
Medida atinge diretamente tecnologias ligadas à fabricação de materiais utilizados na fabricação e no processamento de metais. Foto: Freepik
A China impôs novas restrições à exportação de tecnologias consideradas estratégicas para a indústria de veículos elétricos (VEs), reforçando seu controle sobre a cadeia global de produção de baterias.
A medida divulgada pelo Ministério do Comércio da China em conjunto com o Ministério da Ciência e Tecnologia em 16 de julho de 2025 atinge diretamente tecnologias ligadas à fabricação de materiais utilizados na fabricação e no processamento de metais como o lítio, essenciais para a eletrificação automotiva.
As novas regras exigem que empresas chinesas obtenham licenças governamentais para exportar ou compartilhar essas tecnologias com parceiros internacionais. O anúncio integra o Catálogo de Tecnologias Proibidas e Restritas à Exportação, documento oficial revisado pelo governo chinês.
Segundo o ministério, essas tecnologias exigem licenças de exportação, pois são cada vez mais utilizadas em áreas sensíveis, e sua inclusão ajuda a equilibrar melhor as questões de desenvolvimento e segurança.

Segurança econômica e tecnológica
Com essa nova medida, fabricantes de veículos elétricos passam a depender de aprovação do governo chinês para qualquer transferência de tecnologia ao exterior. A medida deve afetar acordos de cooperação técnica com montadoras nos Estados Unidos e na Europa, onde há pressão crescente por independência tecnológica frente à China.
A justificativa é proteger o que Pequim considera “vantagens competitivas” em setores de inovação estratégica. “Os ajustes visam manter a segurança econômica nacional e os interesses de desenvolvimento, ao mesmo tempo em que promovem a cooperação econômica e tecnológica internacional”, informa o comunicado.
De acordo com dados da Agência Internacional de Energia (IEA), em 2024 a China concentrava cerca de 85% da capacidade global de produção de baterias, sendo 75% de propriedade de produtores chineses. O país também controla etapas principais dessa cadeia produtiva como o refino de lítio e a fabricação de cátodos e ânodos.
Com essas novas regras, montadoras podem contar com possíveis aumentos nos custos de produção e um atraso nos avanços de empresas estrangeiras.

Domínio nas baterias LFP
A China domina a produção de baterias LFP e o processamento de lítio globalmente, de acordo com a Fastmarkets, uma empresa de pesquisa sediada no Reino Unido. No ano passado, o país asiático detinha 94% do mercado de capacidade de produção de LFP e respondia por 70% da produção global de lítio processado.
Mas, embora as baterias LFP representassem 40% do mercado global de VEs em capacidade, sua adoção é mais prevalente em VEs fabricados por empresas chineses do que em outros lugares, de acordo com a Adamas Intelligence, uma empresa de consultoria e análise de dados com foco em minerais e baterias essenciais.

Jornalista graduada pela UNIP desde 2023. Atuou como repórter em veículos de comunicação na região de Campinas com experiência em impresso, digital e TV. Acompanha o mercado de veículos elétricos para o Canal VE.