
CATL lançou a primeira bateria de sódio fabricada em massa no mundo em 2025. Foto: Divulgação/CATL.
As baterias de íon-sódio estão evoluindo de projetos de demonstração para um estágio de comercialização em larga escala a partir de 2026. E, de acordo com os especialistas reunidos no “Fórum da Cadeia da Indústria e Desenvolvimento de Padrões de Baterias de Sódio 2025”, realizado na China, na última semana, os próximos dois ou três anos serão decisivos para a consolidação dessa tecnologia no mercado, segundo reportou o site Sina Finance.
Embora tenham densidade energética inferior às baterias de íon-lítio, as baterias de sódio oferecem alta potência, desempenho superior em baixas temperaturas, maior segurança e custos mais baixos. Assim, veículos híbridos, ônibus e caminhões, máquinas de construção, equipamentos agrícolas e sistemas de energia ininterrupta (UPS) podem se beneficiar mais da tecnologia.
Isso reforça a tese de que as baterias de sódio devem atuar de forma complementar às baterias de lítio, e não como substituição direta, como defende Li Jinghong, acadêmico da Academia Chinesa de Ciências e professor da Universidade de Tsinghua. Assim, a nova tecnologia ocuparia nichos estratégicos, em que o custo e a robustez são mais relevantes que a densidade energética.
No Fórum realizado na China, os participantes ressaltaram que a indústria deixou de lado as expectativas de “disrupção de preços” após os picos do lítio em 2021 e passou a adotar um modelo voltado para criação de valor. O foco atual está em ampliar a escala, reduzir custos, melhorar a densidade energética e alinhar os produtos às necessidades específicas de mercado.
Assim, os especialistas concordaram que 2026 deve marcar o início das aplicações comerciais em grande escala, quando o valor de negócio ficará mais evidente.
Produção em massa
Empresas como a CATL já deram os primeiros passos para produção em escala. Em abril, a companhia lançou a primeira bateria de sódio fabricada em massa no mundo, com densidade de 175 Wh/kg, suficiente para garantir até 500 km de autonomia em veículos elétricos.
A estimativa é que o custo de produção das baterias de sódio possa se comparar ao das baterias de lítio-ferro-fosfato (LFP) em três anos. Além disso, os sistemas já alcançam 10 mil ciclos de vida útil e operam de forma estável entre –40°C e 45°C, reforçando sua viabilidade prática.
Enquanto isso, a China também avança para padronizar a tecnologia. Dois padrões nacionais de baterias de sódio já foram publicados, com outros 11 em desenvolvimento, além de quatro normas internacionais desenvolvidas pelo país. A padronização garante segurança operacional, além de pioneirismo tecnológico sobre o tema.
Assim, o ano de 2026 pode ser o ano da virada das baterias de sódio. O avanço dependerá da combinação de redução de custos, aumento da densidade energética e exploração de nichos estratégicos.

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.