BESS (Battery Energy Storage System) da UCB Power pode ajudar a destravar transição energética da mobilidade. Foto: Divulgação/UCB.
O armazenamento de energia em baterias pode ser a solução para que São Paulo consiga viabilizar a frota de ônibus elétricos nos próximos anos. Se aliadas à geração de energias renováveis, como a solar, por exemplo, as baterias garantirão a estabilidade e a segurança necessárias para colocar o projeto em prática.
Esta é a opinião de Antonio Maldonado, diretor de operações da UCB, empresa especializada em soluções de armazenamento de energia. “A adoção de soluções de armazenamento de energia “BESS” (Battery Energy Storage System) é essencial para garantir a estabilidade do fornecimento de energia, sem colapsar o grid, ou seja, sem colocar em risco o fornecimento de energia para imóveis vizinhos às garagens ou pontos de carregamento”, afirma Maldonado.
Polêmica com eletrificação em São Paulo
A cidade de São Paulo vive uma polêmica, com a aprovação pela Câmara Municipal do projeto de lei 825/2024, de autoria do vereador Milton Leite (União), que adequa as normas relacionadas às metas ambientais previstas para o transporte urbano prevendo a renovação da frota de ônibus da cidade. Na prática, a medida posterga as medidas de descarbonização do sistema de transporte público municipal.
Em 2022, a capital paulista havia proibido a aquisição de novos ônibus movidos a diesel, um combustível poluente, para se adequar à lei de mudanças climáticas. A aprovação do PL 825/2024 agora representa um retrocesso.
A Associação Brasileiro do Veículo Elétrico (ABVE) chegou a se manifestar contrária ao projeto de lei, e pediu aos vereadores que se concentrem naquele que é, hoje, o maior desafio para a implantação da frota elétrica na capital paulista: a infraestrutura necessária para garantir a recarga dos ônibus.
Para o diretor de operações da UCB, a solução já existe. “Com o aumento da eletrificação da frota de duas e quatro rodas, bem como veículos pesados como ônibus e caminhões, a adoção de soluções de armazenamento de energia “BESS” é essencial para que médias e grandes cidades no Brasil consigam prover infraestrutura para atender o crescente processo de eletrificação”, afirmou Maldonado. Confira a entrevista na íntegra:
Desafios e oportunidades
Canal VE: Nos últimos meses, observamos uma crescente demanda por soluções sustentáveis para favorecer a transição para uma economia de baixo carbono. Qual seria o impacto ou prejuízo para a população se não tomarmos atitudes para atender a essa demanda?
Antonio Maldonado: A crescente demanda por soluções de fornecimento de energia e combustíveis com baixa emissão de carbono é um caminho sem volta. Sem dúvida estamos diante de uma nova “revolução industrial”, sendo que a adoção de soluções que reduzam o impacto ambiental causado pela emissão de CO2 deve ser o cerne desta mudança.
É plenamente perceptível os impactos causados pelo aquecimento global no clima mundial. No Brasil, passamos por enchentes no Sul e secas severas no Norte, o que nos faz refletir sobre a real necessidade de mudarmos o nosso estilo de vida e passarmos a consumir produtos e soluções que tenham como compromisso a redução da emissão de carbono. Sem dúvida, este comportamento deverá prevalecer na sociedade global, no qual nosso compromisso passa por incentivar marcas e produtos que tenham este compromisso em seus produtos e soluções.
De que maneira a UCB tem trabalhado para encontrar soluções que se aplicam à mobilidade elétrica? As baterias do tipo BESS (Battery Energy Storage System) são viáveis para as grandes cidades?
Nós, na UCB Power, acreditamos neste processo e somos pioneiros no fornecimento de baterias de lítio no Brasil para aplicações de armazenamento de energia e para soluções de mobilidade urbana.
Com o aumento da eletrificação da frota de duas e quatro rodas, bem como veículos pesados como ônibus e caminhões, a adoção de soluções de armazenamento de energia “BESS” é essencial para que médias e grandes cidades no Brasil consigam prover infraestrutura para atender o crescente processo de eletrificação.
Não obstante ao processo de eletrificação da frota, a crescente adoção de soluções de armazenamento por baterias de lítio vem permitindo a redução expressiva da emissão de carbono, considerando que grande parte das soluções de energia off-grid, providas do uso de geradores movidos a combustíveis fósseis.
A adoção de baterias de lítio combinada com a geração solar é o caminho para levar energia a toda a população brasileira, com o compromisso total com a redução da emissão de carbono, tal como a adoção de baterias de lítio para veículos híbridos movidos a etanol, que vem sendo uma solução a ser potencialmente adotada pela indústria automobilística no Brasil, com investimentos de mais de R$ 100 bilhões anunciado para os próximos anos.
Muito se fala sobre um sistema de transporte urbano com ônibus elétricos mais robusto, especialmente em São Paulo. Mas a distribuição de energia, ou falta de infraestrutura adequada, acaba gerando um gargalo nessa transição. É possível conciliar a geração de energia renovável (solar ou eólica) com armazenamento de energia por meio de BESS para garantir a energia necessária em garagens de ônibus, por exemplo?
Sem dúvida, grandes cidades como São Paulo ainda não estão preparadas para a eletrificação da frota de ônibus. A adoção de soluções de armazenamento de energia “BESS” é essencial para garantir a estabilidade do fornecimento de energia, sem colapsar o grid, ou seja, sem colocar em risco o fornecimento de energia para imóveis vizinhos às garagens ou pontos de carregamento.
Da mesma forma, a combinação de geração de energia renováveis, em especial a energia solar, com o armazenamento em bateria, é um caminho totalmente viável para garantir o fornecimento de energia em tempo real para a frota de ônibus.
O que fazer para isso sair do campo das ideias e colocar em prática?
Para tornarmos a adoção destas soluções possíveis e sairmos do campo das ideias para soluções reais, a UCB Power está investindo na produção de baterias high-power (utilizadas em soluções de armazenamento de grande porte), produzida na sua fábrica em Manaus (AM), bem como na expansão da sua fábrica em Extrema (MG) para a produção de BESS, considerando que a produção local é o caminho para tornarmos as soluções viáveis e adaptadas a atender as demandas do mercado brasileiro.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.