Carlos Tavares renunciou ao cargo de CEO da Stellantis. Foto: Divulgação/Stellantis
Carlos Tavares renunciou ao cargo de CEO da Stellantis, conglomerado automotivo que representa Fiat, Jeep, Peugeot, Citroen, Dodge, RAM e Chrysler, entre outras marcas. A decisão foi tomada graças a divergências com acionistas e membros do conselho em relação à visão do futuro da montadora.
A saída da Stellantis foi imediata. O cargo passa a ser ocupado por um comitê interino, comandado pelo presidente do conselho da empresa, John Elkann, até o primeiro semestre de 2025, quando um novo CEO deverá ser nomeado. Elkann agradeceu ao português pelos serviços prestados.
“Nossos agradecimentos para Carlos vão pelos anos de dedicação e atuação na criação da Stellantis, além das recuperações de PSA e Opel, que nos levou a um papel de protagonismo global na indústria”, afirmou.
“Desde a sua criação, o sucesso da Stellantis se pautou pelo alinhamento perfeito entre acionistas, conselho e CEO. Entretanto, nas últimas semanas, algumas divergências emergiram e resultaram na decisão anunciada hoje”, completou o diretor sênior da Stellantis, Henri de Castries.
Nos últimos meses, Tavares foi muito criticado por investidores, pela queda no número de vendas, e pela dificuldade em cortar os gastos da empresa, algo que sempre foi visto como um dos pontos fortes do ex-CEO. Mesmo com a Volkswagen também enfrentando dificuldades, o alerta da Stellantis gerou maior preocupação para os acionistas de todas as empresas ligadas a ela.
Um dos grandes motivos que levaram à queda de vendas foi a desaceleração econômica da China, além da demanda enfraquecida por veículos elétricos na Europa e as ameaças no valor dos impostos, após o retorno de Donald Trump à Casa Branca dos EUA.
Apesar das promessas de Carlos Tavares de implementar melhorias e das mudanças na liderança, com a substituição do diretor financeiro e de outros executivos, a participação de mercado continuou a cair nos principais países, incluindo a França, o que ampliou as preocupações sobre o futuro da montadora a longo prazo. As ações da Stellantis sofreram queda de cerca de 38% nos últimos 12 meses.
Passagem pela Stellantis
Com o sucesso na Renault SA, após suceder Carlos Ghosn, Carlos Tavares chegou à Stellantis, em 2021, com a fama de reverter situações em montadoras que nenhum outro havia conseguido, o que impressionava os investidores.
Seu início de gestão como CEO mostrava que Tavares seguiria os mesmos caminhos de sucesso que havia trilhado em outras empresas, reduzindo a quantidade de plataformas de veículos e promovendo a eliminação de postos de trabalho. Mas, nos últimos meses, esse cenário mudou.
Com alertas de sindicatos sobre o corte de custos estar gerando problemas na qualidade e atrasando produções, sendo até mesmo acusado de prejudicar grandes marcas como Jeep, Dodge, Ram e Chrysler, Tavares vinha sendo pressionado.
Nos últimos meses, a Stellantis passou a procurar um sucessor para Carlos Tavares, mas dando a entender que o CEO cumpriria seu contrato, que se encerraria no início de 2026. Questionado sobre as movimentações, Tavares havia sido questionado se deixaria seu cargo antes do previsto e afirmou: “Eu assinei um contrato”, dissera, na ocasião. Agora, o contrato foi rompido, e Tavares não faz mais parte dos planos da Stellantis.
Graduando em Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Possui experiência em rádio, televisão, criação de conteúdos para site, e social media. Acompanha o mercado de veículos elétricos para o Canal VE.