
BYD busca expansão global ainda mais robusta nos próximos anos. Foto: Divulgação/BYD.
As montadoras chinesas de veículos elétricos estão intensificando os esforços de expansão global, mesmo em um ano marcado por incertezas geopolíticas e barreiras comerciais em diversos mercados. A análise é da publicação Nikkei Asia, após uma semana em que BYD, Geely e XPeng intensificaram movimentos fora do mercado doméstico chinês.
Embora a principal novidade da BYD na semana tenha sido exclusivamente para a China, com o carregador veicular de 1 MW de potência, capaz de carregar carros elétricos em 5 minutos, a greentech mantém o protagonismo na expansão global, com avanços nas fábricas na Tailândia — já em operação — e na construção das unidades da Hungria, Turquia e Brasil.
Ao mesmo tempo, a XPeng anunciou nesta semana que pretende mais que dobrar suas vendas internacionais em 2025, com meta de superar as 40 mil unidades, enquanto a Geely estipulou como meta se tornar a marca chinesa líder no Oriente Médio e figurar entre as três principais da Europa Oriental e da região pan-europeia.
Além disso, o Brasil ainda espera a chegada dos carros da Omoda & Jaecoo e também da GAC Motor ao país ainda no primeiro semestre de 2025. Até mesmo a Xiaomi, conhecida pelos celulares e eletrônicos, anunciou planos de vender seus veículos elétricos fora da China a partir de 2027.
Segundo Eugene Hsiao, analista do setor automotivo da Macquarie Capital, ouvido pela Nikkei Asia, a forte concorrência doméstica tem empurrado as montadoras chinesas para o exterior, onde há espaço para crescimento e margens mais atraentes. “A internacionalização é fundamental para justificar o otimismo dos investidores em relação a marcas como XPeng e Xiaomi”, avalia.
Ele ressalta, no entanto, que os planos do presidente norte-americano Donald Trump — que propõe novas tarifas — não devem afetar significativamente a presença chinesa nos EUA no curto prazo. “Mas a reação dos aliados dos EUA, como União Europeia, Canadá e México, será determinante. Se houver atritos, isso pode abrir espaço para que a China negocie melhores condições para suas exportações de EVs”, conclui.
Planos internacionais
A XPeng anunciou nesta semana seu primeiro empreendimento de manufatura no exterior, na Indonésia, onde iniciou recentemente a pré-venda de dois modelos, com previsão de início de produção na segunda metade deste ano. A empresa pretende mais que dobrar suas vendas no exterior para mais de 40 mil unidades e expandir para mais de 300 lojas de vendas e serviços em todo o mundo.
Enquanto isso, a Geely Automobile também anunciou, na quinta-feira, planos para acelerar sua expansão internacional. A montadora pretende se tornar a principal marca chinesa no Oriente Médio e estar entre as três maiores nos mercados pan-europeus e da Europa Oriental. Também planeja estabelecer um segundo mercado de 100 mil unidades na Ásia-Pacífico e focar em veículos elétricos e modelos a combustão redesenhados na América Latina e África.
Já a BYD começou a acelerar sua expansão internacional antes das concorrentes, e hoje já está bem estabelecida em diversos mercados, como o Brasil. Em 2024, a marca vendeu mais de 417 mil veículos de novas energias no exterior, um aumento de 72% em relação ao ano anterior. E a empresa dá mostras de que almeja ainda mais para 2025.
A nova Super E-Platform, com arquitetura de 1.000 V para carros de passeio com produção em massa, e a possibilidade de recargas tão rápidas quanto um abastecimento de um carro a combustão são a prova de que a tecnologia está avançando na mesma velocidade de sua expansão global.
Resta saber como os países ao redor do mundo reagirão à expansão global das montadoras chinesas nos próximos meses.

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.