Kylian Mbappé (à esq.) e o técnico Christophe Galtier, do PSG. Foto: Reprodução.
Um jogo do Campeonato Francês, no último sábado, teve desdobramentos ao longo da semana no país europeu. Mas não por causa da vitória do PSG, time de Neymar Jr., sobre o Nantes, por 3 a 0, e sim pela forma como um dos principais astros da equipe parisiense tratou um tema tão em alta na sociedade francesa: a mobilidade sustentável.
Autor de dois gols na partida, Kylian Mbappé zombou de uma pergunta feita por um repórter na entrevista coletiva após o jogo. O jornalista citou um tweet de Alain Krakovitch, diretor do TGV (Trem de Alta Velocidade), da Société Nationale des Chemins de Fer (SNCF), empresa do setor ferroviário francês, no qual sugeria ao elenco do PSG usar a malha ferroviária do país, em vez de um avião fretado.
Paris-Nantes est en moins de 2 heures en @TGVINOUI. @PSG_inside, je re-re-renouvelle notre proposition d’offre #TGV adaptée à vos besoins spécifiques, pour nos intérêts communs : sécurité, rapidité, services et eco mobilité https://t.co/FJCW6M7Mwe
“Paris-Nantes em menos de 2 horas, PSG. Renovo a nossa proposta de oferta adaptada às suas necessidades específicas, para os nossos interesses comuns: segurança, rapidez, serviços e eco-mobilidade”, publicou Krakovitch em sua conta no Twitter.
Ao ouvir o comentário do jornalista na sala de imprensa, com a citação do tweet, Mbappé caiu na gargalhada, zombando do tema levantado na entrevista coletiva. O técnico do PSG, Christophe Galtier, seguiu a mesma linha, e disse, em tom irônico: “Hoje de manhã falamos com a empresa que organiza nossas viagens, e estamos vendo a possibilidade de viajarmos em carros movidos a vento”.
A reação da dupla do PSG causou indignação na classe política francesa e nas redes sociais. “Eu acho que é importante que eles entendam em que mundo estamos. Que eles tomem consciência que existe uma crise climática, que não é mais uma hipótese para amanhã, mas uma realidade hoje”, disse a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, em evento em Paris, nesta semana.
Transição energética
A principal patrocinadora do PSG é a companhia aérea Qatar Airways, que banca as viagens da equipe ao longo do ano. Por questões contratuais, o time sempre registra as viagens da equipe nas aeronaves da companhia nas redes sociais. E não foi diferente neste último fim de semana.
A polêmica se dá agora por causa da indignação do diretor do TGV. A França, como o restante da União Europeia, está engajada em encontrar formas sustentáveis de diminuir a emissão de carbono na atmosfera. E há políticas de incentivo para a população utilizar trens em vez de aviões em deslocamentos dentro do país.
“É certo que a eficiência energética dos veículos e a substituição dos combustíveis fósseis por energias sustentáveis estão progredindo. O carro elétrico está aqui, mas nunca conseguirá resolver todos os problemas ligados à mobilidade, como os congestionamentos. A solução passa, portanto, pela transferência de modal: a transição do transporte rodoviário ou aéreo para o ferroviário. Viajar de TGV significa emitir 50 vezes menos CO2 do que de carro e 80 vezes menos do que de avião”, publicou Krakovitch, nas redes sociais.
O trem de alta velocidade francês completa 41 anos de existência neste mês de setembro, e tem trabalhado para economizar energia, com novo design aerodinâmico, para aumentar a eficiência, e novos motores, híbridos (elétrico e diesel). Em 2023, devem entrar em operação locomotivas com maior participação elétrica no trem de força e biocombustíveis.
Messi também recebe críticas
Outro jogador do PSG a sofrer com as críticas é o argentino Lionel Messi. Na última semana, o grupo Attac (Association pour la Taxation des Transactions pour l’Action Citoyenne), ONG que atua no financiamento de projetos ecológicos e sociais, fez um levantamento no qual criticou as viagens aéreas particulares do argentino.
Segundo a entidade, de junho a agosto, Messi teria feito 52 voos com seu jato particular, totalizando 1.502 toneladas de emissões de CO2. A ONG afirma que toda essa poluição é o que um único francês seria responsável por gerar em 150 anos de vida.
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter, redator e editor em veículos de comunicação de grande circulação, como Grupo Folha, Grupo RAC e emissoras de TV e rádio. Acompanha o setor de veículos elétricos e outras energias renováveis para o desenvolvimento sustentável.
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