Canal VE

12 de março de 2025

Após chegada de navio da BYD, Anfavea cobra imposto para VEs

Desembarque de veículos da BYD no Portocel, em Aracruz (ES), no final de fevereiro de 2025. Foto: Divulgação/BYD.

*Texto atualizado às 12h30, com a manifestação da BYD

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) voltou a cobrar o governo federal sobre a recomposição da alíquota de 35% do Imposto de Importação (II) para veículos híbridos e elétricos no Brasil. Em nota oficial divulgada à imprensa em 5 de março de 2025 (leia abaixo na íntegra), a associação alega que as recentes importações estão prejudicando o mercado automotivo brasileiro. 

A cobrança da Anfavea aconteceu após a chegada do navio Explorer Nº 1, da BYD, com 5.524 veículos elétricos e híbridos da marca, na última semana. 

“A Anfavea recebe com preocupação a chegada de um navio com mais de 5,5 mil automóveis, num momento em que já há mais de 40 mil unidades importadas em estoque em nosso país”, começa a nota. “Há cerca de um ano alertamos o governo federal sobre a necessidade de recompor imediatamente a alíquota de 35% de Imposto de Importação (II) para veículos híbridos e elétricos, na tentativa de evitar um desequilíbrio no comércio exterior que possa afetar ainda mais a produção, os investimentos e os empregos na cadeia automotiva brasileira”, informa o comunicado.

“Sem um equilíbrio saudável na balança comercial, essa indústria que gera mais de 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos estará sob forte ameaça”, continua a nota. “A Anfavea ratifica novamente ao governo federal o apelo para que seja apreciada, pelos órgãos competentes, a recomposição imediata dos 35% de II”, conclui.

Navio da BYD recebe apoio durante aproximação de porto
Navio Explorer Nº 1, da BYD, chega ao litoral do Espírito Santo. Foto: Divulgação/BYD.

BYD responde

Também em nota oficial, a BYD se manifestou a respeito do tema. “A BYD reforça seu compromisso com a reindustrialização do setor automotivo no Brasil, a geração de empregos e a continuidade dos investimentos no país”, informa o comunicado, citando o investimento de R$ 5,5 bilhões para a instalação da fábrica de Camaçari (BA), com previsão de gerar 20 mil empregos diretos e indiretos. 

A última importação, de 5,5 mil veículos, e o atual estoque no país, também fazem parte do comunicado da greentech. “Os exíguos estoques atuais de veículos importados da BYD têm como objetivo atender à crescente demanda do mercado até que a produção local seja iniciada em 2025.”

Já sobre a antecipação da alíquota de 35% para veículos importados proposto pela Anfavea, a empresa defende a previsibilidade do mercado.

“A BYD acredita que um ambiente regulatório equilibrado e previsível é fundamental para garantir a competitividade e a inovação no setor, permitindo que novas tecnologias e soluções sustentáveis cheguem aos consumidores brasileiros. A eletrificação da frota é uma tendência global e o Brasil tem a oportunidade de ser exemplo e se consolidar como um polo estratégico para a produção e comercialização de veículos eletrificados.”

 

Aumento progressivo na alíquota

O crescimento nas vendas de veículos elétricos e híbridos no Brasil nos últimos anos motivou o governo a descontinuar a isenção de tarifa, antes estipulada em 35%, para os veículos importados com essas novas tecnologias. 

Anunciado no fim de 2023, o retorno da tarifa de importação para carros elétricos e híbridos está sendo feita de forma gradativa, com início em janeiro de 2024, com tarifas de 10% (BEV) a 12% (HEV e PHEV). Desde julho de 2024, as alíquotas tiveram reajuste, passando para 18% (BEV), 20% (PHEV) e 25% (HEV). Pela programação oficial, em julho de 2025, as alíquotas serão de 25% (BEV), 28% (PHEV) e 30% (HEV). Em julho de 2026, a alíquota chegará a 35% para todos os tipos de tecnologia eletrificadas.

 

Confira a nota oficial da Anfavea na íntegra:

COMUNICADO À IMPRENSA

5 de março de 2025 – A ANFAVEA recebe com preocupação a chegada de um navio com mais de 5,5 mil automóveis, num momento em que já há mais de 40 mil unidades importadas em estoque em nosso país. Há cerca de um ano alertamos o governo federal sobre a necessidade de recompor imediatamente a alíquota de 35% de Imposto de Importação (II) para veículos híbridos e elétricos, na tentativa de evitar um desequilíbrio no comércio exterior que possa afetar ainda mais a produção, os investimentos e os empregos na cadeia automotiva brasileira.

