Setorr energético é um dos grandes desafios do novo governo de Donald Trump. Foto: Arquivo/Isac Nóbrega/Agência Brasil.
A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos deixou a indústria de veículos elétricos daquele país em clima de incerteza. A base do Partido Republicano, liderado por Trump, é crítica ferrenha dos carros elétricos e alega que esses modelos são impostos aos consumidores de maneira abusiva.
O presidente eleito não fez dos carros elétricos um tema central de sua campanha, mas, quando teve oportunidade, usou o crescimento da mobilidade elétrica no país para atacar a adversária Kamala Harris, chegando até mesmo a acusá-la de querer proibir os carros a combustão, causando temor de demissões em massa na indústria automotiva americana.
Em entrevistas anteriores à eleição, Trump havia declarado a intenção de formar uma política extremamente protecionista, o que inclui ações diretas contra o avanço dos carros chineses no mercado americano, incluindo taxações nas importações e o fim de incentivos à adoção de veículos elétricos pelos consumidores americanos. Vale ressaltar que Elon Musk, fundador da Tesla, foi um dos maiores apoiadores de Trump na reta final das eleições.
Oficialmente eleito presidente pela segunda vez, o empresário prepara novamente a retirada dos Estados Unidos do Acordo do Clima de Paris, que prevê ações de descarbonização por parte dos países mais desenvolvidos. Em seu primeiro governo, Trump já havia tomado essa atitude, que foi revogada por Joe Biden. Agora, o assunto voltou à tona.
Incentivo ao petróleo e ao gás natural
O setor energético é um dos grandes desafios do novo governo de Donald Trump. Há um capítulo inteiro dedicado ao tema no plano de governo apresentado à imprensa e à população americana.
A matriz energética americana é considerada uma das mais poluentes do mundo, com 60% da energia proveniente de combustíveis fósseis, e 18,6% de energia nuclear. Apenas 21,4% da energia americana vem de fontes renováveis.
Mesmo assim, o presidente eleito defende o aumento na produção de energia em todas as áreas. Para isso, promete acabar com as restrições impostas pelo governo Biden no setor de óleo, gás e carvão. A intenção, inclusive, é tornar o território norte-americano o principal produtor de petróleo e gás natural do mundo.
Proteção à indústria
Para Donald Trump, os carros elétricos representam uma ameaça à indústria norte-americana. Ele contesta os benefícios ambientais desses veículos, ao mesmo tempo em que considera que a entrada de tecnologia chinesa no país pode atrapalhar a hegemonia americana, levando à falência dos fabricantes americanos de automóveis e causando desemprego.
De acordo o noticiado pela imprensa norte-americana, o presidente eleito já prometeu reverter ou mesmo acabar com padrões de emissões de veículos sob a Agência de Proteção Ambiental, assim como incentivos para promover a produção e a adoção de veículos, como a Lei de Redução da Inflação, apresentada pelo governo Biden em 2022.
Embora seja difícil acabar completamente com a lei, ele poderia retirar fundos ou limitar os subsídios para veículos elétricos por meio de decisões políticas que seu cargo lhe permitirá a partir de 2025, quando passará a ocupar a cadeira principal na Sala Oval, da Casa Branca.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.