Norma dos bombeiros para estacionamentos prevê mais segurança para as edificações. Foto: Divulgação/Freepik.
A aguardada nova norma do Corpo de Bombeiros de São Paulo sobre recarga de veículos elétricos será mais abrangente do que o previsto. Ela não será voltada apenas aos carros eletrificados, mas sim a todos os veículos em estacionamentos de edificações, com foco na segurança estrutural dos prédios.
A informação foi confirmada ao Canal VE por Ricardo Bastos, presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico). Segundo ele, os estudos iniciados pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo, em abril de 2024, apontaram para a necessidade de revisar as normas de segurança dos estacionamentos como um todo — e não apenas em relação à eletromobilidade.
“Estamos há um ano e três meses trabalhando na construção, a várias mãos, de uma norma para a questão da segurança de carregamento. Mas, mais do que isso, para a segurança nos estacionamentos. Essa foi a grande evolução que fizemos nesse período”, afirmou Bastos, durante participação no podcast Conexão VE.
A norma já está praticamente finalizada, mas ainda depende da tramitação oficial para ser publicada. O Canal VE apurou que o documento deve exigir a instalação de equipamentos como chuveiros automáticos, detectores de fumaça e sistemas de exaustão em estacionamentos e garagens de novos empreendimentos. A regra será válida para todo o espaço — sem distinção entre vagas para veículos elétricos ou a combustão.
Nos prédios antigos, a norma poderá trazer diretrizes para adequações nas instalações de recarga, respeitando as normas técnicas em vigor no Brasil.
Simulações e estudos práticos
Desde a publicação de um parecer técnico para consulta pública, em abril de 2024, a ABVE tem colaborado ativamente com os estudos do Corpo de Bombeiros.
Na ocasião, o parecer recomendava medidas como distanciamento entre os veículos, barreiras físicas nas vagas e instalação de dispositivos para combate imediato a incêndios, incluindo sistemas automáticos de extinção por água, o que gerou reações entre diversos especialistas da eletromobilidade.
A nova norma leva em conta estudos nacionais e internacionais sobre a eletrificação da frota. Também participaram da elaboração entidades como Secovi-SP, Sinduscon-SP, ABNT, Inmetro e empresas do setor.
“Nesse processo, fizemos simulados no Brasil, com ensaios de combate a incêndio em carros elétricos e a combustão. O mais importante foi mostrar a realidade do Brasil e também a realidade internacional. Estamos próximos de uma norma atualizada, alinhada ao que se propõe no mundo, com foco na segurança para todos os veículos”, explicou Bastos.
Evolução da mobilidade exige novas diretrizes
Ainda durante o podcast, Bastos falou sobre o avanço da eletromobilidade no Brasil e os novos desafios que acompanham esse processo.
“A eletrificação chegou para ajudar o meio ambiente. Estamos falando de algo que melhora a qualidade de vida das pessoas, e a recarga já é uma demanda social — hoje, muitas pessoas abastecem seus carros em casa”, destacou.
O intercâmbio entre os bombeiros brasileiros e colegas da Europa e dos EUA também influenciou na proposta. Em diversos países, equipamentos como chuveiros automáticos e detectores de fumaça já são exigidos há décadas — mesmo antes da chegada dos carros elétricos.
“A segurança não é uma questão da tecnologia em si, mas da cultura desses países. Agora, estamos olhando para como aplicar isso no Brasil”, completou.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.
