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Greenpeace critica Toyota por promover biocombustíveis

Toyota levou à COP30 exemplos práticos de descarbonização com biocombustíveis. Foto: Divulgação/Toyota

A organização ambiental Greenpeace acusou a Toyota de praticar greenwashing — a chamada “lavagem verde” — ao promover veículos movidos a biocombustíveis como solução de descarbonização durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30)

Segundo o Greenpeace, a montadora japonesa estaria usando o discurso ambiental de forma enganosa, ao destacar durante a conferência os biocombustíveis como alternativa climática viável. Para a organização, essa abordagem mascara o atraso da empresa na eletrificação da frota global e contraria o consenso científico de que os biocombustíveis à base de culturas agrícolas são uma “falsa solução climática”.

“Como uma das maiores montadoras do mundo, responsável por 1,5% das emissões globais, a Toyota já está ficando para trás na eletrificação de sua frota”, afirmou Mariko Shiohata, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Japão. “Ao promover uma solução falsa na cúpula climática mundial — no coração da Amazônia — a Toyota está minando os esforços globais para reduzir as emissões de carbono com rapidez suficiente para evitar uma catástrofe climática.”

 

Relatórios

Segundo pesquisa do Greenpeace Leste Asiático, analisando se a Toyota vem atingindo metas de redução de CO2 em seus veículos até 2030, constatou que os veículos elétricos a bateria da Toyota produzem apenas um terço das emissões da fase de uso ao longo da vida útil, em comparação com os modelos de combustão interna.

Os resultados mostram que mesmo as metas mais ambiciosas da Toyota para veículos elétricos a bateria (BEVs) permanecem muito abaixo do necessário para atingir a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C. 

No início deste ano, a Toyota optou por reduzir pela metade sua meta de vendas anuais para 2026, de 1,5 milhão de BEVs para 800 mil unidades – uma decisão que pode levar a um aumento de 11,7 a 22,6 milhões de toneladas métricas de emissões de CO₂ em comparação com a meta original.

Ainda de acordo com uma pesquisa trazida em pauta pela organização, publicada pela  Transport & Environment (T&E), em uma escala global, os biocombustíveis emitem, em média, 16% mais CO₂ do que os combustíveis fósseis. Até 2023, a projeção é que os biocombustíveis podem emitir 70 milhões de toneladas a mais de CO₂ por ano do que os combustíveis fósseis.

 

A Toyota

Em nota anterior, a Toyota do Brasil destacou sua presença na COP30 com foco em soluções que unem eletrificação e biocombustíveis como alternativa acessível e escalável de descarbonização. A empresa defende a estratégia de “múltiplos caminhos” rumo à neutralidade de carbono, considerando as particularidades de cada país.

De acordo com a montadora, o uso de etanol e biometano representa uma rota prática e socialmente inclusiva para reduzir emissões, gerar empregos e promover o desenvolvimento local. 

A companhia afirma que, no Brasil, veículos flex e híbridos flex já evitaram a emissão de mais de 600 milhões de toneladas de CO₂ equivalente, e ressalta que o setor de biocombustíveis emprega cerca de 3 milhões de pessoas com salários superiores à média agrícola.

“A bioenergia é uma solução acessível e viável para acelerar a transição energética. O exemplo brasileiro mostra que é possível conciliar desenvolvimento econômico, inclusão social e responsabilidade ambiental”, afirmou Rafael Chang, CEO da Toyota para a América Latina e Caribe.

 

O que é greenwashing

O termo greenwashing — ou “lavagem verde” — refere-se a estratégias de marketing em que empresas divulgam produtos como sustentáveis sem que cumpram, de fato, critérios reais de sustentabilidade. 

Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, essa prática pode induzir o consumidor ao erro e é caracterizada como publicidade enganosa, conforme o Artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor (CDC).

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