Desde julho de 2024, o II é de 18% para elétricos, 20% para híbridos plug in e 25% para híbridos. Nenhum país do mundo, com indústria automotiva instalada, tem uma barreira tão baixa para as importações, o que torna o nosso importante mercado um alvo fácil, especialmente para modelos que estão sendo barrados por grandes alíquotas na América do Norte e na Europa. Elas são de 100% nos EUA e Canadá, e podem chegar a 48% na Europa.

Essa alíquota vem se mostrando insuficiente para evitar uma importação sem precedentes no Brasil. No ano passado, mais de 120 mil veículos, com origem chinesa, por exemplo, foram vendidos em nosso país, um volume três vezes maior do que em 2023, isso sem considerar os cerca de 55 mil veículos que viraram o ano em estoque.

A indústria automotiva brasileira vem num ritmo de recuperação, após uma década de crises econômicas, somadas aos efeitos da pandemia. No ano passado, foram anunciados mais de R$ 180 bilhões em investimentos dos fabricantes de veículos e autopeças, boa parte para o desenvolvimento de modelos eletrificados. E nosso setor ainda terá, por conta do Programa MOVER – Mobilidade Verde e Inovação – de investir R$ 60 bilhões em P&D (Produto e Desenvolvimento).

Sem um equilíbrio saudável na balança comercial, essa indústria que gera mais de 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos estará sob forte ameaça.

Apoiamos, sim, a chegada de novas marcas ao Brasil, para produzir, fomentar o setor de autopeças, gerar empregos e trazer novas tecnologias. O que vemos, entretanto, são anúncios sucessivos de adiamento dos prazos de início de produção no país.

A ANFAVEA ratifica novamente ao governo federal o apelo para que seja apreciada, pelos órgãos competentes, a recomposição imediata dos 35% de II. Importante, ainda, que a continuidade da política automotiva se concretize, por meio da publicação dos decretos do Programa MOVER, de forma a conferir maior previsibilidade aos investimentos de nossas empresas associadas.

Compras de máquinas sem etapas fabris no Brasil

Nos causa grande preocupação também o aumento da participação das máquinas autopropulsadas importadas nas compras públicas, com destaque para empresas “instaladas no Brasil” que não contam nem com 20 funcionários. O crescimento acentuado das importações de máquinas transformou o tradicional superávit em déficit na balança comercial pelo segundo ano seguido, dobrando o valor do déficit em 2024.

Esperamos que o poder público se sensibilize para essa questão que prejudica o nível de emprego no Brasil, a competitividade das nossas empresas, a inovação e até o atendimento dos clientes, que após essas licitações sofrem com a falta de uma rede confiável para assistência técnica.

Atenciosamente,

Equipe de Comunicação ANFAVEA

 

Confira a nota oficial da BYD na íntegra:

NOTA À IMPRENSA

A BYD reforça seu compromisso com a reindustrialização do setor automotivo no Brasil, a geração de empregos e a continuidade dos investimentos no país. Desde o início de suas operações em 2015, a empresa tem expandido sua presença nacional com fábricas em Campinas (SP) e Manaus (AM), fortalecendo a cadeia produtiva e investindo na produção local de veículos e baterias. Em 2024, a BYD iniciou a construção de seu complexo industrial em Camaçari (BA), com um investimento de R$5,5 bilhões e a previsão de mais de 20 mil empregos diretos e indiretos.

Os exíguos estoques atuais de veículos importados da BYD têm como objetivo atender à crescente demanda do mercado até que a produção local seja iniciada em 2025. A expansão da empresa no Brasil inclui não apenas a fabricação de veículos, mas também um robusto plano de desenvolvimento tecnológico e sustentável, alinhado às diretrizes do Programa MOVER e ao compromisso com a transição energética do setor automotivo.

A BYD acredita que um ambiente regulatório equilibrado e previsível é fundamental para garantir a competitividade e a inovação no setor, permitindo que novas tecnologias e soluções sustentáveis cheguem aos consumidores brasileiros. A eletrificação da frota é uma tendência global e o Brasil tem a oportunidade de ser exemplo e se consolidar como um polo estratégico para a produção e comercialização de veículos eletrificados.

Com mais de 160 concessionárias em operação – também geradoras de milhares de empregos – e a meta de alcançar 250 até o final de 2025, a BYD segue investindo no Brasil para oferecer aos consumidores produtos inovadores, sustentáveis e acessíveis. A empresa reitera seu compromisso de longo prazo com o país e com o fortalecimento da indústria nacional, promovendo um ecossistema automotivo mais eficiente, moderno e competitivo.

Ler o Anterior

Volkswagen revela o ID. Every1, carro-conceito elétrico acessível

Ler o Próximo

GWM treina concessionárias para estreia do Tank 300 no Brasil

Mais Popular