Pela primeira vez, os investimentos chineses foram maiores para o mercado externo do que o local. Foto: Divulgação/Freepik
Pela primeira vez, as empresas chinesas priorizaram o investimento no mercado exterior, em vez do interno. Segundo o relatório de pesquisa divulgado pela Rhodium Group, referente ao ano de 2024, os investimentos fora do mercado chinês, foram de US$ 16 bilhões, maior do que os US$ 15 bilhões destinados ao território nacional.
Os números, segundo apontado pela Rhodium, representam uma mudança histórica: nos últimos anos, cerca de 80% dos investimentos das grandes empresas eram voltados para o mercado interno. No entanto, com o avanço da eletrificação dos veículos ao redor do mundo, esse cenário mudou.
“O fato de que os investimentos no exterior agora superam os investimentos domésticos reflete um mercado chinês saturado e o apelo estratégico da expansão no exterior para obter retornos mais altos”, disse Armand Meyer, analista de pesquisa sênior da Rhodium e autor do relatório.
Expansão global
O ritmo da mudança foi impulsionado por um cenário interno saturado, excesso de capacidade produtiva e intensa guerra de preços dentro da China, que reduziram margens ao longo da cadeia de fornecedores.
Além disso, para driblar tarifas punitivas aplicadas pela Europa e pelos Estados Unidos, muitas empresas estão construindo fábricas diretamente nesses mercados, atendendo à demanda por produção mais localizada, o exemplo das recém-chegadas ao Brasil, as fábricas da BYD, em Camaçari-BA, e da GWM, em Iracemápolis-SP.
Investimento em baterias e players globais
Cerca de três quartos dos investimentos no exterior foram destinados à produção de baterias. Fabricantes como Contemporary Amperex Technology (CATL), Envision Group e Gotion High‑Tech seguiram seus principais clientes, como Tesla e BMW, em projetos internacionais, motivados pelos elevados custos logísticos e pelas exigências de fornecimento local.
A CATL, uma das maiores produtoras globais de baterias, declarou em junho que sua expansão internacional é sua “prioridade número 1”.
Desafios externos
Os projetos internacionais, entretanto, esbarram em dificuldades: são mais caros, demoram mais para serem concluídos e envolvem maiores riscos regulatórios e políticos em comparação com os domésticos. Apenas 25% dos projetos anunciados no exterior foram concluídos, contra 45% na China.
Por exemplo, a BYD suspendeu indefinidamente seus planos de construir uma grande fábrica no México, citando tensões políticas e incertezas nas políticas comerciais americanas. Além disso, empresas como a Svolt Energy cancelaram 99% de seus projetos internacionais devido a esses desafios.

Graduando em Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Possui experiência em rádio, televisão, criação de conteúdos para site, e social media. Acompanha o mercado de veículos elétricos para o Canal VE.