O Workshop Internacional “Eletromobilidade & Segurança nas Edificações”, foi realizado em São Paulo. Foto: Divulgação/Rubens Morelli
A regulamentação para as instalações de estações de recarga em edificações deve ser apresentada nos próximos dias. O documento, com as diretrizes que deverão ser aplicadas em todo o território nacional, está concluído. Faltam apenas alguns detalhes para a apresentação formal. A informação é do Coronel PM Max Alexandre Schroeder, comandante da Escola Superior de Bombeiros, em entrevista exclusiva ao Canal VE.
“Vamos soltar essa diretriz nas próximas semanas. Temos trabalhado intensamente, desde 2023, e estamos próximos dessa finalização, que é o que as pessoas anseiam, que o Corpo de Bombeiros, de uma maneira geral, também anseia, porque a gente precisa padronizar e dar uma segurança para as pessoas que estão instalando seus equipamentos, para elas entenderem quais são as adaptações que elas devem fazer. A gente sabe da necessidade de ter essa resposta o quanto antes e estamos trabalhando para finalizar isso o mais rápido possível”, disse Schroeder.
O coronel participou do Workshop Internacional “
Eletromobilidade & Segurança nas Edificações”, realizado em São Paulo, em 6 de junho de 2025, evento que encerrou uma semana repleta de testes de estresse de bateria e aprendizados em relação a combates a incêndio em escala real.O encontro foi promovido pelo Conselho Nacional dos Comandantes-Gerais dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil (Ligabom), Fundação de Apoio ao Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (Fundabom) e Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), com apoio do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CBPMESP), e contou com um público de cerca de 1.500 pessoas, entre autoridades, Bombeiros militares de todos os estados, representantes de entidades civis e interessados em geral.
Diretrizes brasileiras
De acordo com o Coronel Schroeder, a normativa nacional será diferente do parecer técnico do Corpo de Bombeiros de São Paulo, levado à consulta pública em 2024, pois, segundo ele, houve muito aprendizado desde então.
“Estudamos muito ao longo desse tempo e tivemos que tomar uma série de decisões sempre buscando a preservação da vida, mas não fugindo da realidade, traçando o que entendemos que é razoável, e tratando aquilo que é razoável com as entidades que representam tanto os fabricantes de veículos como as relacionadas à contração civil, que sabem dos impactos que podem ser causados com o aumento das medidas de segurança contra incêndio. Muitas vezes essas medidas são necessárias, sendo adotadas dentro da razoabilidade”, falou.
Os pontos mais polêmicos do parecer de 2024, como o distanciamento dos veículos nos estacionamentos, ou mesmo a construção de muros nas vagas, não constarão na normatização.
“O parecer vai estar bem diferente do que foi apresentado antes, com condições diferentes, principalmente com aspecto a afastamento, praticamente não vai falar mais sobre afastamento, em área aberta, ou em locais fechados. Vamos fazer propostas de mudanças em termos de legislação para as edificações que serão construídas, para que elas já venham com sistemas mais seguros de garagem, de proteção realmente, dada a mudança da tecnologia que a gente visualizou em questão aos veículos automotores num geral, mas também na presença dos veículos elétricos, híbridos nas garagens, e propostas de adaptações nas edificações já existentes”, afirmou.
“Uma coisa que é fato é que uma das premissas básicas é que nós vamos cobrar a questão relacionada às instalações elétricas desses carregadores, que o entendimento é que essas instalações têm que ser mais seguras, têm que ser do tipo três, ou seja, que já sejam feitas em forma de wallbox e recursos de segurança adicionais que nos dão uma certa garantia, com o quadro de proteção e demais práticas que estão estabelecidas na NBR-17019”, completou o Cel. Schroeder, citando que as diretrizes deverão ser aplicadas em todo o Brasil, mas os Bombeiros de cada estado terão autonomia para realizar os devidos ajustes, conforme as características de cada região.
Exemplo para a América Latina
O presidente da ABVE, Ricardo Bastos, elogiou o trabalho desenvolvido pelo Corpo de Bombeiros para a criação da normativa nacional. Para ele, as novas diretrizes estão sendo construídas de maneira muito responsável pelas autoridades, que privilegiaram a ciência.
“O simpósio que estamos hoje é resultado de trabalho que partiu desde uma consulta pública, mas que tomou uma dimensão nacional. Fizemos viagens à China, Europa, EUA e Noruega. A primeira coisa foi o compartilhamento de informações técnicas e o entendimento que ia ser uma questão não apenas do Estado de São Paulo e muito menos do Brasil, ia ser uma questão global. Então chegamos agora nesse ano que essa questão de já divulgar essa norma, usando um padrão nacional, e eu tenho certeza que pelo Brasil estar à frente na eletrificação, vai poder contribuir na região da América do Sul, América Latina e até os outros países que nos ajudaram a construir essa norma, podemos nos tornar referência para eles também”, falou Bastos.
“É uma norma produzida a várias mãos, não apenas da indústria automobilística, mas também a construção civil. Tivemos a parceria da Secovi e do Sinduscon, que são parceiras da ABVE, várias empresas de várias nacionalidades, mas também os nossos associados. Isso é uma boa notícia, porque vai padronizar todas essas questões que permeiam os síndicos e todos os locais. Tenho certeza que os políticos que já estão envolvidos também têm uma sensação muito boa. No nosso horizonte, não há uma previsão muito distante de acontecer a divulgação da norma”, completou.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.
