
Painel sobre padronização e certificação na infraestrutura de recarga do Latam Mobility 2025. Foto: Rubens Morelli/Canal VE.
Padronizar e certificar os equipamentos e os sistemas de recarga são fundamentais para a expansão do mercado de mobilidade elétrica no Brasil. Esse foi o tom do painel “Padronização, certificações e melhores práticas de instalação e segurança”, apresentado no Latam Mobility & Net Zero 2025, encontro que reuniu, em São Paulo, líderes do setor da mobilidade elétrica no país e na América Latina.
O debate sobre a segurança nas instalações de estações de recarga vem ganhando força nos últimos meses, com a expectativa da criação de um conjunto de normas de validade nacional, que deve ser divulgada nas próximas semanas.
“Em um país maduro, quanto mais normas existem, mais o país é evoluído do ponto de vista tecnológico e da sociedade. Este equilíbrio deve ser estabelecido por normas também. Por mais que os equipamentos utilizados no Brasil sejam certificados em seus países de origem, é preciso que nós também tenhamos nossas próprias certificações, de acordo com a realidade de nosso país”, disse Rodrigo Vicentini, gerente de engenharia de soluções da Keysight Technologies.
“Um grande desafio das normas, da certificação e da vigilância é o equilíbrio. Não podemos exagerar, mas não podemos ficar com critérios ineficazes. Duas frentes discutidas para certificação de baterias e de carregadores foi assertiva pela velocidade que precisamos para avançar. A NR 10 não cobre alguns pontos que precisam ser complementados para atender os carros elétricos”, falou Alexandre Xavier, superintendente do Instituto da Qualidade Automotiva.
Infraestrutura em condomínios
Para Rogério Lin, superintendente responsável pelo Comitê Brasileiro 024 – Segurança contra Incêndio (CB024), da ABNT, o maior desafio está nas edificações. “Onde temos de avançar mais é nas normas para as edificações residenciais, onde a gente está dormindo com nossa família. A edificação precisa passar por fiscalizações para evitar gambiarras. Também temos de pensar nas manutenções desses carros no longo prazo, para não comprometer a segurança. O CB024 estuda este tema há mais de um ano e meio, junto com o Corpo de Bombeiros, e estamos obtendo êxito”, afirmou.
O painel no Latam Mobility 2025 teve a moderação de Clemente Gauer, coordenador do Grupo de Trabalho sobre Segurança da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico). “Começamos a eletromobilidade no Brasil muito atrasado em relação a outros países, e, por isso, temos exemplos no mundo. Nos Estados Unidos, houve uma ‘guerra’ entre as correntes alternada e contínua, e isso atrapalhou o desenvolvimento da infraestrutura lá. Outro país proibiu bicicletas elétricas, mas isso acabou fazendo com que ocorressem acidentes porque o clandestino cresceu. Quando houve a regulamentação, o número de mortes por acidentes caiu drasticamente”, disse.
“A vantagem do Brasil é que estamos discutindo critérios razoáveis enquanto ainda há tempo para que as pessoas não partam para a informalidade”, completou Gauer.

Latam Mobility & Net Zero 2025
Durante dois dias (7 e 8 de maio de 2025), o Latam Mobility & Net Zero 2025 apresentou a um público seleto painéis estratégicos sobre a mobilidade no Brasil, com palestras de especialistas e debates enriquecedores para o mercado. Além da segurança nas instalações de recarga, o público pôde conferir debates a respeito da mobilidade como serviço, logística sustentável, novas tecnologias, financiamento verde e crédito de carbono, e mercado livre de energia, entre outros temas importantes para o setor.
Outro destaque foi a área de networking, em que empresários puderam trocar experiências e casos de sucesso, e fomentar novas parcerias estratégicas para o crescimento da mobilidade elétrica no Brasil. O evento tem o apoio do Canal VE.

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.