Infraestrutura de recarga é fundamental para adoção em massa de veículos elétricos. Foto: Divulgação/Freepik.
Carregar os veículos elétricos é mais difícil do que adquiri-los, dizem os motoristas de transporte por aplicativo. Pelo menos, essa é a conclusão do mais recente estudo da Uber Technologies a respeito da eletrificação no transporte de passageiros em sua plataforma. Pela primeira vez em quatro anos, o principal obstáculo citado pelos motoristas é onde carregar, e não mais os preços dos veículos em si — que estão ficando mais competitivos a cada ano.
O problema é ainda mais crítico entre os motoristas que não têm acesso à infraestrutura domiciliar. Entre os motoristas ouvidos na pesquisa, apenas 36% nos Estados Unidos, 27% no Reino Unido e 13% na Holanda possuem carregadores nas próprias casas, de acordo com as informações publicadas pela Bloomberg. Ou seja, a maioria depende de infraestrutura de recarga nas ruas.
Para tentar sanar o problema de infraestrutura, a Uber e a organização C40 Cities elaboraram uma parceria experimental em três cidades: Londres, Boston e Phoenix. O objetivo da colaboração é ampliar o acesso à infraestrutura de recarga para cerca de 55 mil motoristas que atualmente não têm à disposição estações de recargas acessíveis e convenientes nessas localidades.
Onde há infraestrutura, há mais veículos elétricos
Além disso, a Uber está preparando o lançamento de uma ferramenta para estimar a demanda futura por infraestrutura de recarga de veículos elétricos, ajudando autoridades a encontrar localidades com deficiência em estações de recarga.
O lançamento inicial da ferramenta abrange 40 cidades ao redor do mundo, permitindo que autoridades municipais e de serviços públicos identifiquem, em áreas com precisão de menos de um quilômetro quadrado, onde carregadores públicos devem ser instalados para ajudar mais motoristas com alta quilometragem a optarem por veículos elétricos.
A empresa de mobilidade já fez um experimento em 2022, investindo cerca de 5 milhões de libras na instalação de 700 carregadores em áreas do norte e do leste de Londres, o que melhorou o acesso aos motoristas dessas regiões. O resultado foi positivo, já que, de acordo com a Uber, os motoristas tiveram uma decisão mais fácil de migrar para os veículos elétricos após o acesso à infraestrutura de recarga nas proximidades.
Realidade no Brasil
O Brasil não fica atrás na necessidade de ampliar a rede de recarga para veículos elétricos, especialmente aqueles utilizados em plataformas de mobilidade.
Tanto que a DiDi Chuxing — controladora da 99, outra plataforma de transporte por aplicativo — confirmou recentemente a intenção de instalar 10 mil pontos de recarga no país nos próximos anos.
Atualmente, o Brasil tem cerca de 14,8 mil estações de recarga pública e semipública disponíveis, segundo estimativa da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.
