
Líderes da indústria automotiva se reúnem com Ursula von der Leyen. Foto: Divulgação/ACEA.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reforçou que o futuro da indústria automotiva da União Europeia é elétrico, reafirmando o compromisso do bloco de países em eliminar gradualmente os carros a combustão até 2035, apesar da pressão de parte das montadoras. O anúncio aconteceu durante um encontro com líderes Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA), em 12 de setembro de 2025, em Bruxelas.
Segundo Von der Leyen, o prazo é inegociável. “A Europa seguirá firme. A meta de 2035 não é apenas política ambiental, é uma estratégia industrial”, disse. De acordo com a mandatária, isso cria certeza regulatória, algo muito valioso para fabricantes, fornecedores, investidores e startups do setor elétrico.
A Comissão Europeia adiantou que vai abrir em 2025 a revisão das regras de emissões de CO2, um ano antes do previsto. Entre as propostas em debate está a criação de uma categoria regulatória específica para carros elétricos compactos, que poderiam ter benefícios fiscais e créditos adicionais de CO2.
A medida busca estimular a produção de modelos acessíveis na Europa e garantir que famílias de classe média também participem da transição energética — e não apenas consumidores de veículos premium.
Racha entre montadoras
Algumas montadoras, que ainda não conseguiram cumprir suas próprias metas de eletrificação, têm pressionado os dirigentes a mudarem os prazos, além de pedirem flexibilidade nas regras para incluir veículos híbridos, extensores de autonomia, hidrogênio e combustíveis sintéticos, entre outras soluções.
No entanto, os pedidos são vistos como uma forma de driblar as restrições propostas, uma vez que as montadoras ainda dependem das vendas dos veículos a combustão.
Em compensação, montadoras já avançadas na eletrificação, como Audi, Volvo e Polestar, cobram rigidez da Comissão Europeia para o cumprimento dos prazos estabelecidos.
Infraestrutura avançada
Vale destacar que a Europa já superou o marco de 1 milhão de pontos públicos de recarga, com a expansão mais rápida que as metas mínimas estabelecidas pela UE. Apesar disso, ainda há desigualdades, já que os pontos estão concentrados em áreas urbanas, deixando as áreas rurais mais atrasadas.
Já a cadeia de suprimentos para as baterias segue sendo um ponto fraco. Para a comissão, o setor deve desenvolver fontes internas, projetos de reciclagem, parcerias estratégicas e transparência para evitar a dependência de importações e a necessidade de assegurar padrões de sustentabilidade e direitos humanos ao longo de toda a cadeia de produção de baterias.

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.