Ônibus elétrico pegou fogo após tombar na Praça João Mendes, em São Paulo. Foto: Reprodução/ABVE.
O acidente envolvendo um ônibus elétrico na praça João Mendes, no centro histórico de São Paulo, em 12 de dezembro de 2024, assustou motoristas e pedestres que passavam pela região. No entanto, para representantes da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), apesar da gravidade do fato, o acidente atestou a segurança das baterias do veículo.
O ônibus elétrico tombou depois de uma conversão à direita, chocando-se contra o poste do semáforo. A carenagem do veículo pegou fogo após um curto-circuito no sistema elétrico, mas as baterias permaneceram intactas, mesmo com o forte impacto. As chamas foram controladas pelo Corpo de Bombeiros poucos minutos depois do acidente. O motorista, o cobrador e uma passageira gestante tiveram ferimentos leves, mas foram socorridos e passam bem.
“Diferentemente do senso comum, o acidente provou a robustez do conjunto de baterias do ônibus, que, mesmo após um choque muito forte, não entrou em fuga térmica”, disse Marcelo Valle, consultor de segurança da ABVE.
“Os packs de baterias no teto do ônibus sofreram um forte impacto, mas resistiram, mostrando a qualidade da química LFP (lítio-ferro-fosfato) e da solução de combate automático a incêndio dentro de cada caixa”, completou Carlos Roma, diretor técnico da ABVE.
Imagens obtidas pelo jornalista Ádamo Bazani, do Diário do Transporte, mostram o ônibus tombando ao fazer a curva. Em depoimento, o motorista do ônibus disse ter passado mal no momento do acidente. As causas ainda serão investigadas. O veículo será periciado por especialistas.
Combate às chamas
Os bombeiros chegaram rapidamente ao local do acidente e conseguiram controlar as chamas na carenagem do ônibus em cerca de 30 minutos. Eles monitoraram a temperatura dos packs de baterias do ônibus elétrico durante todo o tempo, e constataram que as temperaturas se mantiveram estáveis durante e após o incêndio.
De acordo com os bombeiros que atuaram no incêndio, o fogo na carenagem de plástico chegou a envolver completamente dois dos conjuntos de baterias. Apesar disso, o sistema interno de arrefecimento garantiu a segurança das células, impedindo a chamada fuga térmica.
Conhecimento sobre incêndios
De acordo com o consultor de segurança da ABVE, Marcelo Valle, os bombeiros de São Paulo estão adotando novos protocolos de abordagem e combate a incêndios envolvendo veículos elétricos. Os protocolos estão sendo desenvolvidos pela CB024 – Comissão de Estudos do Comitê de Segurança Contra Incêndios, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em cooperação com os corpos de bombeiros que participam da comissão, como o de São Paulo. A Associação tem promovido ações de intercâmbio em conjunto com os bombeiros para aprendizagem e aperfeiçoamento em situações de emergência.
“Essas experiências trouxeram segurança aos próprios bombeiros, que não tinham familiaridade com incêndios envolvendo veículos elétricos”, disse Valle. “Hoje, os bombeiros já sabem que, com uma abordagem técnica correta, o combate ao incêndio de um carro elétrico ou bateria pode ser tão gerenciável quanto o de um veículo a combustão”, concluiu.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.