Canal VE

14 de março de 2025

Carros elétricos emitem até 81% menos CO2e que média nacional

Carro elétrico recebe recarga em eletroposto da WEG

Carros elétricos são fundamentais para a descarbonização. Foto: Rubens Morelli/Canal VE.

Os veículos 100% elétricos disponíveis no Brasil emitem 81% menos CO2e no ciclo do poço à roda que a média nacional da frota brasileira de veículos. É o que revela o novo estudo do ICCT Brasil (Conselho Internacional de Transporte Limpo Brasil): “Tecnologias de propulsão e emissões de CO2e: Comparação de veículos elétricos e híbridos no Brasil”.

O relatório, assinado pelos pesquisadores Guido Haytzmann e André Cieplinski, também mostrou que os elétricos podem reduzir ainda mais seu impacto ambiental caso sejam carregados exclusivamente com energia renovável (solar), chegando a uma emissão 8 vezes menor do que a de um PHEV flex abastecido com etanol, que representa o melhor cenário de todos os modelos híbridos no mercado nacional.

Segundo o relatório, embora os híbridos plug-in reduzam as emissões em relação aos modelos a combustão, sendo considerados importantes para a transição energética da mobilidade, os elétricos ainda são as opções mais eficientes para a descarbonização da frota brasileira.

O documento ganha importância à medida que o Brasil avança na descarbonização do setor de transporte, com maior interesse dos consumidores por veículos eletrificados, e com o surgimento de novas políticas públicas, como o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que promovem incentivos fiscais exclusivos para veículos híbridos flex até 2026.

 

Análise de emissões

O estudo do ICCT Brasil analisa as emissões de dióxido de carbono equivalente (CO2e) dos veículos vendidos no Brasil entre janeiro de 2023 e abril de 2024, considerando veículos híbridos suaves ou micro-híbridos (MHEV), híbridos convencionais (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e elétricos a bateria (BEV). A avaliação de emissões de gases de efeito estufa foi conduzida no ciclo de vida do poço à roda, que abrange desde a extração de recursos naturais até a produção, distribuição e uso dos combustíveis.

Dentre todas as tecnologias híbridas de propulsão, os PHEV têm o maior potencial de descarbonização, de acordo com o estudo. Se abastecidos exclusivamente com etanol e com autonomia elétrica dobrada, suas emissões poderiam ser reduzidas em 55%. Se a eletricidade utilizada na recarga fosse 100% renovável, essa redução chegaria a 72%. Apesar disso, mesmo nas melhores condições, os PHEV ainda emitiriam mais CO2e do que um BEV carregado com a matriz elétrica brasileira atual, e mais de oito vezes mais emissões do que aqueles BEVs alimentados com eletricidade 100% renovável.

Na análise, destaca-se ainda o baixo potencial de descarbonização dos veículos híbridos (HEV): apenas 18 dos 64 modelos analisados apresentaram emissões abaixo da média de mercado, majoritariamente composto de veículos a combustão interna flex (ICEV). Além disso, segundo o estudo, há grande variação de emissões entre híbridos. Alguns modelos chegam a emitir o dobro de outros dentro da mesma tecnologia de propulsão.

 

Impacto das políticas públicas

Com a aprovação do programa Mobilidade Verde e Inovação (MOVER), que oferece incentivos fiscais para veículos híbridos flex até 2026, as montadoras estão investindo fortemente nesse segmento. Desde o lançamento do programa, 14 grandes fabricantes anunciaram aportes que somam mais de R$ 100 bilhões para o desenvolvimento de modelos híbridos no Brasil. 

Entretanto, a pesquisa alerta que a maioria dos modelos híbridos comercializados no país ainda é importada e abastecida com gasolina, o que limita o potencial de descarbonização da frota.

O estudo publicado pelo ICCT Brasil conclui que reforça que, enquanto os híbridos podem desempenhar um papel relevante na transição para uma mobilidade mais sustentável, em especial com os incentivos governamentais para a produção nacional de híbridos plug-in flex e o consequente uso do etanol como combustível, os veículos elétricos ainda são a melhor alternativa para reduzir as emissões em longo prazo. 

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