Pacotes de baterias LFP para os veículos elétricos estão com preços menores. Foto: Divulgação/CATL.
O mercado de baterias de íons de lítio para veículos elétricos registrou, em 2024, a maior queda de preços desde 2017, chegando a US$ 115 por kWh (R$ 682 por kWh), de acordo com análise da BloombergNEF (BNEF), divulgada em dezembro de 2024. O preço considera as células e os pacotes de baterias.
A redução de 20% em relação ao ano anterior é atribuída à maior capacidade de produção, simplificação das cadeias de abastecimento, preços baixos de metais e à adoção de tecnologias mais acessíveis.
Assim, o mercado se aproxima da paridade de preços entre veículos elétricos e carros a combustão, o que é considerado por especialistas como ponto-chave para a transição energética da mobilidade. A previsão é que os pacotes de baterias alcancem a marca de US$ 100 por kWh (R$ 593 por kWh) em 2026, o que tornaria o carro elétrico tão acessível quanto o seu equivalente movido a combustíveis fósseis.
“A queda no preço das células de bateria este ano foi maior em comparação com a redução nos preços dos metais das baterias, indicando que as margens dos fabricantes de baterias estão sendo pressionadas. Fabricantes menores enfrentam uma pressão particular para reduzir os preços das células e disputar participação de mercado”, diz Evelina Stoikou, chefe da equipe de tecnologia de baterias da BNEF e principal autora do relatório.
Diferenças de região para região
A queda no custo das baterias não foi uniforme em todo o mundo. Na China, onde a competição é mais acirrada, o preço médio dos pacotes de baterias chegou a US$ 94 por kWh. Nos Estados Unidos e Europa, os preços foram 31% e 48% mais altos, respectivamente, refletindo custos de produção maiores e volumes menores nesses mercados.
Os números representam uma média para diversos usos finais de baterias, incluindo diferentes tipos de veículos elétricos, ônibus e projetos de armazenamento estacionário.
Segundo o relatório, “a China sozinha deverá produzir baterias suficientes para atender 92% da demanda global total de 1,2 terawatts-hora em 2024”. Isso pode criar uma pressão significativa nos preços, forçando os fabricantes menores a reduzir os preços das células e margens para competir por participação de mercado.
Além da competição, a indústria também foi beneficiada pela queda nos preços de matérias-primas. Contudo, especialistas alertam que fatores como tensões geopolíticas e tarifas sobre produtos de baterias podem impactar os preços no futuro próximo.
“Estamos atentos a como novas tarifas sobre produtos acabados de baterias podem levar a dinâmicas distorcidas de preços e desacelerar a demanda por produtos finais. Ainda assim, a maior adoção de químicas LFP, competição contínua no mercado, melhorias em tecnologia, processamento de materiais e fabricação continuarão a pressionar os preços das baterias para baixo”, afirmou Yayoi Sekine, chefe de armazenamento de energia na BNEF.
Perspectivas para o futuro
A BNEF prevê que os preços dos pacotes de baterias diminuam em 3 dólares por kWh em 2025, segundo sua visão de curto prazo. Olhando para o futuro, investimentos contínuos em P&D, melhorias nos processos de fabricação e expansão da capacidade ao longo da cadeia de suprimentos ajudarão a aprimorar a tecnologia de baterias e reduzir ainda mais os preços na próxima década.
Além disso, tecnologias de próxima geração, como ânodos de silício e lítio metálico, eletrólitos em estado sólido, novos materiais de cátodo e processos de fabricação inovadores deverão desempenhar um papel crucial na viabilização de novas reduções de custo nos próximos anos.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.