantemente investem em pesquisa para melhorar esses sistemas, visando diminuir as manutenções necessárias e otimizar a eficiência.
Na Fórmula E, o sistema de gerenciamento de baterias (BMS) evolui de forma notável de uma geração para outra. Com o advento do GEN4 na temporada 13, é possível que haja mais aprimoramentos no BMS.
3 – Frenagem regenerativa
Atualmente o GEN3 EVO tem 600 kW de capacidade na frenagem regenerativa, número que será ampliado para 700 kW no GEN4. Para se ter ideia, na Temporada de 2014 – a 1ª da história da Fórmula E – os pilotos precisavam trocar de carro no meio da corrida para completar a prova. Hoje, com o carro atual, aproximadamente 50% da energia usada na corrida é gerada durante a própria corrida, percentual que será ainda maior na próxima geração.
A frenagem regenerativa transforma energia cinética em eletricidade nas desacelerações, por meio do sistema Kers (Kinectic Energy Recovery System, ou Sistema de Recuperação de Energia Cinética).
Para os carros de rua, avançar na frenagem regenerativa significa mais autonomia, economia e eficiência energética.

4 – Aerodinâmica
Atualmente, as configurações aerodinâmicas do GEN3 EVO englobam um kit de carroceria projetado para ser mais forte e robusto, promovendo corridas com mais ultrapassagens entre os pilotos. O pneu do carro – produzido pela Hankook – tem 35% de sua composição feita com materiais recicláveis. Além disso, terá o sistema iON Race, que oferece uma plataforma estável enquanto as equipes ajustam suas configurações, fator importante para uma pista que precisa de bastante aderência.
Já o GEN4, por sua vez, terá duas configurações aerodinâmicas — uma voltada à qualificação (alto downforce) e outra para as corridas (baixo downforce). A construção desse carro inclui materiais 100% recicláveis (com pelo menos 20% de conteúdo reaproveitado), reforçando o compromisso da categoria com o conceito de design circular.
Para os carros de rua, mais aerodinâmica representa mais eficiência energética, autonomia e controle.
5 – Potência dos motores
Os carros da Fórmula E terão, com o GEN4, um sistema de motorização de mais de 815 cv (600 kW), além de tração integral ativa. Para efeito de comparação, a primeira geração de carros da Fórmula E tinha motores de 200 kW de potência, quase 272 cv.
No GEN3 EVO, a aceleração de 0 a 100 km/h pode ser feita em 1,86 segundo, o que garante que ele seja 30% mais rápido do que os Fórmula 1 no quesito.
Um motor mais potente simboliza, para os carros de rua, uma capacidade maior de atingir velocidades mais altas, otimizada pelo torque instantâneo gerado pelo sistema elétrico. Mas é importante ressaltar que os limites de velocidade e normas de segurança devem ser sempre respeitados impreterivelmente.
Integração entre Fórmula E e carros do dia a dia
Em suma, a conexão entre as tecnologias da mobilidade elétrica e os testes realizados na Fórmula E simboliza um movimento importante para o avanço desse setor. A categoria funciona como um grande laboratório, no qual baterias, motores, sistemas de eficiência energética e demais tecnologias são levados ao limite em condições reais de competição.
A partir dos dados coletados durante as corridas, fabricantes aprimoram desempenho, autonomia e segurança. Assim, essas inovações acabam migrando para carros de uso cotidiano.
Com isso, a Fórmula E se consolida como impulsionadora da mobilidade elétrica global.

Estudante de jornalismo na PUC-Campinas. Atuou como redator, repórter, social media e assessor de imprensa na área de esportes. Estagiário no Canal VE.