
Bonde deve entrar em circulação em novembro deste ano. Foto: Roberto Dziura Jr/AEN
O Brasil recebeu mais um veículo movido por baterias para ingressar no transporte coletivo. Guiado por meio de um sistema de “trilhos virtuais”, o Bonde Urbano Digital (BUD) fará parte do transporte público da Região Metropolitana de Curitiba – entre as cidades de Pinhais e Piraquara. A expectativa é iniciar os testes e as viagens em novembro.
Fruto de um investimento da Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (Amep), o BUD é movido por baterias de íons de lítio de 600 kWh, que podem ser carregadas rapidamente nas estações por pantógrafos aéreos (mecanismos montados no teto do veículo elétrico capaz de coletar energia de uma fiação aérea), sendo necessário 30 segundos para garantir autonomia de 3 a 5 quilômetros. À noite, a recarga completa nas garagens permite até 40 km de operação contínua.
Trilho Virtual
Ao contrário dos ônibus e BRTs elétricos ou dos VLTs, movidos com trilhos, o Bonde Urbano Digital opera com pneus de borracha diretamente sobre o asfalto. Tem, por meio desse sistema de “trilhos virtuais”, marcações digitais e sensores de alta precisão que determinam o caminho a ser seguido. A tecnologia começa a ser implantada no trecho nas próximas semanas
Esse “trilho virtual” usa tecnologias como detecção ferroviária e controle coordenado de eixo, que garantem ao veículo seguir com exatidão uma rota pré-definida, mesmo em condições adversas como chuva, vibração e desgaste da pista. O sistema inclui ainda rastreamento automático, orientação autônoma e proteção eletrônica ativa, que reforçam a segurança do trajeto.
Por meio desse sistema, o veículo apresenta uma durabilidade estimada em 30 anos – o dobro de um ônibus biarticulado –, representando um salto em custo-benefício para o transporte público. O contrato com a empresa é de 15 meses, passível de prorrogação. A empresa vai apresentar à Amep relatórios de progresso e uso do BUD.

O veículo
O veículo tem 30 metros de comprimento, três eixos, capacidade para 280 passageiros, ar-condicionado, operação bidirecional e pode atingir até 70 km/h. O sistema será implantado em um trecho de aproximadamente 13 quilômetros, entre os terminais de Pinhais e Piraquara, em uma região que atualmente movimenta cerca de 10 mil pessoas por dia dentro dos sistema de ônibus.
De acordo com o governador Ratinho Junior (PSD), o estado do Paraná se torna o primeiro estado da América do Sul a tirar do papel um projeto como esse. “O Paraná buscou o que há de mais avançado no mundo em questão de transporte coletivo e vai implementar um sistema para melhorar a vida das pessoas. A Região Metropolitana de Curitiba cresce muito rápido em termos econômicos e populacionais e estamos nos preparando para o futuro”, afirmou o governador.
O veículo foi fabricado pela CRRC Corporation, na China, e chegou ao Brasil, no Porto de Paranaguá, em agosto. Após a apresentação, ele será montado em uma garagem por técnicos da empresa. O valor da passagem será R$ 5,50, o mesmo do ônibus metropolitano. O tempo de viagem também não muda.
O diretor-presidente da Amep, Gilson Santos, explicou que esse lançamento é fruto de uma negociação iniciada em 2024 após pesquisa de campo das melhores soluções para o transporte. Ele visitou a sede da empresa na China e conheceu a tecnologia. O contrato foi assinado em maio deste ano pelo Governo do Estado e a empresa.
“Estamos falando de uma tecnologia que tem custo de implantação três vezes menor do que a dos VLTs e prazo de implantação curto, com vida útil de 30 anos. E reafirmando nosso protagonismo no transporte e na sustentabilidade”, disse Santos.

Jornalista graduada pela UNIP desde 2023. Atuou como repórter em veículos de comunicação na região de Campinas com experiência em impresso, digital e TV. Acompanha o mercado de veículos elétricos para o Canal VE.